- Deviam ter raspado sua cabeça, igual faziam com as prostitutas, uma pena Beatriz não ter pensado em maquininha em vez de tosoura.
Eu estava no corredor na faculdade, saindo da sala de aula quando Michelle falou baixo, passando por mim.
Agora ela está pisando em ovos, e cuidando para ninguém mais perceber sua perseguição.A ignorei, embora meu cabelo é um tema doloroso para mim. Esta demorando a crescer, em três meses ainda não chegou a altura do ombro.
Pisquei as lágrimas que ameaçavam vir, para longe, não vou chorar por causa das ofensas da Michelle.
Mas por outro lado percebi que tem muito mais alunos racistas ou elitistas, só não expõe em aberto o que pensam, porém o apoio que estão dando para Michelle é bem perceptível.
Meu grupo de estudos fica um tanto excluído, são raros os alunos que conversam conosco e geralmente é quando precisam de ajuda.O clima fica um tanto pesado quando Michelle e sua turma chegam, o burburinho e cochichos se instala em qualquer ambiente que estejam presentes.
Me recuperei bem, graças a Deus ter sequelas só me prejudicaria.
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Hoje é Quinta feira meu retorno oficial para o escritório, acordei ansiosa, arrumei as crianças, Clarinha não está mais dando trabalho para ficar na creche.
Corri com eles primeiro para uma UBS estão dando dose de reforço contra Sarampo, Socorro reclamou horrores mas também tomou o reforço.
Por sorte estava com mais agentes vacinando, e foi rápido.Quando cheguei no trabalho, logo na recepção fui bem recebida, com abraços das recepcionistas e seguranças.
Depois foi a vez das meninas da limpeza, com direito a bolo e balões coloridos.
Entrei no escritório, o Dr Thiago foi o primeiro a me recepcionar com um abraço e um beijo na testa, Dra Rúbia me abraçou e me deu um sermão para ser mais precavida e me afastar de problemas. Quem ouve pensa que eu que causei isto.
Depois de tanto carinho, Dr Henrique e Michelle se aproximam.- Que bom que esta recuperada Eduarda, sinto muito pelo que te aconteceu. Conversei com a jovem Beatriz e ela me assegurou que não irá se aproximar de você novamente.
- Obrigada Dr Henrique. Mas para ser sincera eu tenho medo é do que sua filha é capaz de fazer, embora eu não tenho como provar, eu sei que ela agiu a mando da sua filha, no mínimo influenciada por ela. Afinal ela repetia o mesmo discurso " Negrinha desgraçada" " Se acha porque é preta do cabelo bom?" e o melhor deles " Preta maldita volta para senzala".
Então eu realmente agradeço se puder apenas manter Michelle e os tentáculos racistas longe de mim.- É MENTIRA PAI.. ela grita vermelha de raiva.
- Eu tenho certeza que você está enganada Eduarda, conheço bem minha filha e coloco minha mão no fogo por ela.
- Meu querido companheiro de profissão, cuidado que a queimadura será feia.
Dra Thalita diz se aproximando, ela está bem séria e irritada.- Bom para evitar problemas separamos a sala de vocês, Eduarda você ficara no escritório que já estava junto com seu armário com arquivos. Michelle foi removida para o escritório ao lado da sala do Dr Henrique.
Dr Fernando diz encerrando o clima tenso que se instalou.Agora entendo a raiva da Michelle, aquela sala é minuscula e com o armário de arquivo que é responsabilidade dela, certamente ficou menor ainda.
- Vamos Eduarda, preciso de você em minha sala, temos que conversar.
Dra Thalita ainda está séria, deve ser algo grave.Entrei e Dra Rúbia, Dr Fernando e o Dr Thiago também entraram.
Enquanto a Dra Thalita fechava a porta, vi Michelle e o pai passando, ele normalmente mas ela olhava para dentro da sala como se querendo saber o que estava acontecendo.
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Mudando O Destino. CONCLUÍDA. SEM REVISÃO
RandomMaria Eduarda é uma jovem de 18 anos, que reside em Manari PE. Como toda garota é cheia de planos e sonhos, mas vê sua vida mudar da noite para o dia, quando sua mãe morre deixando ela e seus três irmãos mais novos com um Pai alcolotra, violento e...