30°Capítulo - Colisão

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Caminhamos com as mãos entrelaçadas, quem visse de fora talvez não notasse a loucura que éramos por dentro. Mas nós dois sabíamos, e era suficiente. A praça estava movimentada, mais à frente havia um aglomerado de pessoas, em uma espécie de feira, que despertou a minha curiosidade, o suficiente para sair arrastando Alfonso pela mão.

Anahí – Aí não acredito, são cachorrinhos. – Disse animada, vendo algumas pessoas saindo com os animais recém adquiridos.

Alfonso – Estou surpreso, pensei que gostava de gatos. – Franziu o cenho me acompanhando. – Eles combinam com sua personalidade independente.

Anahí – Oh não, eu amo cachorros. São tão fofinhos. – Respondi agachando na frente de um cercado com filhotes. – Olha aquele ali. – Apontei.

Alfonso – É minúsculo, cabe na palma da minha mão. – Gargalhou. – Moço pega aquele ali pra mim. – Acenou para o vendedor que entregou o cachorro logo em seguida. – Olha só, não disse. – Afirmou segurando o filhotinho com uma só mão, o cachorrinho, de fato, cabia direitinho na palma da mão dele. Era um maltês, mais parecido com um floco de neve de tão pequeno e branquinho.

Anahí – Oi bebezinho, como você é lindo. – Interagi com ele. – Oh é uma fêmea! – Gargalhei ao notar. Alfonso negou com uma risada diante do meu entusiasmo.

Alfonso – Bem danadinha por sinal. – Disse quando ela começou a morder os dedos dele.

Anahí – Não fala assim, ela só quer brincar. – Respondi tomando-a das mãos dele.

Fiquei entretida por um bom tempo brincando com ela, que se exibia toda faceira abanando o rabinho, enquanto Alfonso se afastava para observar os outros cachorrinhos, haviam de diversas raças.

Eu ainda lembro de quando eu tinha dez anos e tia Ângela, — após muitos apelos meus, é claro —, cedeu e adotou um cachorro pra gente. Mais pra mim, confesso, ela exigiu que eu cuidasse dele e de toda a bagunça que ele fizesse, e eu não fiz caso nenhum, até disso eu sinto saudades... Eu estava a caminho da escola quando o encontrei na rua. Não era mais um filhotinho, Max, como o chamei, era um vira-lata e já era adulto, mas me ganhou de imediato quando começou a me seguir e latir como se quisesse dizer que também estava me escolhendo para ser sua dona. Eu realmente me sentia bem com um cachorro para cuidar e conversar na maioria das vezes, sim, Max muitas vezes foi um bom ouvinte. Chego a querer rir ao lembrar das vezes que me escondia com ele no parque por trás das árvores para contar como foi a minha manhã na escola.... Quando fiz treze, infelizmente ele morreu, e desde então eu não consegui mais me apegar a nenhum cachorro ou qualquer outro animal. Não para ter comigo, não gostaria de passar pelo mesmo sofrimento de perdê-los.

Alfonso – Você gostou mesmo dela, não é? – Alfonso comentou depois de um tempo, ergui o rosto para confirmar e ele sorriu, acariciando a patinha da cachorrinha em minhas mãos – Ela é pequena igual você.

Fiz uma careta pra ele que ria da própria constatação enquanto eu toda cuidadosa, tentava deixar a cachorrinha confortável entre minhas mãos.

Anahí – Ela é adorável, olha só! – Sorri mais ainda ao sentir as lambidinhas dela em meus dedos, fazia cócegas e eu não evitei rir.

Alfonso – Que bom então, porque eu acho que ela também escolheu você. Estica as mãos para colocar uma coleira nela. – Olhei para ele um pouco confusa.

Anahí – Não me diga que... – Alfonso sorri, confirmando antes que eu complete minha fala e eu não pude evitar minha surpresa – Você comprou ela?!

Alfonso – Dizer que adotamos é mais bonito. – Ele riu, ponderando e eu sigo sem acreditar, mas desta vez com um sorriso bobo nos lábios.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora