Capítulo 5

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Haviam se passado duas semanas, duas semanas aonde não fiquei um só segundo sozinha, e fui ameaçada todos os dias.

O velho passou a me aterrorizar todos os dias, ele ficava falando o que ia fazer comigo caso eu não assinasse os papéis, escutei coisas terríveis e fiquei tão assustada que tive até pesadelos.

Tudo o que eu sabia sobre sexo aprendi no livro de ciências na parte de reprodução humana, a professora na época me explicou o que estava no livro e disse algumas coisas básicas, eu sabia o que era estupro, pois sempre estudava o dicionário e sabia o significado das palavras, mas fiquei horrorizada com as coisas que o velho disse, o meu medo é tão grande que as vezes fico tremendo, e na última semana vomitei três vezes.

Mathilde acabou de fechar a minha mala, estou vestida com a única roupa diferente que tenho, no caso aquele vestido e aquela sandália que me deram no dia que o Sr. Allan veio aqui.

Acordei no horário normal, tomei café da manhã e as moças que me arrumaram da outra vez acabaram de sair, ontem elas vieram para me depilar e quiseram depilar a minha intimidade, eu tive que deixar, pois o velho me ameaçou, ele disse que elas iam fazer o que era necessário e se eu não deixasse já sabia o que ia acontecer.

Morrendo de vergonha e sentindo ódio deixei que me depilassem, hoje elas fizeram minhas unhas, passaram maquiagem no meu rosto e arrumaram meu cabelo, novamente estou vestida daquela maneira que nem me reconheço.

Olho ao redor e sinto um nó na garganta, passei quase 9 anos da minha vida trancada nesse quarto, o álbum de fotos, a correntinha e o meu ursinho foram colocados na mala, e por muitas vezes só aguentei as dores e tudo que passei por ver as fotos dos meus pais, por saber que eles estão olhando por mim de onde quer que estejam. Quando percebo algumas lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto.

- Vamos descer, seu avô está nos aguardando no escritório. - Mathilde diz fria como sempre.

Dou uma última olhada no quarto e espero nunca mais voltar para essa casa, sem opção vou assinar os papéis, se eu brigar ou não quiser assinar vou ser estuprada e agredida, e pra finalizar em alguns anos vou para um hospício, pelo menos indo para os Estados Unidos eu posso tentar fugir, lá eu poderia procurar a Katy e pedir ajuda, lá eu tenho uma chance de ser livre, já se eu ficar não tenho chances de absolutamente nada.

Pensei em me matar duas vezes na última semana, pensei em cortar meus pulsos e acabar com tudo, pensei que tirando minha vida o sofrimento acabaria, mas no fundo não sei se teria coragem de me cortar, quando pensei nessas coisas chorei bastante, aos longos de todos esses anos já pensei por várias vezes em tirar a minha vida, mas nunca tive coragem e o pensamento sempre ia embora.

- Ande mais rápido. - Mathilde fala nervosa.

- Estou de saltos! Não dá para correr de salto. - Respondo corajosamente, se fosse em outras circunstâncias jamais responderia.

Sempre que andei de salto foi em curtas distâncias, a professora de etiqueta trazia os sapatos e eu só andava dentro de casa.

Chegamos ao andar de baixo e escuto algumas vozes vindo do escritório, sou encaminhada para o mesmo e quando chegamos na porta me deparei com vários senhores.

- Com licença. - Falo entrando no local.

Vejo o velho, o Sr. Allan e mais quatro Senhores, há vários papéis na mesa e o velho assim que me vê abre um sorriso.

- Querida cumprimente seu sogro e nossos advogados, como o vovô explicou você só vai assinar alguns papéis e já vai poder ir para ficar com o seu marido. - O velho diz mais falso do que tudo.

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