BETWEEN I - entre corpo e voz [Português De Portugal]

Capítulo 97 - Conforto no sofrimento alheio

(peço desculpa se tiver algum erro) BOA LEITURA <3

- Já estamos bem longe. – as palavras de Peter fazem-me acordar.

Eu descolo o meu corpo do dele e sinto as bochechas a aquecer. Tento esconder a minha timidez.

- Obrigado. – declaro enquanto coloco as mãos nos bolsos do casaco preto.

- Não tens de quê. – olho para ele, sorrio e depois volto a olhar em frente. – Tens fome?

- N... - a imagens do meu corpo esquelético e as palavras de Denie vêm á minha cabeça. – Sim.

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Durante o pequeno trajeto fomos o tempo quase todo em silêncio. Eu não sei porquê mas, eu sinto que estou a trair o Diego por estar aqui. Eu sei que ele ficaria destroçado só em saber que estou com ele quanto mais em saber que estive abraçada a ele enquanto fingíamos que éramos um casal. Carrego um sentimento de culpa neste peito saudoso.

- Lisie! – oiço o senhor António todo contente por me ver.

Ele está dentro da sua roulotte, entrega dois gelados a dois clientes que quando passam por mim olha-me de lado. O sorriso gigante do senhor António diz-me o quanto está feliz, a sua alegria é contagiante porque fez com que os meus lábios se esticassem num sorriso fechado.

- Que bom vê-lo, senhor António. – sorrio enquanto paramos bem na sua frente.

Depois reparo numas cores berrantes e noto que é um grande placar a dizer: "Novidade! Novos cachorros do senhor António".

– Estou a ver que o negócio está a crescer! – acabo de ler as ofertas dos cachorros e coloco os olhos no grande sorriso do senhor António.

- E nem imaginas o quanto! Então quando eu disse que te conhecia, aí é que ganhei novos clientes. Eu até coloquei o teu nome num gelado! – olho-o espantada observando o placar do novo gelado com o nome "Lisie". – Eu sabia que eras uma menina especial! Mas hoje estás um pouco esquisita. – reparo no olhar repreendedor de Peter para ele.

- Continuo a mesma. – sorrio. - Agora tem cachorros. - observo novamente o placar de publicidade e desvio o assunto.

- Estão a vender tão bem quanto os meus gelados. Sabes, querida Lisie, pelo menos a minha vida corre melhor do que a desse menino ai.

- A minha? – questiona Peter indignado e eu começo a rir porque já sei o que aí vem.

- Eu fiquei tão feliz quando vi que eras tu. Nem te conto as raparigas que este tem trazido! Algumas eram um pouco parecidas contigo mas com cada personalidade! – começo já a sorrir da sua expressão engraçada. - "Ai! Quantas calorias tem o gelado" – faz voz de menina. – Quem pensa em calorias quando vai comer um gelado? – o seu jeito engraçado faz-me rir ás gargalhadas.

- Eih! – Peter tenta defender-se mas calar o senhor António é difícil.

Parecidas comigo? Porquê raparigas parecidas comigo? Há raparigas parecidas comigo? Fico um tempo a pensar nisso enquanto Peter fala com ele tentando para-lo.

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Enquanto o senhor António preparava os nossos cachorros ficamos uns longos minutos a conversa com ele sobre o seu negócio e as ideias novas que ele tem em mente. Depois entrega-nos os dois cachorros e após uma discussão imensa entre mim e o Peter sobre quem paga, o senhor António acabou por oferece-los. Depois de eu e o Peter discutirmos mais um pouco porque não aceitávamos que o senhor António os oferecesse. Por fim, acabamos por deixar o dinheiro de quatro cachorros em cima do pequeno balcão.