Take Me Home

Capítulo 3

- Tudo que eu precisava era de um dia de folga- Letícia falou se jogando no sofá da casa de Breno.

- Preguiçosa- ele riu e se sentou na poltrona.

- Quando você vai pôr a casa à venda?- ela questionou tirando a sandália.

- Acho que vou desistir.

- Por quê? Amor, essa casa é grande demais só pra você, não precisa de tudo isso.

- Mas e se nós morarmos juntos? Aqui vai ser perfeito- ele sugeriu.

- Breno, isso vai acontecer um dia, mas só daqui há muitos anos- a mulher falou deixando o homem frustrado.

- Mas eu não quero me desfazer dela mesmo assim- ela deu de ombros ao ouvir a resposta do namorado- Quer dar um passeio?

- Onde?

- Dar um beijo na minha mãe lá na escola- ele propôs já esperando o 'não'.

- O que você tanto faz naquela escola? Tem alguém por lá?- ela perguntou em tom de brincadeira.

- Se tivesse eu não ia estar te levando- ele jogou uma almofada nela- Vamos, vai?- Breno fez uma voz infantil.

- Para com isso, tem 32 anos na cara e fica fazendo essa voz- ela falou rindo.

- Mas você aceita?

- Isso era pra ser nosso dia de folga- Letícia resmungou.

- Eu quero dar um beijo na minha mãe, aí depois a gente pode sair pra almoçar. O que acha?

- Só me ganhou por causa da comida!

Os dois se levantaram, trocaram de roupa e foram para o carro.

- Reformaram?- a mulher perguntou olhando para o lugar.

- Sim, faz tempo- ele comentou segurando a mão dela e a guiando até a sala de sua mãe.

Breno bateu na porta e não obteve resposta, então levou aquilo como um 'tá ocupada'. Poucos minutos depois a porta foi aberta e Paula saiu por ela. A morena estava um pouco mais magra do que a última vez que a vira. Seus óculos de grau não conseguiam esconder as olheiras que estavam por trás deles.

Paula olhou para o casal e passou por eles sem falar uma única palavra.

- Que educada- Letícia ironizou e eles entraram na sala de Maria Olívia- Chegamos, sogrinha!

A mulher olhou para os dois e fez uma cara de desgosto ao ver a nora. Ela se levantou e cumprimentou os dois.

- Aconteceu alguma coisa, mãe?- Breno perguntou preocupado e se sentando em frente à mulher.

- Ela quer tirar a Jade daqui- suspirou.

- Como assim?

- Ela disse que não tem como pagar por enquanto e que vai botar a menina em uma escola pública- explicou.

- Não tem nada que a gente possa fazer?- questionou.

- Por que vocês se importam tanto com uma pessoa que mal conhecem? Se ela tá assim é porque não soube administrar o próprio dinheiro- Letícia falou fazendo os dois a olharem.

Breno respirou fundo e contou até dez para não brigar com a namorada.

- O que você falou pra ela?- o loiro se virou para a mãe.

- Falei que iria segurar as pontas aqui enquanto ela se reerguia.

Eles ficaram mais um tempo conversando e logo o casal saiu da sala da diretora.

- Vamos fazer um tour pela escola?- ele falou e Letícia concordou com a cabeça.

Eles foram para todos os lugares e deixaram por último o refeitório, onde as crianças comiam. Quando Breno entrou viu que Jade estava em pé, sozinha e com uma maçã na mão.

- O que foi, pequena?- ele foi até ela- Por que tá sozinha?

- Eu terminei de comer e levantei pra fazer a digestão mais rápido- a frase dela fez até Letícia sorrir.

- Como você é inteligente- falou para a menina.

- Prazer, meu nome a Jade- a menina estendeu a mão para a mulher.

- Eu sou Letícia, namorada do Breno- ela segurou a mão de Jade encantada com a mesma.

- Não sabia que namorava, Breno- ela voltou seu olhar para o homem.

- Pois é, e você?

- Eca- ela fez cara de nojo- Meninos são nojentos- o casal riu novamente com a frase da menina.

Eles ficaram mais um tempinho com ela, mas logo o sinal bateu e as crianças entraram.

- Aquela é a Jade que sua mãe estava falando?- Letícia perguntou enquanto eles voltavam de mãos dadas para o carro.

- É ela mesma. Uma fofura, né? Eu vi que você ficou bem encantada com ela- ele olhou para a namorada.

- Demais! Primeira criança que eu gosto- ela revelou.

- Jade fez milagre- Breno brincou fazendo a loira dar um tapa em seu braço.

Ambos entraram no carro.

- Ainda não quer ter filhos?

- Jade é um amor, mas não faz tanto milagre assim.

Eles partiram para o restaurante que Breno havia prometido. Entrando lá, Letícia avistou a mesma morena que saíra da sala de Maria Olívia, sentada em uma das mesas acompanhada de um homem.

- Não tem dinheiro pra pagar a escola, mas vir em restaurante tem- ela comentou com Breno que seguiu seu olhar e viu Paula.

- Para de julgar- ele falou um pouco irritado.

Eles foram para uma mesa afastada do outro, suposto, casal e se sentaram.

- Aquele é o pai da filha dela?

- Não sei- Breno respondeu também olhando em direção ao local- Que eu saiba ela não é casada.

- Não precisa ser casada, meu amor. A gente dorme junto quase todos os dias e não é casado.

- Tem razão.

Eles ficaram comendo e conversando por um tempo e logo puderam avistar Paula e o homem misterioso se levantando da mesa. O homem deixou algumas notas de cinquenta encima da mesa e pegou a mão da morena saindo do lugar.

- Bem estranho isso, né? Ele foi frio com ela o almoço inteiro e agora saem juntinhos. Será que ela é...

- Fica quieta- Breno revirou os olhos interrompendo a fala da namorada.

- Na necessidade, meu amor, uma mulher como ela pode fazer qualquer coisa.

- O que você quer dizer?

- Ela é consideravelmente bonita, tem um corpo atrativo para os homens e isso da dinheiro muito fácil, principalmente pra ela que tem cara de nova.

- Que tal a gente parar de cuidar da vida dos outros, hein?- ele propôs irônico.

Breno fez de tudo para desviar a vida de Paula do foco da conversa, mas o pior de tudo é que a observação de sua namorada o fez se questionar se a morena realmente havia chego a esse limite.