Já passava das quatro da manhã, quando Alfonso finalmente se rendeu ao sono, catei o celular e joguei Candy Crush até o dia finalmente amanhecer. Fui até a sacada com cuidado para não deixar passar luz entre as cortinas, sentei em um banco e fiquei observando os funcionários limparem a piscina, outros cuidando do jardim, a brisa carregando as folhas caídas, tudo muito poético. O cenário perfeito para um encontro, ou reencontro, se não fosse os detalhes. Aquelas palavras ainda soavam na minha cabeça, revivi em uma noite toda a minha infância e adolescência, que foram as minhas fases mais rebeldes, as coisas seriam mais fáceis se essa conversa estivesse acontecido desde o início, mas por outro lado eu não aceitaria ser privada de ter uma mãe por conta de uma culpa. Eu nunca imaginei que teríamos essa conversa, e no meu intimo eu não queria, porque era e é um assunto doloroso. Mas esse dia chegou e as consequências dele estão me corroendo.
Alfonso – Bom dia. – Disse beijando minha cabeça e me tirando do transe.
Anahí – Ah... oi, bom dia. – Respondi. – Porque não dorme mais? Você não dormiu nada, ainda é cedo.
Alfonso – Você que não dormiu nada. – Disse sentando no banco em minha frente.
Anahí – Minha cabeça não para, era ela, aqui... depois de tantos anos, é muita ironia do destino, eu fujo do caos, mas ele não sai de mim, sempre me encontra de algum jeito.
Alfonso – Talvez fosse o momento de você se livrar disso... dá mágoa que carrega. – Pontuou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
Anahí – É muita coincidência não acha? – Questionei o observando.
Alfonso – Eu não vou esconder isso de você, não foi coincidência, foi uma força tarefa. Eu sei que não tenho direito de me intrometer na sua vida, mas eu tive necessidade de ouvir o outro lado da história.
Anahí – Como? Você... – Perguntei confusa.
Alfonso – Eu tinha o nome, mas não era suficiente, então Jensen me ajudou, por algum motivo ele mantem contato com sua mãe, então foi fácil encontrá-la. Mas antes que você pense que foi uma armação colocar ela no nosso quarto, não foi. A minha intenção era conversar com você primeiro, saber se queria reencontrá-la, mas o destino foi mais rápido que eu. Nós íamos para outro hotel, mas de última hora esse foi o único lugar que tinha vaga... o resto você já sabe.
Anahí – Eu não sei o que dizer.
Alfonso – Eu vi verdade nas palavras dela Ani, nos olhos, ela sofreu igual ou pior que você. – Ponderou acariciando meu rosto. – Sei o que é carregar uma culpa, e ela ainda não se perdoou, é a mesma penitencia de crimes diferentes.
Anahí – Você não matou Natalie.
Alfonso – E nem a sua mãe matou Artur e Melina, mas ela acredita que sim. E ela quis reverter isso e conseguiu, a sua tia foi feliz. Foi um ato nobre, não a condene mais que a consciência dela.
Anahí – Não é fácil pra mim. – Disse em um sussurro.
Alfonso – Você não pode mudar o passado, mas tem oportunidade de mudar o futuro. A vida tirou sua tia e agora está devolvendo sua mãe, não desperdice essa oportunidade.
Anahí – Eu vou pensar, eu preciso de um tempo para digerir.
Alfonso – Nós ficaremos o tempo que achar necessário. – Finalizou selando nossos lábios. – Mas agora, nós vamos tomar banho e aproveitar o café da manhã.
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All Of Me
FanfictionEu espero que você aproveite os raios solares que adentram sua janela entre as cortinas. Aproveite para me agradecer, eu lhe dei mais um dia para se arrepender. Eu espero que você aproveite o som da sua voz enquanto canta para seus milhares de fãs...