11° Capítulo - Nevasca

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Quando chegamos ao edifício, desci do carro e bati a porta o mais forte que consegui, aquela situação estava intragável. E a culpa era minha, sim, minha. Ele já havia dito que eu não fazia o seu tipo, que eu não interessava, e ainda insisti. Céus a minha relação com a auto estima estava balançada. Eu não conseguia entender, a boca dele dizia uma coisa e o corpo dizia outra, isso eu pude perceber, aquela química era real. Ele não ficaria tão entregue e excitado daquela forma se eu não interessasse, porra eu sou bonita não sou? Nunca ninguém me negou fogo e isso acabou comigo. Quando cheguei no apartamento me joguei no sofá e afundei minha cabeça nas almofadas, ele entrou logo atrás.

Alfonso - Pelo jeito você entendeu tudo errado. – Sentou na poltrona de frente para mim.

Anahí – Pelo contrário, eu entendi tudo perfeitamente. – Respondi irônica.

Alfonso – Anahí...não é que você não me atraia. Você me atrai, muito, você é uma mulher linda, instigante..., mas isso não é suficiente pra mim. Olhe toda a nossa situação, você me odeia, e faz questão de demonstrar isso o tempo todo.

Anahí – Nisso tens razão, mas quem começou foi você. – Levantei do sofá, eu estava no mínimo desconfortável com aquela conversa.

Alfonso – Sim, a culpa é minha, mas o seu silêncio me disse muitas coisas Anahí, inclusive que eu cometi um erro. – Disse enquanto me encarava.

Anahí – Se foi um erro porque estamos tendo essa conversa? – Cruzei os braços recostada no sofá.

Alfonso – Porque eu estou cansado desse jogo. Toda essa situação, todo esse perigo que você corre por capricho, não dá pra mim, se nós não entrarmos em um consenso eu vou entregar o seu caso para outra pessoa. Eu converso com o Jensen, e Joseph assume.

Anahí – Pra quem disse se importar, você desiste muito rápido. – Disse enquanto balançava o pé. – Eu não estou de obrigando a nada, você está aqui por livre e espontânea vontade.

Alfonso – A pergunta é se você quer que eu esteja aqui. – Me encarou.

Anahí – Pra mim não faz diferença. – Dei de ombros.

Alfonso – Era só isso que eu precisava saber. – Levantou da poltrona e caminhou rumo a saída. – Boa noite Anahí. – Saiu em seguida batendo a porta.

Os dias foram passando, e Herrera me submeteu ao inverno mais rigoroso que já pude experimentar, e não estou exagerando diga-se de passagem. Herrera se transformou em um homem frio, indiferente, metódico e sério muito sério. Nós não trocávamos uma palavra, todos os passos eram acertados com um simples balançar de cabeça, para o sim e para o não. Nada de ironias, brincadeiras e brigas, sim nem brigar nós brigávamos. Nos primeiros dias eu ainda tentei forçar uma situação para tirá-lo um pouco do sério, não sei se posso classificar como um quase masoquismo, mas eu gostava daquela sensação de testar a paciência dele ao limite, de o ver pulsando de raiva. Mas agora tudo o que era me oferecido era o simples e puro desprezo. Tenho que admitir que isso me incomoda, eu não estou acostumada a ser ignorada. Não que eu seja a melhor pessoa do mundo, e nem a mais amigável, mas dentro de mim eu não acho justo. Não é justo pelo misto de sensações que esse desprezo me causou. Pela primeira vez me senti pequena diante de alguém, como se eu não fosse boa o suficiente, e não digo isso só pelo fato de não ter ido para cama com ele, mas por estarmos juntos 24 horas por dia e longe o suficiente de qualquer tipo de aproximação.

Hoje, relembrando nossa conversa, pude perceber que ele tinha uma vontade reprimida de melhorar as coisas entre nós, não que nos tornássemos os melhores amigos, mas que a convivência fosse agradável, leve...eu fui um tanto imatura, confesso, mas estava com o ego ferido, e um dos meus defeitos é o orgulho. E assim, cada dia que passa, mas longe estamos.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora