Prólogo

4.3K 164 39
                                    

Por Anahí

Eu estava, definitivamente um caco, esgotada. Meus pés, dentro daqueles louboutin's, doiam e eu podia sentir o inchaço através dos meus dedos, era pra ser uma noite agradável, daquelas que eu costumava sair pra beber e relaxar. Claro, não era como antigamente, antes da fama, quando eu ainda podia andar livremente, hoje em dia eu frequento apenas boates fechadas, onde fico no camarote, com o "privilégio" apenas de ficar próxima ao bar, bebericando bebidas e mais bebidas, desde as tradicionais como a boa e velha Tequila, até as mais exóticas. Um grande privilégio, não é?

Se é que posso chamar de privilégio quando tenho um segurança colado em mim vinte e quatro horas por dia. Será que esse tal de... Alfonso Herrera não cansa nunca? Tudo bem que esse é o trabalho dele, que ele foi contratado restritamente para proteger a minha vida, mas, por Deus, será que nunca vou ter privacidade nem mesmo para sair afim de me divertir um pouco?

Então de que valia ele proteger tanto a vida que eu não posso sequer aproveitar?

Eu só queria relaxar, sair um pouco da rotina, da correria que são as turnês, todo o assédio da imprensa, é pedir muito um momento de paz? E era justamente em boates como essas que eu costumava me esbaldar, onde eu bebo até não poder mais e danço até os meus pés não aguentarem. Eu tinha consciência do que vinha acontecendo ultimamente, do que Jensen chamava de perigo, quando eu pensava que tratava-se apenas de exagero, confesso que pensava que não era pra tanto, que não precisava de tantos cuidados, tantas restrições. Tudo bem que eu sou Anahí, a famosa estrela no auge da carreira, o diamante pronto para ser lapidado, a jovem que vai ganhar o mundo com a sua música, mas precisava mesmo colocar um cara que eu sequer conheço na minha cola o tempo todo?

Neste exato momento ele está parado em uma parede próxima a entrada. Não há muitas pessoas nesse camarote, não está tão cheio como de costume, uma pena, porque minha primeira ideia era entrar no meio de alguma multidão e tentar dar um perdido nele, o que definitivamente, estava fora de cogitação naquele momento.

Eu já estava no terceiro copo. Uísque. Puro. Não sou muito adepta, mas resolvi inovar, já que eu não poderia me divertir como queria, iria beber até o sol raiar.

Alfonso: Com licença, senhorita – o vi aproximar-se – Desculpe atrapalhar, mas, a senhora não deveria extrapolar na bebida.

Anahí: Desculpe? – eu o olhei, atônita e com um riso irônico escapando

Quem ele pensava que era? Eu tinha escutado direito mesmo? Ele estava medindo o que eu podia ou não beber?

Alfonso: Nada mais que esse copo. – apontou, com os olhos verdes repousados para o copo em minha mão – São ordens.

Ordens? Eu sinceramente só podia estar sonhando. Ou melhor, tendo um pesadelo.

Anahí: Ordens de quem? – eu gargalhei, descendo do banco alto onde estava sentada – Porque eu não lembro de ter dado ordem alguma, inclusive, você deveria estar dispensado esta noite. – pontuei, solvendo outro gole

Por um momento eu pensei que ele fosse dizer algo, o observei comprimir os lábios, ao desviar o olhar, antes de voltar para sua posição de estátua intocável, a de sempre que eu já estava acostumada. O pior é que agora ele já estava próximo demais, uma distância pequena que eu não estava acostumada.

Não queria mostrar que estava intimidada, ainda que a minha intenção fosse demonstrar meu incômodo, então voltei a sentar e acenei para o barman pedindo outra dose. Iria inovar, pediria uma Tequila, um shot generoso, e depois iria até a pista de dança, era hora de esquentar os pés.

Alfonso: Senhorita... – ele começou dizendo, desta vez, mais autoritário, mas tratei de interrompê-lo.

Anahí: Eu não preciso de um guarda-costas! – falei antes de entortar o shot de tequila e caminhar para o meio da multidão que já se formava na pista de dança.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora