Capitulo 33

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DULCE


Christopher me levou até o hospital e assim que passamos pela recepção encontramos Christian na sala de espera.

- Chris – chamei e ele correu pra me abraçar – O que aconteceu? – perguntei já chorando.

- Se acalma tá – pediu enxugando minhas lágrimas, assenti e ele continuou – Eu tinha chegado ao apartamento e encontrei-o passando mal, então o trouxe para cá – explicou – O médico está terminando de atendê-lo.

Chris se afastou de mim e cumprimentou Ucker e depois nos sentamos pra aguardar. Tinha se passado quase uma hora quando o médico veio. O cumprimentei rapidamente já que ele me conhecia por causa do tratamento do meu pai, ele era o responsável.

- O câncer voltou a atacar a imunidade do Pedro, por isso ele passou mal – disse com pesar.

- Mas o tratamento não estava dando resultados? – perguntei aflita e senti Ucker segurar em meu ombro.

- Infelizmente ele não é mais uma opção – aquilo fez meu mundo parar – eu sinto muito Dulce, mas o organismo dele não está mais aceitando e se continuarmos só vai causar mais dor ao seu pai.

- Entendo – murmurei com a voz falha.

- Existe algo mais que possa ser feito doutor? – questionou Ucker.

- No momento a única coisa que podemos fazer é esperar que haja alguma melhora no seu estado e tentar uma cirurgia talvez – suspirei cansada. Agora que precisaria muito de um milagre - Você tem que estar preparada pra tudo que pode acontecer – assenti derramando mais lágrimas.

- Posso vê-lo? – pedi.

- É claro, ele está no quarto 15, a direita – assenti e me virei para Chris e Ucker.

- Pode ir, vamos esperar aqui – disse e balancei a cabeça me afastando.

Caminhei lentamente até o local indicado, parei em frente à porta tentando me acalmar pra não assusta-lo. Entrei e vi ele deitado na cama, estava pálido e nitidamente cansado.

- Dulce, querida – murmurou assim que me viu, sorri fraco me aproximando.

- Oi papai, como você está? – perguntei preocupada.

- Bem filha, foi só um mal estar – falou e desviou os olhos, nós dois sabíamos que não era só isso.

- O médico disse que não pode continuar com o tratamento – falei e ele assentiu voltando a me olhar – Ele também falou que só resta esperar por alguma melhora – falei com a voz embargada.

- Eu sei o que isso significa Dul – me encarou terno – E você também sabe, estou morrendo – neguei com a cabeça deixando as lágrimas caírem.

- Não diga essas bobagens.

- Eu não quero que sofra com o que pode acontecer filha, você já cuidou muito de mim, agora deixe nas mãos de Deus – segurou minhas mãos de modo carinhoso – Sempre soubemos que essa doença era fatal.

- Só me promete que não vai desistir, que não vai me abandonar aqui, que vai lutar pela sua vida, promete? – implorei chorando.

- Eu prometo – garantiu apertando minha mão – Mas, mesmo que eu vá, você não vai estar sozinha, tem o Christopher, que te ama muito – sorri entre as lágrimas – o Christian, seus amigos e eu sempre vou estar com você, aqui – apontou pro meu coração, não resisti e o abracei.

Depois de um tempo consegui me acalmar e meu pai descansou um pouco, quando sai do quarto ele já estava dormindo. Quando cheguei à sala de espera somente Ucker estava, ele mexia no celular, mas guardou assim que me viu.

- Oi, como ele está? – se levantou e me abraçou.

- Está bem agora, só um pouco pálido – murmurei deitando a cabeça em seu peito – E o Chris?

- Foi até a cantina e já volta – balancei a cabeça assentindo.

- Eu vou passar a noite aqui, você deve ir pra casa, está cansado – falei me afastando para encará-lo.

- Tem certeza? Posso ficar com você, não quero te deixar só – disse hesitante e eu sorri lhe dando um selinho.

- Não tem problema, você tem que estar na empresa amanhã cedo e tem que dormir e estar descansado – ele assentiu.

- Qualquer coisa me ligue – pediu.

- Tudo bem – concordei.

Despedi-me dele com um beijo e ele se foi. Voltei até o quarto do meu pai encontrando Christian na porta.

- Vi você com o Ucker e não quis interromper – avisou.

- Só estávamos conversando – falei me sentando na poltrona – eu vou dormir aqui hoje, não quero deixar meu pai sozinho.

- Se quiser eu posso ficar, sei que tem trabalho amanhã – ofereceu.

- Não é necessário, mas obrigada – sorri pra ele que retribuiu.

Chris me fez um pouco de companhia e depois se foi também, suspirei me encostando na poltrona e fiquei boa parte da noite temendo que papai passasse mal novamente.


[...]


CHRISTOPHER


As coisas na empresa estavam corridas, principalmente na última semana. Annie tinha saído de licença e Dulce tinha assumido as obras que ela estava trabalhando, eu fazia o possível para ajuda-la já que ela também estava cuidando do pai que seguia internado no hospital. Pedro não estava nada bem, o médico já havia dito a Dul que ela precisava estar preparada para o que poderia acontecer, mas ela não ligava, ainda mantinha a esperança de que o pai ia melhorar.

Tirei uma folga pela manhã para ir até o hospital, Christian havia ligado e disse que Pedro queria falar comigo e pediu que não comentasse com a Dul, não entendi o pedido, mas resolvi acatar mesmo assim. Passei pela recepção e peguei meu crachá de visitante, depois segui para o quarto dele. Bati na porta e ele me mandou entrar.

- Christopher – murmurou com a voz rouca – fico feliz que tenha vindo – me aproximei da cama e apertei sua mão.

- Queria conversar comigo? – perguntei hesitante.

- Sim e preferi que fosse a sós – se sentou e eu fiz o mesmo na poltrona ao lado da cama – Não queria que a Dulce estivesse aqui e nem que ouvisse o que tenho pra falar – respirou fundo e começou – Acho que sabe que essa doença está me matando e que não vou durar muito tempo.

- Não diga isso Pedro – disse tentando reconforta-lo. Ele negou com a cabeça e continuou.

- Por isso peço que cuide da Dul. Quando eu me for, ela vai sofrer muito, como quando a mãe dela nos deixou – ele desviou o olhar pensativo – Não pode deixar ela desabar e nem desistir – engoli em seco pensando na dor que deve ser pra ele me falar essas coisas – Ela tem que seguir com a vida, fazer muito sucesso como engenheira – sorri.

- Eu vou cuidar dela – prometi e ele sorriu.

- Ela ama você Ucker e sei que você ama ela também, merecem ser felizes e terem uma grande família – completou...

Mi Nuevo Vicio - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora