Capítulo 33- O primeiro encontro físico parte 2

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Já passou quase uma hora e cada minuto somado faz o meu peito apertar de uma forma diferente. Eu preciso de clarear os meus pensamentos e saber afinal quem domina no meu peito, Thomas ou Diego. Neste momento uma parte de mim foi destruída em cinzas por ter deixado o Diego naquela suite. Eu não sou capaz de me entregar a ele sem que o meu coração lhe pertença por inteiro e sem que a minha mente me faça pensar em Thomas quando estou com ele. Quando eu me entregar a Diego quero que os meus pensamentos sejam dele e só dele. Deixei os sentimentos dele e os meus fluírem e talvez tenha sido um erro enorme. A sua declaração foi tão boa para mim mas, o facto de eu não ser totalmente sua fez-me sair daquele lugar. Quando sai daquela suite o meu objetivo era ser inteiramente do Diego para esclarecer os meus sentimentos, agora, após saber que Vera mentiu, tudo muda. Não quero largar a parte de mim que pertence a Thomas. Que confusão! Uma coisa eu tenho a certeza, eu irei perder um deles ou até os dois. Como vim parar aqui? A caneca entre as minhas mãos toca os meus lábios e o sabor do café envolve toda a minha boca fazendo o sabor de Diego desaparecer. A tristeza surge no meu olhar mas, a ansiedade de clarear os meus sentimentos faz-me manter firme. Talvez após vê-lo consiga clarear todos estes sentimentos e perceber o meu confuso coração. Após algum tempo numa espera mortificante, a minha esperança larga o meu corpo, desloco-me ao balcão e vejo uma adorável senhora á qual pago o meu café e umas bolachas caseiras deliciosas. Eu desisto! Caminho para a porta de saída e atrás da mesma que é transparente observo uma figura que vira-me as costas quando os meus olhos o alcançam. Estranhamente, eu sei e sinto que é ele. Corro, abro a porta enquanto os seus passos contrariam os meus e distancia-se de mim. É ele! A rua que ele pisa está entre dois prédios enormes logo, o sol que ainda agora despertou ainda não subir o suficiente para a clarear. Encoberto pela escuridão, apenas me é permitido ver uma figura com calças de cor azul-marinho e um largo casaco cinzento que cobre o meu corpo e a sua cabeça com o seu capuz. O meu peito acelera com a imaginação do seu rosto surgir com o destapar da sua cabeça, vê-lo pela primeira vez. A cobardia que o faz se distanciar de mim magoa o meu peito, aquele que só quer estar perto de si.

- Thomas. - aquele ser para o seu corpo e consigo ver o seu nariz devido ao virar do seu rosto. – Eu sei que és tu! – elevo o tom.

Eu estou a passos de si e a minha vontade é correr na sua direção, retirar aquele capuz e saber o que sinto. Eu dou um passo em frente e o seu corpo aumenta, outra vez, a distância entre nós. Porque foges de mim?

- Por favor, deixa-me ver-te. – o vento choca com o meu rosto e os meus cabelos ondulam com a sua melodia. – Por favor. – imploro.

Vento, sopra mais forte para que aquele capuz saia da sua cabeça. Sopras fracamente. Só me restas tu, sol, por favor, entra nesta rua ainda envolvida pela escuridão e mostram-me o seu rosto para mim.

- Ty. – apelo por si já que o sol e o vento me abandonaram.

O seu rosto encoberto pela escuridão vira-se para a frente e o seu corpo começa a correr pela rua ficando cada vez mais longínquo. As lágrimas começam a deslizar pelo meu rosto sem eu as conseguir segurar. Eu não tenho coragem do seguir logo, fico parada lutando para não cair de joelhos sobre a rua. Eu fico a observa-lo a diminuir ao horizonte. Ele entra num carro preto no fim da rua. Quem és tu, Thomas? Rapidamente pego no meu telemóvel e com as mãos tremulas ligo-lhe:

- Porque fugiste, Thomas? Porquê? – oiço o seu respirar.

- Eu não fugi, ainda estou a caminho. – ele fala num tom atrapalhado e a sua voz dá-me a sensação que se encontra entristecida.

- Não me mintas! – grito. – Eu sei que eras tu! – as lágrimas surgem nos meus olhos.

- Desculpa, Ly, mas eu não consegui, eu amo o que temos.

- Eu preciso de mais, Thomas! – digo com as lágrimas no rosto.

- O meu corpo não mudará o que sentes por mim. Eu sei que um dia quando nos virmos perderei tudo o que tenho contigo! Os nossos poemas, a nossa ilha, a nossa ligação mágica. Eu não consegui desistir de tudo, Ly.

