Eu te odeio!

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Amy Morgam Winchester

Eu sentia a dor.

Eu sentia a perda. 

Eu sentia a raiva.  

Eu sentia o vazio. 

E com Daniel ali, morto em meus braços, eu sentia a culpa. Não pude cumprir a promessa que eu tinha feito, e agora eu o tinha perdido.

- Amy- escuto a voz de Sam, mas ele estava tão longe. Ou talvez eu tivesse fugido da realidade- Amy, temos que ir- senti sua mão em meu ombro.

- Não-  minha voz saiu como um sussurro. 

-Olha, eu sinto muito...- interrompo.

- NÃO!- grito, ele se assusta- vão embora!

- Não vamos te deixar sozinha aqui- era Dean que falava. Balanço a cabeça negativamente como se isso impedisse que eu pudesse ouvi-lo- ele era seu amigo, eu sei. Mas ele estava te atacando...

Levanto meu olhar a ele e rio sarcástica.

- Ele ia me beijar Dean!- esbravejo- era a droga de um beijo, e você matou ele- desvio o olhar.

- Isso não encobre o fato de que ele era um monstro. Ele matou a mulher do Garth, eu avisei a você, eu te disse!

- Você sabia?- me levanto e me aproximo dele- sabia que Garth estava atrás dele?

- É, eu sabia- ele engole seco. Sam o olha indignado, assim como eu- por isso não deixei que você viesse.

- VOCÊ SABIA E NÃO FEZ NADA?

- Não tinha nada para ser feito. Você nem ia saber de tudo isso se ele não tivesse te ligado.

 -Você ia deixar ele morrer- eu já chorava de novo- mesmo sabendo o que ele fez por mim, você ia deixar- dou um empurrão nele, mas o mesmo nem se move- eu te odeio- soco seu rosto com toda minha força e ele cai- EU TE ODEIO!

Sam me segura por trás e eu me debato tentando me soltar. 

- Amélia, calma...

-  NÃO! TIRE AS MÃOS DE MIM- consigo me soltar, Sam entra na frente de Dean para me impedir de avançar- me diz Sam...você também sabia?

- Não, eu não sabia.

- NÃO MENTE PRA MIM!

- Amy, eu não sabia, eu juro. O que nosso irmão fez foi errado, eu concordo, mas ele só queria te proteger.

- CALA BOCA! - tampo meus ouvidos com minhas mãos- eu não quero ouvir mais nada, vão embora.

- Amy...

- VÃO EMBORA!

...

As chamas da fogueira já estavam perdendo sua força, assim como eu perdi a minha. O corpo de Dan já estava completamente cremado, mas eu não tinha coragem para enterra-lo. O vento frio que batia em meu rosto já tinha secado todas as minhas lágrimas, e agora eu apenas observava a fogueira com um olhar vazio.

Sam e Dean poderiam estar perto, poderiam estar longe ou até me vigiando, não importava. Eu sentia raiva dos dois, sentia raiva do jeito de "atirar primeiro, perguntar depois", sentia raiva da mesma desculpa de sempre "me proteger".

Um bater de asas me chamou a atenção, mas nem me movi, eu sabia quem era.

- Se está atrás de Sam e Dean, não posso te ajudar.

- Não vim atrás deles- respondeu o anjo- eu soube o que aconteceu, vim ver como está.

- Como acha que eu estou?

- Não parece bem, não parece nada bem- ele fica ao meu lado- eu sinto muito.

- Eu gostava dele- as lágrimas já estavam dando as caras- acho que mais de que como amigo.

- O que Dean fez foi errado, mas...

- Não- interrompo- não defenda ele, não agora.

- Tá, desculpe.

Ficamos em silêncio até as chamas se apagarem por completo. O anjo toca nas minhas costas me passando conforto, eu o abraço forte.

- Eu sei que não é a melhor hora, mas eu preciso da sua ajuda.

...

Castiel me ajudou a enterrar Daniel e depois me levou pra comer em uma lanchonete em Dallas.

- Quer minha ajuda pra achar a outra metade da placa do demônio?- pergunto de boca cheia.

- Entenderei se não estiver disposta.

- Tô dentro. Preciso me manter focada em alguma coisa que não seja o luto.

Termino de comer e ele nos teletransporta para uma casa que estava á venda. Seria ali que eu passaria a maior parte do tempo aparentemente.

- Por onde começamos?- pergunto.


Dean Winchester

Amy não nos queria por perto, ela nos odiava. Ela me odiava, e eu não tirava sua razão.

- Sabe que o que ela disse foi da boca pra fora, não sabe?

- Eu matei o namorado dela, é claro que ela me odeia.

- Você pensou que Daniel estava atacando ela...- interrompo.

- Não. Eu não pensei, eu não pensei em nada na hora Sammy. Eu estava com raiva pelo o que ele fez, por ela ter fugido, por ele estar tão perto dela. Eu me deixei levar - soco o volante- merda!

Minha irmãzinha me odiava. Eu me odiava. Eu deveria ter contado, deveria ter falado a verdade pra eles. Mas fui idiota. Pensei que estivesse protegendo ela para que não se magoasse, mas quem acabou magoando ela fui eu...

A pequena Winchester IIOnde histórias criam vida. Descubra agora