Breno se sentou na ponta da cama enquanto tentava despertar seu corpo.
- Não tá cedo ainda, amor?- Letícia, namorada de Breno, perguntou se espreguiçando.
- Não, tá na hora de levantar já- ele bocejou e se levantou- Se quiser pode dormir mais um pouco, vou passar um café e tomar um banho.
- Vou dormir mais cinco minutinhos. Me acorda quando sair do banho- a mulher loira pediu e pôs a coberta no rosto voltando a dormir.
Breno foi para o banheiro e tomou um banho frio para despertar. Fez sua higiene e voltou para o quarto com a toalha na cintura.
- Let, acorda- ele deu um beijo no rosto dela e e se afastou a observando se levantar com o rosto sonolento.
- Não deveríamos ter ficado até tarde lá na minha mãe- ela comentou e ouviu a risadinha do namorado.
Os dois começaram a se arrumar e foram para a cozinha tomar café.
- Vai passar na escola?- a loira perguntou logo após tomar um gole de seu café.
- Você sabe que eu faço isso todos os dias- ele a olhou.
- Breno, você é sócio de uma empresa de arquitetura super bem sucedida, não sei o que ainda quer com aquela escola- a mulher revirou os olhos.
- Aquela escola é parte minha também, e você sabe muito bem que eu adoro as crianças- ele respirou fundo para não brigar com Letícia.
- Você não vai começar de novo com essa história de filhos, né?
Breno e Letícia estavam juntos há um total de cinco anos, mas nunca haviam feito planos para casamento e filhos era algo que a mulher não cogitava de forma alguma.
- Eu não vou discutir com você- ele tomou o último gole de seu café e se levantou largando a xícara na pia- Te espero no carro.
Breno foi para a garagem e entrou em seu carro. Poucos minutos depois Letícia entrou do lado do passageiro e então eles foram, em silêncio, até a empresa em que ela trabalhava.
- Amor, desculpa, vai? Não quero ficar nesse clima com você- ela pediu olhando para ele.
Breno conhecia a namorada e sabia que aquelas desculpa significavam "não me arrependo do que falei, mas não quero climão".
- Tudo bem- ele deu um sorriso fraco- Bom trabalho!
A mulher se inclinou dando um selinho nos lábios dele e saiu do carro. Breno partiu para a escola que tinha em sociedade com a sua mãe. Ele desceu do carro e sorriu ao ver aquele tanto de crianças e adolescentes entrando no lugar.
- Bom dia!- ele bateu na sala de sua mãe, que era a diretora, e logo entrou.
- Bom dia, filho!- Maria Olívia sorriu para o filho.
Todos os dias o loiro aparecia por lá. Ele ia dar um beijo em sua mãe e logo partia para o local onde as séries iniciais esperavam o sinal para entrar para a sala, já que as crianças eram as preferidas dele.
- Tudo certo por aqui?- ele se sentou na cadeira em frente à mesa da mãe vendo sua feição preocupada.
- Você conhece a Jade do jardim A?- a mulher perguntou tirando os óculos de grau do rosto.
- Claro- ele deu um sorrisinho ao lembrar do quão doce a pequena era.
- As coisas estão um pouco estranhas no último mês- ela se ajeitou na cadeira- A mãe dela sempre foi toda certinha com as coisas da escola, mas agora atrasou o pagamento, demora pra vir pegar a menina, eu to realmente preocupada com o que pode estar acontecendo.
- Mas você já conversou com a Paula?- Breno conhecia muito bem a mãe da pequena Jade, já que muitas vezes eles ficavam conversando enquanto estavam esperando o sinal para a menina entrar para a sala.
- Não tive a oportunidade ainda- ela suspirou- Ela sempre sai praticamente correndo da escola depois de largar ou pegar a Jade.
- Eu vou tentar conversar com ela- ele sorriu e se levantou dando um beijo no rosto da mãe- Não fique preocupada com isso, vai ficar tudo bem.
Breno saiu da sala e foi para onde os pequenos aguardavam. Ele cumprimentou todos e, como sempre, recebeu várias investidas de mães, até mesmo casadas, mas desconversou. O loiro estava conversando com o pai de uma das crianças quando olhou para a porta e viu Paula chegar caminhando rápido enquanto segurava a mão de Jade que tentava a todo custo acompanhar os passos da mãe.
- Tá no horário ainda- ele se aproximou e falou em um tom de brincadeira.
- Desculpa por chegar assim- a voz ofegante denunciava que elas caminhavam há um bom tempo.
- Oi, pequena- ele sorriu para Jade.
A menina era idêntica à mãe, única coisa que as deixavam minimamente diferente era o tom do castanho dos olhos das duas, mas de resto, não havia nada distinto.
- Oi, Breno!- a menina sorriu olhando para o homem.
- Oi- Paula falou se dando conta de que nem havia cumprimentado o loiro.
- Olá- ele olhou nos olhos castanhos escuros da mulher fazendo ela desviar.
Jade ficou um tempinho conversando com Breno e logo foi brincar com as outras crianças.
- Você já tem que ir?- ele perguntou vendo que Paula olhava para o relógio em seu pulso constantemente.
- O senhor quer algo?- ela perguntou um pouco assustada- Se for sobre os atrasos...
- Calma- ele deu uma risadinha ao ver a forma afobada como ela falava- Primeiramente, não me chame de senhor que eu não sou tão mais velho que você- Paula sorriu timidamente ao ouvir isso- E outra, eu só queria saber se tá tudo bem.
- Mais ou menos- ela decidiu ser sincera.
- Há algo que você queira conversar?- ele pôs as mãos no bolso e se aproximou mais da mulher morena para poder falar mais baixo.
- Seria bom, mas agora eu realmente não posso- Paula mordeu o lábio inferior demonstrando sua insegurança.
- Tudo bem, mas quando você puder, saiba que eu sou todo ouvidos- Breno sorriu simpático e viu a morena retribuir.
Paula era uma mulher misteriosa e transparente ao mesmo tempo na percepção de Breno. Ao mesmo tempo que sua personalidade demonstrava um certo mistério, os seus olhos entregavam toda a verdade.
- Eu vou indo se não me atraso- ela se afastou mais dele- Até qualquer dia!
- Tchau!- ele ficou assistindo enquanto ela saia.
Tudo que o loiro sabia sobre Paula era que ela trabalhava como secretária, fazia faculdade e morava em um pequeno apartamento com sua filha, o resto ele não fazia a mínima ideia já que quando conversavam não saía muito de suas vidas pessoais, apenas coisas aleatórias que demonstravam o quando seus pensamentos combinavam.
- Breno- Jade foi até o homem e se sentou ao seu lado.
- O que foi?- ele sorriu para ela e acariciou os cabelos castanhos.
- Não briga com a mamãe por ela se atrasar pra me pegar, tá bom?- ela o olhou com aqueles grandes olhos castanhos claros.
- Eu não vou brigar com a sua mamãe, pequena!- ele sorriu impressionado com a inteligência da menina de apenas cinco anos de idade.
- Ela tenta mostrar que tá tudo bem, mas nada tá bem- ela comentou.
- Como assim?- ele perguntou intrigado.
A menina abriu a boca para começar a falar, mas foi interrompida pelo sinal.
- Eu tenho que ir. Tchau, Breno!- ela beijou a bochecha do homem e foi para dentro da sua sala.
Naquele momento a vontade que Breno estava de conversar com Paula sobre sua situação aumentou cinco vezes de tamanho.
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Take Me Home
FanfictionA vida de Paula se torna ainda mais difícil quando ela perde o emprego e acaba recebendo apoio de quem menos esperava.