20° Capítulo - Estaca zero

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Naquela noite, aproveitamos cada minuto, o sono e o cansaço de um dia cheio de trabalho, não foram capazes de separar nossos corpos. A cada toque, cada carícia, um novo incêndio, nos limitamos a exaustão, suficiente para eu adormecer sem perceber em que momento ele se ausentou da cama, marcada por horas de prazer.

Eu tinha consciência do estrago deixado em meu corpo, mas não fazia ideia de como escondê-los. Assim que consegui despertar, foi a primeira coisa que pude observar, o rastro dele em minha pele, em alguns pontos ainda intocáveis, me permitir sorrir com aquela mistura louca de dor quando deslizei as mãos entre o vermelho vivo que corava a extensão dos meus ombros, seios, seguindo um caminho erógeno até as coxas.
Tomei um banho demorado, relembrando dos detalhes daquela noite intensa. Desejando reviver cada momento, ou até mesmo experimentar novos e melhores. Eu não queria pensar em como seria quando nos afastássemos, porque mesmo de fora, eu tinha aquela impressão que o caso estava muito perto de ser resolvido, o responsável pelas cartas estava próximo a sair do anonimato. E eu tinha consciência que quando tudo aquilo acabasse, Herrera iria em busca de novas experiências, e eu ficaria para trás, arquivada como um caso solucionado.

Em minha consciência eu não deveria me preocupar com aquilo, uma vez que liberdade era a minha bandeira, prender-me em um possível relacionamento, cheio de cobranças, rotinas e brigas estava fora de cogitação. O problema é que ser livre não significa que eu vou ter sempre o que quero, ou desejo, e era aquele homem que eu queria, e desejava. E durante o tempo em que nos conhecemos e convivemos, pude perceber que ele não compartilha do mesmo ideal, e esse fato me causa um incomodo indecifrável, porque eu não estava disposta a ceder, ir contra tudo aquilo que demorei uma vida inteira a construir, um muro que blindasse todo e qualquer sofrimento, mas também não conseguia prever ou mensurar a reação que a rejeição dele causaria em mim.

Balancei a cabeça para afastar aqueles pensamentos, eu não deveria me preocupar com o futuro, e sim com o hoje, o agora. Após sair do banho, enrolei meus cabelos em uma toalha, e vesti um roupão branco, o amarrei na cintura, bem onde ainda se via as marcas das mãos dele. Caminhei de volta ao quarto e me deparei com Jensen sentado, na poltrona próxima a porta, com o queixo apoiado na mão esquerda, enquanto a outra tamborilava sobre a perna. Forcei um sorriso, mas ele definitivamente não estava disposto a brincadeiras.

Anahí – Bom dia. – Cumprimentei com um sorriso amarelo. Passeei os olhos pelo quarto tentando avistar alguma prova que me incriminasse.

Jensen – Precisamos conversar. – Pontuou sério.

Anahí – Antes do café? Eu estou morrendo de fome. – Respondi desinteressada.

Jensen – Você não vai fugir dessa conversa, senta aí. – Ordenou com a voz rouca. – Eu quero ouvir da sua boca tudo o que aconteceu ontem, entre Jared, você e o guarda-costas.

Anahí – As notícias correm não é mesmo?! – Frisei, caminhando até a cama enquanto desenrolava os cabelos da toalha, os deixando cair sobre os ombros. – Olha, por mim eu não falaria mais nesse assunto, mas já que você quer saber, Jared foi me visitar no camarim ontem à noite, disse que você tinha liberado a entrada, até aí tudo bem, porque assim como você eu também o considero, ou considerava um amigo. – Pontuei o encarando. – Mas ele me beijou Jensen, me beijou a força, eu tentei afastá-lo de todas as formas, ele chegou a me machucar.

Jensen – Não é possível, Jared não faria isso. – Respondeu exasperado.

Anahí – Então você está dizendo que estou mentindo? É isso? – Perguntei ríspida, os nervos aflorando.

Jensen – Não estou dizendo isso, mas é difícil acreditar que ele seria capaz disso, porra você o conhece a anos, qual o sentido dele fazer isso agora? – Levantou da poltrona, extremamente desconfortável.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora