Já se passaram dias e aquelas mensagens do Diego misturadas com as palavras fortes de Thomas não saem da minha cabeça. Eu só quero organizar os meus pensamentos e ser eu neste mundo e só eu, talvez. Que confusão! Assim, para me afastar da pressão que odeio, decidi afastar-me de ambos. Todos os dias de manhã olho o meu telemóvel e sempre surge uma mensagem de bom dia de Diego, retribuo mas não envolvo muito a conversa. A última mensagem que Thomas me enviou foi daquela noite. Ele desapareceu do meu mundo deixando uma marca nele que me faz querer preenche-la, odeio-me por me sentir assim. Como sempre preparo-me e vou para a escola, mais um dia. Quando chego lá vou sempre ao mesmo sítio e lá estão elas á minha espera, aproximo-me e sento-me enquanto continuam a conversa.
- Acredita, Ana, estou mesmo apaixonada! - exclama com uma alegria espantosa.
- Vera, acalma-te. Eu acredito em ti e espero que seja desta, amiga. - sorriu-lhe. - Bom dia Lisie, nem demos por ti a chegar. – o barulho da minha mochila a pousar no chão captou a atenção delas.
- Com tanta emoção pela manhã é normal. De que estão a falar?
- Do Thomas. - responde Ana e Vera ao mesmo tempo como se tivessem combinado.
- Lisie, estavas enganada! O Thomas é especial e tão romântico. - quase se derrete antes de terminar a frase. - Ele todas as manhãs envia-me uma mensagem de bom dia super fofinha.
- A sério? - exclama Ana quase se derretendo juntamente com a curiosidade, Vera pega no telemóvel e mostra com alegria a mensagem.
Eu não consigo negar que me incomoda porque estou a sentir um aperto no peito. Para, Elizabeth! Que pensamento errado! Só estás parva e confusa! Olho para o campo enquanto oiço a leitura de Vera com muita emoção, algo sossega meu peito, a ausência de poesia. Se eu pudesse espancar o meu peito, eu amolgá-lo-ia.
- Está quase na hora de tocar, vamos para a sala. - ponho-me a pé e elas seguem-me enquanto a conversa nos persegue e o ódio de mim mesma envolve-me.
Eu, simplesmente, vou calada ouvindo a conversa sobre ele enquanto tento evitar as feridas que se abrem no meu peito. Que feridas? Para de exagerar, Elizabeth!
- Vera, quando vais ter com ele? Ou já estiveste? - questiona Ana com uma curiosidade enorme e sinto um aperto no peito devido á demora da sua resposta.
Que tédio querer ouvir uma resposta negativa. Desculpa-me, Vera, por estes pensamentos independentes que me torturam com a consciência.
- Ainda não. Mas já combinamos nos encontrar no Domingo. - o meu peito suspira, aperta de novo e é torturado outra vez.
O que estou a fazer?! Eu tenho de parar com isto imediatamente!
- Meninas, vou á casa de banho, já volto. - tento afastar-me para que possa voltar a ter o controlo sobre a tempestade que viagem em mim.
- Olha que é história e já sabes como é a professora. Até já. - aceno com a cabeça e corro, só quero ficar longe do que me descontrola.
Quando chego, felizmente, a casa de banho está vazia. Eu olho-me ao espelho e nem sei o que vejo! O que estou a fazer á minha vida?! "Somos parecidos numa amizade alienada onde a culpa não pode ser pesada", digo as suas palavras mentalmente enquanto afirmo com a cabeça. Correto é aquele que pensa errado e age certo. Eu só preciso de ignorar os pensamentos errados e ser eu mesma. Eu abro a torneira, observo a água a cair e com as minhas mãos lavo a minha cara, como se estivesse a lavar a minha consciência. Eu volto a olhar-me no espelho enquanto renovo a minha coragem. O segundo toque da campainha faz-me correr para a aula, aquela professora é insuportável logo, não quero despertar o seu mau feitio. Afortunadamente, cheguei a tempo antes de ouvir aquela voz enervante que odeia atrasos. Sento-me no meu lugar tentando evitar a realidade quando vejo o rosto de Vera.
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BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]
RomanceTEM AUDIOBOOK E ESTÁ CONCLUIDO Ser abusada deixa traumas para a vida! Apaixonada pelo lutador de boxe mas não pode se relacionar sexualmente devido ao seu trauma. Elizabeth Carter ou Lisie é uma menina simples com uma vida normalíssima mas com um p...