Capítulo 44 - Uma ex-amiga

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- Olá, Lisie. – eu engulo em seco, engulo o choque.

Automaticamente, os meus olhos se desviam e observo Denie com o seu olhar fechado pronta a explodir. Repentinamente, eles beijam-se á nossa frente e nós os três ficamos a olhar uns para os outros. Quando os meus olhos encontram os de Denie, eu faço-lhe um sinal que está tudo bem, eu não quero estragar a felicidade de Johnny.

- Eu vou ao bar, já volto. – viro costas e saio daquele ambiente pesado.

Hoje o bar está cheio e, para chegar á tradicional água, que necessito, está a demorar tanto tempo. Suspiro. Enquanto caminho entre as pessoas a minha mente atraiçoa-me com as lembranças da dança que fiz para Diego. Daquele sentimento forte que senti quando vi aqueles olhos verdes ao retirar a minha venda. Eu sou um pouco tímida e aquela música contemporânea fez-me mostrar-lhe tudo o que sinto por ele. Eu não sou boa com palavras mas sim com gestos, é mais fácil mostrar do que falar o que sinto. O meu corpo dançava tão perfeitamente junto do dele, o seu nariz encostado ao meu, as suas mãos na minha cintura, aquela conexão entre os dois que me deixa as famosas "borboletas" na barriga.

- Lisie?- não reconheço a voz devido á mistura com a música, sinto uma mão no meu braço a ajudar-me a sair da confusão.

Eu sei que não é o Diego, o quanto eu desejava que fosse. Quando viro o meu rosto deparo com o Dj.

- Olá, desculpa mas, não te conseguia ouvir no meio daquela confusão. – justifico a minha demora.

- Como foi a estadia no hotel do meu pai? – questiona enquanto eu observo o seu look diferente com boné para trás. – Gostaram?

- Foi espetacular. – falo com todo o deslumbramento por aquele lugar.

- Ainda bem que gostaram. – sorri.

– Posso fazer-te uma pergunta? – ele afirma com a cabeça. - Diz-me uma coisa, o que faz um homem com uma família rica, a trabalhar neste bar? – tento compreender um pouco as pessoas ricas como Ty, quer dizer Thomas Mitchell.

- Objetivos de vida, eu sei que um dia herdarei toda a fortuna dos meus pais e tudo será meu. Mas, quando os tesouros da vida são dados, não têm o mesmo sabor daqueles que somos nós a conquistar com nosso esforço e trabalho. Eu gosto de trabalhar aqui, eu amo ver as pessoas a moverem-se á batida da minha música. – vejo a paixão no seu olhar.

- Posso fazer-te mais uma pergunta? Mas por favor, só respondes se quiseres. – digo para não ser demasiado intrometida, ele confirma novamente com a cabeça. – Se conhecesses uma mulher, apresentavas-te com o teu apelido ou sem ele? – as palavras saem da minha boca e fazem os seus olhos espantarem-se.

- Sinceramente, se tivesse oportunidade que as pessoas gostassem de mim, sem o meu apelido Ocean, eu esconderia. Ás vezes sinto que o meu apelido é o meu rótulo e as pessoas só me apreciam por ele. Sinto que não vêm o meu interior por detrás dele. – as suas palavras saem de uma forma da sua boca, transparecendo o sofrimento que é carregar um pesado apelido. – Se eu quiser uma mulher para uma noite, uso o meu apelido. Mas, se quiser que ela não me deseje através do meu rótulo, eu ocultaria. É difícil descobrir quem gosta de nós de verdade. – suspira como se já estivesse sofrido vários desgostos.

- Obrigado. – eu sorrio e ele pisca o olho como se dissesse "de nada".

- Lisie, é verdade! Eu coloquei na parede das vivências uma foto tua com o Diego. Passa por lá, está perfeita. – o meu olhar abre-se assim como a minha boca.

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora