Capítulo 23 - - Um novo dia

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Os meus olhos abrem-se e vejo o meu aconchegante quarto num fundo pouco iluminado devido á minha persiana que só deixa pequenos raios de luz escapar pelas suas fendas. Os meus olhos ainda um pouco desfocados chocam com a luz vermelha do meu relógio que me informam que são 9:30 da manhã. Uma sensação estranha como que não devia de estar aqui surge no meu pensamento, mas logo a minha mente distrai-se. Uma pequena dor surge e a minha mão é automaticamente levada á sua origem. Quando os meus dedos lhe tocam sinto um penso entre os meus cabelos e mecanicamente a minha mente começa a bombardear-me com várias passagens da noite passada. Eu retiro a manta preta sobre mim e vejo-me intacta sem mais nenhuma ferida. O meu peito sossega. Por estranho que possa parecer eu não me sinto triste com o que aconteceu na noite passada. O meu peito reergue-se ao saber que dei luta e consegui evitar aquele ser nojento. Eu não sou mais uma criança nas mãos de um homem! Já não sou m ais indefesa e isso deixa uma boa sensação em mim. Quando desço do meu glorioso trono, algo me faz perder nos meus pensamentos. Eu não me recordo como cheguei ao meu quarto nem quem tratou da minha ferida. Provavelmente foi os meus amigos, eu sei que alguém cuidou de mim e chamou um médico. Eu respiro fundo com um sorriso no rosto e abro a minha persiana. A luz entra pelo meu quarto e o meu peito ilumina-se combatendo a solidão. Observo o meu horizonte e encontro aquela montanha que tanto me cativa pela sua robustez e pela sua cor verde. Eu olho para o meu lado esquerdo e vejo aquela pequena ponte de pedra que chama por mim. Para apagar as marcas da noite passada, desloco-me á minha casa de banho e retiro as minhas roupas que me trazem um cheiro familiar. Foi o seu dono que de mim cuidou. Desafio a minha mente para o descobrir. Depois do duche visto umas leggins azuis escuras e uma peluda camisola branca. Quando os meus olhos pousam no meu puf deparo-me com as minhas coisas que tinham ficado no bar. Deste modo posso concluir que um dos meus amigos cuidou de mim. Admito que fico um pouco mais sossegada. Eu pego no meu telemóvel da minha mala e vejo inúmeras mensagens do Thomas. Eu seleciono todas, sem as abrir, friamente as apago. Depois vejo algumas mensagens e chamadas de Denie, Joker e Johnny. Eu abro-as e todas dizem o quanto estão preocupados comigo. Se não foram eles que cuidaram de mim então quem foi? O meu peito aperta com a confusão. Eu começo a procurar mas minhas memórias e não tenho nenhuma recordação, além de ver um médico a cuidar de mim, após a batida com a minha cabeça.

A verdade é que alguém cuidou de mim e impediu aquele verme de me tocar outra vez porque o meu corpo está intacto. Eu sei que a minha mente vai trazer-me a verdade quando ela ficar mais clara. O meu peito e toda eu anseia que fosse Diego mas a minha mente viu e ouviu o Thomas quando o medo corria de uma forma destrutiva dentro de mim. Suspiro. Eu pego no meu caderno, numa caneta e saio do meu quarto. A casa está intacta e a minha mente recorda-me que minha mãe só volta no domingo á noite. No intuito de calar o meu estômago, pego numa peça de fruta e caminho em direção ao ribeiro. Quando os meus olhos o vêm de perto, o seu cheiro puro e familiar enche ainda mais o meu peito de boas sensações. Um sorriso rasgado cobre o meu rosto e os meus olhos observam o reflexo do sol na água corrente. Eu descalço os meus sapatos e coloco os meus pés na erva fria e verde que rodeia o ribeiro. A saborear cada momento caminho sobre a ponte. Os meus pés sentem a pedra fria e rugosa, sento-me sobre a ponte e depois mergulho os meus pés na água fria. O sol quente é acompanhado por uma fresca brisa que toca o meu rosto enquanto a água fria arrefece os meus pés. Eu pouso o meu telemóvel e o meu caderno na ponte e, simplesmente, fecho os olhos. Deixo-me entre as diferentes sensações que o meu corpo me transmite. A minha audição vai trazendo o cantar de diversos pássaros que para mim têm a melhor música que poderia estar a entrar pelo meu ouvido. Se eu pudesse vivia aqui entre a natureza que eu tanto venero. Com os meus pés a ficarem demasiado frios, eu abro os meus olhos e retiro-os da água deixando-os apenas pendurados e a baloiçar. Eu pego no meu caderno, deslizo os meus dedos pelas dezenas de poemas escritos nas diversas páginas. Estes são acompanhados pelos riscos da raiva, isto é, pelas livres palavras que não se comprometiam com os meus versos por isso, os eliminei. Alguns são uma autêntica confusão. Continuo a folhear o meu caderno até encontrar uma folha branca onde possa deixar os meus pensamentos fluir.

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora