Mudando O Destino. CONCLUÍDA. SEM REVISÃO

Capítulo 03

Passamos horas e mais horas na estrada, estava enjoada de ver asfalto e paisagens.
Mesmo estando em Minas Gerais o percurso era extremamente deserto, só campos e mais campos de plantações, e hora deciamos morro, hora subimos, a estrada era cheia de curvas, em um momento paramos em um dos postos, e tudo em volta estava com plantação de mangas, o cheiro era tão bom.
Informaram no posto que não tinha problema pegar uma ou duas e foi o que peguei, duas mangas, comi uma e dividi a outra com JP e Clarinha, Lucinha e Socorro sentaram a sombra de uma das árvores e se acabaram de comer Manga, ficaram bem lambuzadas.

Depois foi um problema para descobrir a quem pagar pelas mangas, mas o dono do posto disse que são acres e mais acres de terras com Mangas, se tivéssemos pego uma caixa não faria diferença para eles.
Mesmo achando que era desonesto, não tivemos escolha não tinha ninguém para quem pagar.
Depois desta parada, ficamos na Estrada a noite inteira até às 7:00hs da manhã.
Quanto mais perto de São Paulo mais frio ficava, a parada foi em Ribeirão das Neves, paguei 35,00 para usar o banheiro com chuveiro.
O banho foi quentinho, as crianças adoraram, até eu gostei, mudei de roupa para agasalho moletom e blusa de frio por cima, não estamos acostumados com o frio, mas não parecia ser dão drástico como Pedro fez parecer ser RS talvez escolher São Paulo foi o melhor mesmo para nós.

Depois de um café da manhã reforçado, e esticar as pernas por 40 minutos, literalmente esticar as pernas, ficamos correndo em volta do ônibus para fazer o sangue circular e principalmente cansar JP e Lucinha. Clarinha mal fica em pé sozinha, mas não evitou que Socorro e eu a pegássemos pelas mãos fazendo se exercitar. Reparei que seu pezinho Direito pisa bem tortinho para fora, talvez por estar aprendendo a andar, pode ser normal.

Ela resmungou, depois riu bastante, ainda dançamos um pouco ouvindo música sertaneja.
Quando o ônibus saiu as crianças estavam alegres e agitadas porém logo o cansaço apareceu e dormiram.
O estoque de fraldas de Clarinha está acabando, espero que ela não tenha outro desarranjo intestinal ou estarei ferrada.

Estamos perto, muito perto apenas 6:00hs no máximo 7 e chegaremos no terminal Tietê em São Paulo.

As últimas horas foram tensas para mim, fiquei pensativa, o medo e a ansiedade estavam me dominando.
Enquanto Lucinha assistia desenho, eu chorava em silêncio.
Como quero o colo da minha mãe, a segurança e a certeza de que só por ela estar ali ficaria tudo bem.
Este medo, insegurança com o futuro estava me consumindo e mesmo repetindo vários vezes para me convencer a ser forte pelo bem das crianças, a verdade é que dentro de mim, eu meu coração me sentia uma garotinha encolhida no escuro, enquanto chora e grita pela mãe.

Peguei meu celular velho de batalha e fiquei vendo as fotos de mamãe, por último um vídeo aonde ela cantava Vander Lee Aonde Deus possa me ouvir.
Ela parecia feliz, mas estava triste e sofrendo com a vida que levava nas mãos do meu pai, de certa forma ela se libertou dele.

Fico pensando a reação dele ao descobrir que fui embora com as crianças, mas o conhecendo como conheço o máximo que fará é dizer, um " Já foram tarde" e um " Que se ferrem longe de mim" voltará para o bar e a sua nova família.

Levo um susto com um barulho forte e o ônibus dando solavancos. Seguro firma Clarinha no meu colo, JP e Lucinha acordaram assustados, mas estavam com cinto de segurança.
Socorro como uma boa escandalosa que é, começou a gritar que não queria morrer virgem, tinha de viver um pouco e aproveitar a vida.

O que me fez rir pelos dramas dignos de um Oscar, ser filha de prostituta a fez não confiar em ninguém para se entregar, não queria ter a fama de ser igual a mãe.
Eu por outro lado ouvi minha mãe dizer tantas vezes, " não engravide cedo ou nunca terá uma voz no seu casamento", e mesmo namorando o Pedro não me entreguei a ele porque morro de medo de engravidar, fiz bem a julgar pela forma que me tratou quando me viu sozinha e desesperada.