35 ° Capítulo - Merry Christmas

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Os dias passaram arrastados, e um tanto dolorosos. Anahí passou pela cirurgia no fígado, onde perdeu pouco mais de 40% do órgão, quanto a isso os médicos tranquilizaram, informando que o mesmo tem a função regeneradora, e voltaria ao tamanho próximo ao habitual nos próximos meses, mas alertaram quanto o aumento da vulnerabilidade a infecções, que infelizmente se manifestou em forma de pneumonia bacteriana. O que consequentemente retardou a transferência dela para o quarto.

Quase dois meses após o acontecido, finalmente Anahí foi transferida para o quarto. Os cuidados continuavam tão intensos quanto na UTI, todos os dias era visitada por uma legião de profissionais, todos em busca do mesmo propósito, que ela acordasse com menos sequela possível. Quando o cansaço me dominava, dividia os plantões com Emma ou Maite, as vezes Jensen, que corria atrás dos procedimentos jurídicos para condenar o irmão, o fato de ter sido pego em flagrante facilitava o andamento do processo. Meryl se dividia entre o hospital e os cuidados com o apartamento da filha, e da neta, Lolla, que estava tristonha sentindo falta da mãe, e mordia todos os seus sapatos em protesto.

Na tarde daquele domingo, uma semana antes do natal, estava sentado na poltrona terminando de colar o Post-it do dia, em uma agenda que havia comprado para Anahí, quando Emma me sondava curiosa.

Emma – O que você tanto escreve? – Perguntou me olhando de lado.

Alfonso – Recados, são pra ela. – Apontei. – Assim quando acordar não vai ficar tão perdida no tempo, sem saber tudo o que aconteceu enquanto dormia. – Respondi sem olhá-la, entretido com os papeis.

Emma – E o que você escreveu hoje? – Indagou curiosa.

Alfonso – Que Lolla comeu o sapato preferido dela, mas que ela não se aborreça pois vou comprar outro igual. – Sorri com o canto da boca, após finalizar. – Ontem escrevi que tocou uma música dela na rádio, e que foi bom ouvir a voz dela depois de tanto tempo.

Emma – Você gosta mesmo dela, não é? – Perguntou quase em afirmativa.

Alfonso – É mais do que isso Emma, eu a amo. Sei que é uma palavra forte, você pode até duvidar, mas não tem nada que defina melhor o que sinto. Ela trouxe luz pra minha vida.

Emma – Você também trouxe luz pra ela, eu nunca a vi tão feliz. – Ponderou ainda me observando. – Mesmo que ela tenha lutado contra isso, eu sei, e eu sinto que ela se apaixonou por você, como nunca se apaixonou por outra pessoa.

Alfonso – Uma pena que... – Relutei entristecido.

Emma – Não pense nisso, ela vai se recuperar... e vai voltar pra você, para todos nós. Ela sabe que é amada, e que nós precisamos dela. – Ponderou confiante. – Eu tenho certeza disso, é só questão de tempo.

Alfonso – Eu costumo ser forte Emma, mas ela... céus, me desestruturou. – Entreguei derrotado.

Emma – Ela é assim mesmo, um furacão, ou melhor, o próprio caos. – Sorriu divertida.

Alfonso – Eu que o diga, ela mostrou isso desde a primeira vez que nos vimos. Nunca vou esquecer do moletom que usava, "Eu sou a resistência", onde ela conseguiu aquilo? – Perguntei divertido. – Sem contar nas inúmeras vezes que fez questão de tirar minha paciência, me testar no limite.

Emma – E foi de propósito, tenha certeza. Quando contamos a decisão de contratar a sua equipe, ela quis nos matar, eu nem tanto porque a ideia foi de Jensen. Mas você foi paciente, eu a conheço, e sei que pode ser o próprio demônio quando quer.

Alfonso – Seria mentira dizer que nunca tive vontade de amarrar ela na beira da cama, mas essa criatura é hipnotizante. O que são esses olhos? – Questionei apontando na direção da Anahí. – Se fosse só os olhos, mas com o perdão da palavra, puta que pariu, é a própria definição do pecado.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora