Capítulo 21

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POV Collin


Bato com toda força que consigo no saco de pancadas. Ela está indo embora, se já tinha um pé para fora agora colocou o outro, e o passo seguinte vai ser caminhar para longe de mim.

Sinto meu peito doer e tenho vontade de gritar, mas tudo que faço é desferido socos no saco de pancadas, eu não deveria ter me apaixonado, eu deveria ter fugido, deveria ter ficado longe, até me mudado de quarto, mas eu não consegui, eu sabia que não teríamos futuro, eu sabia que ela ia embora, eu só... eu pensei que ia ter mais tempo, achei que ia ter ela por perto por mais alguns meses, mas agora acabou, simplesmente acabou.

Passo a mão nos meus olhos me odiando por chorar. Quando meu pai veio com essa história de casamento por contrato eu sabia que não ia dar certo, nenhuma mulher deveria ser obrigada a ser esposa de um homem como eu, mas meu pai disse que a moça queria se casar e que ia ser bom, ele disse que ela não ligaria para as minhas cicatrizes, que com o tempo e com a convivência ela ia gostar de mim e que eu não deveria me preocupar.

Se eu acreditei nessa baboseira? Não, em nenhum momento, mas para sanar todas as dúvidas e todo tipo de pressão eu preferi passar por isso logo, eu só teria que aguentar um ano e depois a moça ia embora, todos iam entender que eu não merecia e nunca teria alguém e assim nunca mais iam falar no assunto, nunca mais eu seria pressionado para ter um relacionamento.

Tenho a noção de que sou a porra de um fodido, um monstro, o caralho de uma aberração, que sem roupa faria qualquer mulher ter nojo e sair corredor.

Por milagre ou castigo meu rosto e algumas partes do meu corpo não foram queimados, mas de que adianta ter um rosto apresentável se o resto é feio? Feio ao ponto de que não me olho mais no espelho, não me recordo quando foi a última vez que olhei meu corpo desnudo na frente do espelho, normalmente me troco e só depois vou para frente do espelho arrumar minha barba e meus cabelos, tem sido assim por anos, e vai ser assim para sempre.

Bato de forma incansável no saco de pancadas tentando amenizar a dor. A primeira vez que vi Florence meu coração parou por alguns segundos, ela é linda e eu até tentei me manter distante, mas como? Como eu poderia?

No primeiro dia achei que ela tinha algum tipo de autismo, por esse motivo tinha aceitado casar comigo, achei que ela não tinha noção das coisas e tinha a mente de uma criança, ela parecia frágil e assustada, mas quando ela revelou toda a porra de terror que passou na casa daquele desgraçado eu só queria proteger ela, eu só queria ser legal, só queria fazer ela se sentir segura, e esse foi o meu erro, o meu maior erro.

Em pouco tempo ela evolui muito, antes ela parecia um passarinho assustado, mas agora ela está confiante e linda, eu amo cada segundo que passo com ela, mesmo sabendo que ela ia embora eu me deixei levar e agora ela vai embora, ela simplesmente vai seguir com a sua vida e vou ser esquecido.

Aposto que na empresa ela vai conhecer algum homem, alguém perfeito sem cicatrizes que vai poder dar tudo que eu não posso dar, já vejo em alguns meses ela trazendo ele aqui, já vejo ela se casando... tendo filhos e eu... eu... assistindo a tudo... eu sei que não tenho direito de pedir nada para Florence, eu sei que não posso e não devo ser contra ela trabalhar e sair de casa, e ter a porra de uma vida boa e livre como ela merece, ela passou por coisas que ninguém deveria passar, mas eu só queria ter mais tempo com ela, só mais tempo...

Sinto minhas mãos doendo já tem um tempo, e só então paro de bater, me sinto cansado e suado, tiro meu paletó e a gravada deixando de lado, pego alguns pesos e preciso de alguma forma de dissipar toda raiva que sinto, e nesse momento acho que essa é a única maneira.

Casamento Por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora