Capítulo 98 - Da tua amada...

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Abro os olhos com todo o meu corpo a trabalhar a mil devido ao estrondo que os meus ouvidos captaram, estremeço. Sento-me em cima da cama e os meus olhos pestanejam quando vejo o Peter a apanhar a tampa da panela do chão. Ele está vestido com a mesma t-shirt vermelha e na parte de baixo tem uns calções de malha, simples e de cor preta. É estranho ver o Peter sem ser de camisa e roupa clássica. Quando ele se levanta olha na minha direção e vê-me a observa-lo.

- Desculpa, não te queria acordar. – sorri e volta a concentrar-se na comida que está a preparar.

- Não tem mal. – levanto-me, puxo a roupa da cama para trás para arejar e caminho descalça na sua direção. – Estás a fazer o almoço? – sento-me na mesa pequena de madeira escura que está atrás dele.

-Lisie, olha lá para fora.

Quando viro o meu rosto para o lado vejo através da janela pequena de aro branco o sol a esconder-se no horizonte. Eu...

- Não acredito! – Peter vira-se logo para mim assustado.

- O que foi? – vejo o seu rosto espantado.

- Eu dormi o dia todo! Odeio dormir o dia todo! Porque não me acordaste? – questiono indignada.

Perdi um dia de vida!

- Porque estavas a dormir bem e não te quis acordar. – olho o seu mar azul e volto a olhar para o sol que quase que fugiu.

- Eu odeio quando isto me acontece. – levanto-me e sento-me no sofá.

- Porquê? – ele pergunta enquanto mexe a comida com uma colher de pau.

- Porque sinto que perdi um dia de vida. – explico.

- Perdeste o dia mas não perdeste a noite. – as suas palavras têm sentido mas não alivia o que sinto.

- A que horas vais trabalhar? – questiono.

- Daqui a duas horas, às nove.

- Eu não te quero incomodar mais, mas quando puderes podes levar-me a casa?

- Sim, posso, mas com uma condição. – olha para trás com a colher na mão e mesmo assim continua sexy, olho-o curiosa. – Ficas comigo até eu ir trabalhar. – sorrio afirmando com a cabeça, é o mínimo que eu posso fazer para lhe agradecer.

Eu não quero incomoda-lo mais e tendo em conta tudo que ele tem feito por mim, eu não posso negar fazer-lhe companhia até ele ir trabalhar.

Algum tempo depois...

- Tens a certeza que não queres ir até ao bar? – questiona estacionando o carro em frente da minha casa livre de jornalistas.

- Desculpa mas a ultima coisa que eu quero é encontrar jornalistas. – observo as suas mãos delicadamente pousadas no volante e quando os meus olhos sobem reparo que ele gostava muito que eu fosse, vi-o na deceção no seu rosto. – Obrigado por tudo, pela estadia em tua casa, pelo hotel, pelo jantar e, principalmente, pela tua amizade. – dou-lhe um abraço forte e deixo-lhe um beijo no rosto.

- De nada, pequena. Sempre às ordens. – abre um sorriso lindíssimo que aquece o meu coração magro de tristeza.

Abro a porta do carro, pego no meu casaco e na minha mala, levanto-me, fecho a porta e começo a caminhar em direção á porta de minha casa.

- Lisie. – olho para trás e vejo o seu rosto perfeitamente desenhado dentro do carro. – Continuo disponível. – pisca-me o olho e arranca.

BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]Onde histórias criam vida. Descubra agora