- Eu já desisti. – desligo e limpo aquela que se enganou e escorreu pelo meu rosto.

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- Amiga, ainda não soltaste uma palavra. Por favor, diz-me o que se passou.

Eu sinto as suas mãos a mexer em meus cabelos enquanto eu descanso a minha cabeça no seu ombro. A vontade de chorar é muita, mas eu seguro-me imenso para não mostrar parte fraca. Eu sei que não preciso de usar a minha capa com Denie, prefiro não mostrar a minha dor. As lágrimas picam os meus olhos, engulo em seco segurando a mágoa do meu peito. As palavras não saem da minha boca e passo o resto da viagem no silêncio dos meus pensamentos. O carro para e quando olho pela janela vejo a minha humilde casa. Um pequeno fio de alegria sobe pelo meu peito enquanto a avassaladora tristeza não a deixa reinar por muito tempo. Eu descolo a minha cabeça do seu ombro e retiro as minhas mãos que estavam entre as minhas pernas.

- Chegamos, menina. – oiço a voz grave do motorista de Denie.

Eu abro a porta e a luz do dia choca com os meus olhos. Quase sem forças, saio do carro e a minha pele sente o calor dos raios solares a aquecer o meu triste rosto. Respiro fundo e quando dou por mim tenho o rosto de Denie á frente do meu. Eu pego na sua mão e um sorriso sai do meu rosto triste e cansado.

- Não tens de agradecer, sabes que eu faço tudo por ti, amiga. – sorri e o carinho do seu olhar ameniza um pouco a minha dor. – Quando tiveres preparada para falar sabes qual é o meu número. – esfrega a minha mão e entra na porta da qual eu saí. – Estarei sempre aqui para ti, Lisie. – dá um enorme sorriso e fecha a porta.

As palavras continuamtrancadas na minha boca enquanto o ligeiro sorriso continua no meu rosto. Aminha mão acena substituindo as minhas palavras de despedida. Eu fecho os olhose, a minha pele aquecida, acalora a tristeza no meu peito, combate-a. Euabro-os e, lentamente, caminho para a minha porta de casa. Depois procuroapenas com as mãos as chaves na minha mala, encontro-a através do toque do seumetal frio com os meus dedos. Quando dou por mim estou já á porta com as chavesentre os meus dedos e a palma da minha mão. Os meus pés chocam com algo que mefaz desequilibrar. Eu olho para baixo e vejo o saco que deixei no hotel em cimado tapete da minha porta. Diego, suspiro. Seguidamente, pego o saco com uma mãoe com a outra enfio a chave, rodo-a e oiço o destranque da porta. À medida quea abro, o cheiro do meu lar entra em mim e tranquiliza um pouco o meu peito.Suspiro. Coloco os meus pés dentro desta, que já me tranquiliza, e desloco-mepara o meu quarto. Rapidamente, sinto-me na minha zona de conforto, como seestivesse a ser abraçada e mimada. Os meus olhos assentam neste saco que invadea minha mente com memórias. Diego, perdoa-me. O que fui eu fazer?Automaticamente e perdida nos meus pensamentos, pouso o meu saco e a minha malaem cima da cama enquanto observo o meu grande relógio, já é meio-dia. A minhatristeza não me deixa sentir fome, dispenso o almoço. Depois observo outra vez omeu saco e lentamente aproximo-me dele. As imagens da noite com o Diego invadema minha cabeça assim como a falta do seu cheiro, da sua pele... Rapidamenteabro-o e o meu vestido vermelho aparece cuidadosamente dobrado. Eu retiro-o comcuidado e, por debaixo dele, surge a camisa de dormir assim com a lingerie que usei na noite passada.Automaticamente, pego-a e o toque do seu tecido é leve e suave. O cheiro da suite enche o meu peito e este vaziodentro de mim. Um sentimento de saudade misturado com angústia surge no meupeito. Eu afasto-a do meu nariz e pouso-a ao lado do vestido e da lingerie. Eu viro, novamente, o meurosto para o saco e o meu coração salta no meu peito. Cuidadosamente dobrado, orobe branco e um nó delicado com o cordão que tapou os meus olhos. Aquelaimagem surge na minha cabeça e um sorriso surge no meu rosto sem eu contar.Deste modo, pego-o e o cheiro dele arrepia o meu corpo. Repetidamente, deparocom uma folha que se sobressai da sua gola. Cuidadosamente, eu retiro-a epouso o robe á beira das outras peças de roupa. Assim, eu abro a folha e o meuqueixo cai com as primeiras palavras assim como o meu corpo sobre a cama.


"Minha Icegirl,"  

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora