CHRISTOPHER
Olhei para Dulce, estagnado com sua revelação, seu olhar tenso e desesperado me fez querer apagar toda a dor que ela estava sentindo. Pensar que ela passou por isso sozinha faz eu me sentir pior, por não ter lhe apoiado e estado ao seu lado em um momento tão triste.
- Eu sinto muito meu amor – a abracei novamente, o mais apertado que pude – Sinto por não ter estado com você e sinto por termos brigado, foi tudo minha culpa – falei arrependido.
- Não – ela se afastou negando com a cabeça – Nada disso é sua culpa, foi apenas uma fatalidade – fungou, levei minha mão ao seu rosto acariciando suas bochechas molhadas.
- Christian já sabe? – perguntei e ela negou.
- Não tive coragem de contar, ainda mais por telefone – murmurou fechando os olhos em sinal de cansaço.
- Tudo bem, eu vou fazer isso – levantei e a trouxe comigo – Primeiro você tem que tomar banho e descansar – sugeri me afastando e me livrando do meu paletó.
- Eu não posso – passou as mãos no rosto – tenho que resolver sobre o enterro e tudo mais – disse suspirando.
- Dulce, você não está na menor condição de fazer nada agora – rebati me aproximando e segurando em sua cintura – Me deixa ajudar e cuidar de você – pedi. Ela me olhou um pouco hesitante, mas acabou concordando.
A ajudei a se livrar das roupas e a deixei tomar banho sozinha, enquanto separava uma roupa confortável pra ela. Quando ela saiu do banheiro já estava vestida e parecia até um pouco melhor, mas ainda consegui ver os olhos vermelhos do choro.
- Vem cá – estendi a mão a chamando, Dulce se aproximou lentamente e eu a envolvi em meus braços – Quer comer algo? Você está desde ontem sem se alimentar – constatei vendo sua palidez mais aparente.
- Não acho que consigo comer nada nesse momento – pensei em rebater, mas ela não estava em condições pra isso, então apenas assenti.
- Então deite-se um pouco – a levei até a cama e ela aconchegou-se entre os travesseiros.
- Vai ficar aqui comigo? – perguntou segurando minha mão, pude ver o medo em seus olhos, sentei-me na beira da cama e ao seu lado.
- É claro princesa, não vou sair do seu lado – assegurei e ela deu um sorriso fraco – Agora descansa – Dul fechou os olhos e logo dormiu.
Fiquei um bom tempo apenas a olhando, depois decidi avisar todo mundo e preferi fazer isso enquanto Dulce ainda dormia.
Primeiro avisei Mai e pedi que ela constasse ao Chris pessoalmente, não era uma notícia para se contar por celular. Falei com o Poncho que avisaria a Annie, depois com minha mãe, todos ofereceram ajuda, mas não havia muito que pudessem fazer, então apenas lhes disse que eu cuidaria de tudo.
Em seguida liguei para o hospital para saber o que eu deveria fazer e eles passaram todas as informações necessárias.
[...]
No dia seguinte aconteceu o velório de Pedro, foi no cemitério da cidade e havia apenas algumas pessoas. Nossos amigos, menos Annie que não pode comparecer por causa do bebê, e alguns conhecidos de Pedro, já que ninguém sabia do resto de sua família. Dul preferiu que fosse uma cerimônia simples e todos concordaram.
Olhei pra Dulce que agora abraçava Christian, a cara dos dois estava péssima e foi assim durante toda a cerimônia. Ouvimos um pequeno discurso do padre, depois Dul se despediu e ocorreu o enterro.
- Ele está em um lugar melhor amor – foi o que eu sussurrei para Dulce quando ela me abraçou, a mesma apenas balançou a cabeça ainda chorando.
[...]
Já fazia alguns dias desde o enterro de Pedro, Dulce não havia saído de casa até então. Sei que prometi ao Pedro não deixa-la desabar, mas não tem sido fácil pra ela, perder o pai dessa forma, é algo muito triste. Victor ainda era vivo, mas não era meu pai, esse havia morrido quando ele traiu minha mãe e deixamos de ser uma família.
DULCE
Era sábado a tarde e eu ainda não tinha conseguido forças pra me levantar da cama e seguir com a vida. A morte do meu pai ainda me afetava muito e estava sendo difícil superar. Resolvi tomar um banho pra ver se eu melhorava, quando sai do banheiro, já vestida, Ucker entrava no quarto. Ele havia saído cedo, pois tinha que resolver alguns assuntos na empresa, mas prometeu que voltaria logo.
- Como está se sentindo hoje? – perguntou preocupado. Larguei a toalha na cama e me aproximei dele – Já se alimentou?
Christopher tem sido meu apoio nesses dias, tem cuidado de mim e está sempre tentando me pôr pra cima. Também me proibiu de ir trabalhar até que eu melhorasse, o que foi até uma boa ideia, porque eu parecia um zumbi ambulante e ninguém na empresa tinha que ver isso.
- Melhor, eu acho – sorri timidamente lhe abraçando. Ele beijou o topo da minha cabeça retribuindo o abraço – E sim, já me alimentei general – brinquei e ele deu risada se afastando para me encarar.
- Já está até fazendo piadinhas – ironizou se inclinando e mordendo meu pescoço, ri pelas cocegas.
- Seu bobo – o empurrei de leve e ele me puxou de volta pela cintura fazendo nossos rostos ficarem colados, prendi a respiração pela proximidade. Eu sentia tanta falta daqueles lábios, que, no momento seguinte eu acabei com nossa distância e o beijei.
Suspirei entre o beijo e percebi o quanto eu precisava daquilo, só o Ucker podia me fazer esquecer os meus problemas. Christopher me suspendeu pela cintura e eu entrelacei minhas pernas na sua cintura enquanto ainda nos beijávamos ferozmente.
Para o nosso azar fomos interrompidos pelo celular de Ucker que tocava escandalosamente. Ele bufou de raiva quando nos separamos e ele me soltou, ri me sentando na cama e respirando profundamente.
- É o Poncho – revirou os olhos e atendeu – O que foi? – perguntou mal humorado, percebi que Poncho falou algo e sua expressão mudou para surpresa – Tá bom, estou indo – falou rapidamente e desligou.
- O que houve? É grave? – questionei ansiosa.
- Annie entrou em trabalho de parto – sorri feliz pela minha amiga...

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Mi Nuevo Vicio - Vondy
RomanceQuando Dulce Maria aceitou se casar com Christopher Uckermann não pensou em como se envolveria profundamente com ele. Um homem que vira seu mundo de cabeça pra baixo e a transforma no melhor que ela pode ser.