All Of Me

22° Capítulo - Bad

Quase morte, essa era a sensação quando finalmente consegui acordar. Minha cabeça latejava incessantemente, sentia um tremor pelo corpo, as náuseas iam e viam, passei o voo de volta praticamente inteiro vomitando no banheiro, nada parava no estomago, nem água, uma ressaca do cão. Emma ainda tentava me ajudar com um doce, mas eu só queria morrer, nunca mais eu voltaria a beber daquele jeito. Joseph me entregou um remédio efervescente, só assim para amenizar a dor descomunal que sentia. Estava literalmente imprestável.

Quando chegamos ao meu apartamento, tratei de tomar um longo banho, fiquei horas emergida na banheira, buscando aliviar as consequências da noite passada, Emma prometera que nunca mais beberia, e eu estava quase concordando com a promessa. Depois do banho me recolhi em meu quarto e dormi o resto do dia inteiro, não me dei o trabalho nem de me vestir, cai na cama coberta apenas com o edredom.

Esquecer a qualquer custo.

Eu estava focada em esquecer o furacão que foi ter Alfonso em minha vida. Furacão de sensações, sentimentos, de entrega. Mas não era tão fácil assim como eu pensava, principalmente quando já estava acostumada a vê-lo praticamente 24 horas por dia, e agora não tínhamos nenhum tipo de contato. Porra, ele não deixou nem me defender, aquilo deve ter soado para ele como mais uma provocação, ou resistência, e na verdade eu nem lembrava daquela maldita carta. Mas como eu conseguiria admitir que eu não esconderia mais nada dele? Com a forma que ele me olhou, e jogou tantas palavras que feriram meu orgulho, meu ego, foi impossível não o tratar da mesma forma ríspida a que ele me dirigia. Tenho consciência do receio dele com toda essa história de ameaça, mas administrar a minha personalidade explosiva não é tarefa fácil, principalmente quando ele é bem parecido nesse ponto.

No decorrer dos dias, aquela angustia desconhecida aumentava gradativamente, me peguei várias vezes olhando o whatsapp, vez ou outra encontrava ele online, a vontade de mandar um oi era enorme, mas eu jogava o telefone longe toda vez que a tentação queria me ganhar.

Quase dois meses depois e eu estava entranhada na terceira fase, a tristeza, pior que qualquer TPM que eu já experimentara. Minha agenda de shows finalizada, ou seja, férias por tempo indeterminado. Eu não tinha o que fazer, passava os dias vendo filmes com Joseph, Jensen havia viajado para visitar os pais, o clima entre nós estava mais ameno, mas não como antes, Emma me fazia companhia nas idas ao shopping e ao salão de beleza, mas não podia estar 100% presente. Todo mundo seguia rumos opostos e eu me via cada vez mais sozinha.

Sobre o caso, agora em meu prédio ninguém entrava sem identificação, as correntes cada dia mais apertadas, e eu aluada demais para pensar naquilo. Joseph me contava sobre os avanços de Alfonso no FBI, eu sorria em saber que ele iria conseguir voltar para o cargo que amava, mas era inevitável sentir um aperto no peito todas as vezes, pois aquilo significava que cada passo dele lá fora aumentava a distância entre nós, se é que um dia existiu nós.

Eu fechava os olhos e lembrava do verde oliva, dos toques, ainda sentia o sabor em meus lábios, o meu corpo pedia atenção, mas não conseguia imaginar ser tocada por outra pessoa que não fosse ele.

Naquela noite Emma foi ao meu apartamento, fazia alguns dias que não nos víamos. O inverno de novembro já começava a castigar, e nós iriamos beber um bom vinho em acompanhamento com a macarronada que Joseph havia me ajudado a preparar, já estava finalizando o molho quando ela chegou, agasalha dos pés à cabeça, botas, meias, sobretudo, e uma toca dos minions na cabeça.

Anahí – Sempre irreverente. – Gargalhei indo ao seu encontro, a abraçando forte. – Que saudade. – Beijei a sua bochecha inúmeras vezes.

Emma – Estilo é tudo. – Respondeu sorridente. – Também senti sua falta, até do Joe. – Piscou o vendo desequilibrar a panela que lavava a derrubando na pia.