7° Capítulo - Contratempo

1.5K 120 14
                                    

No caminho do hotel passamos em um drive-thru, do Mcdonalds, não queria abusar da companhia dele, estava me sentindo estranha passado aquele momento de angústia. Não trocamos mais nenhuma palavra, ele voltou a sua neutralidade e eu a minha pose de dona do mundo. No elevador só se ouvia as respirações, ele recostado na lateral, as mãos dentro dos bolsos da calça, e eu fitando o visor que mostrava os andares enquanto enrolava um cacho entre os dedos. Quando o elevador se abriu e dei o primeiro passo notei que a porta do meu quarto estava entreaberta.

Anahí – Você não fechou a porta? – Perguntei.

Alfonso – Espera. – Me puxou pelo braço – Tem alguma coisa errada, arrombaram a porta.

Foi apenas dois minutos, cronometrados. Herrera bipou a escuta que utilizava, e logo em seguida um segurança até então desconhecido por mim, apareceu nos corredores e me pegou pela mão, sem tempo para apresentações, ele já me puxava em direção ao elevador.

Anahí – O que é isso? O que está acontecendo? – Tentei me desvencilhar, em vão.

Alfonso – Anahí ele vai tirar você daqui, vá. – Mandou, a voz rígida, a face contraída, tinha alguma coisa muito errada.

Anahí – Eu não vou a lugar nenhum, eu quero saber o que está acontecendo. – Reuni forças pra me soltar daquele brutamontes, mas ele era forte demais. -  Herrera, mande esse homem me soltar, AGORA. – Gritei a plenos pulmões.

Alfonso – Leve-a. – Assentiu com a cabeça, dando permissão para o outro me levar.

O segurança, identificado apenas como B1 em uma tarja posta na camisa, me pegou nos braços, eu estava imobilizada. Quando chegamos a garagem, me colocou dentro de um carro com fumê espelhado, travou as portas e começou a dirigir com uma velocidade acima do permitido. Eu queria enforcá-lo, estava irada, eu precisava saber, perguntei várias vezes, tentei de forma amigável, depois filho da puta foi o adjetivo mais leve dos que me referi a ele. Nada, nenhuma resposta. Eu não sabia se quer para onde estava indo. Até que reconheci o lugar, o aeroporto de Madrid.

Descemos do carro, B1 no meu encalço. Não estava entendendo nada, mas tive que seguir as suas ordens. Passei por um check-in, por força do maligno, porque eu só estava com o celular e um batom na bolsa a tiracolo. Quando entrei na sala de embarque lá estavam eles, Jensen, Emma, e mais dois dos B’s, babacas.

Anahí – Que loucura é essa? Alguém pode me explicar? – Caminhei enfurecida ao encontro deles.

Jensen – Caralho Anahí, eu falo, falo.... Você não me escuta, mais que porra! – Bradou, quase me estapeando com aquelas palavras.

Anahí – Epa, epa... eu não fiz nada, quando vi já estava aqui. Ele me arrastou. – Apontei pro segurança tentando me defender.

Emma – Ai Ani, tive tanto medo, você ainda vai me matar... ser sua amiga é um teste pra cardíaco. – Me puxou pelas mãos e me abraçou, quase me sufocando. Emma era assim, exagerada.

Jensen me olhava com o rabo do olho. Quando foi que ele parou de me aturar? Onde estava o amigo carinhoso, que atendia minhas vontades e me mimava?

Jensen – Vem aqui Anahí. – Falou enquanto massageava as têmporas, parecia tentar se acalmar.

Caminhei até ele, tentei reconhecer as feições, estava ríspido demais. Então ele cedeu e me puxou para um abraço, me aninhou e soltou um longo suspiro.

Jensen – Me prometa, prometa que vai seguir à risca as ordens da equipe. Me prometa Ani. – Repousou as mãos no meu rosto, fazendo com que eu o encarasse.

Anahí – Só se você me falar o que aconteceu. – Coloquei minhas mãos sobre as dele.

Jensen – Invadiram seu quarto, reviraram tudo e deixaram outra carta, dizia que não via a hora de encontrar você no inferno. Porra Ani, eu não sei mais o que fazer, ele sabe todos os seus passos, tivemos que desmarcar tudo e pegar esse voo às pressas... – Me apertou em um abraço, senti a respiração acelerada, ele estava mesmo preocupado.

Anahí – Jensen, calma...eu to aqui não to?! Não vai me acontecer nada...- Segurei o rosto dele com as duas mãos. – É isso que ele quer, deixar a gente acreditar que estamos perdendo o controle, mas isso não vai acontecer. Relaxa. – Depositei um beijo na bochecha dele.

Certamente eu disse aquilo para tentar acalma-lo, eu ainda não conseguia acreditar que aquela ameaça era real, mas iniciar uma discussão sobre o assunto naquele momento estava fora de cogitação. Ele estava atordoado, e eu não iria piorar a situação.

Passageiros do voo 5689 com destino a Manhattan, embarque imediato pelo portão A29.

Estávamos todos ali, exceto Herrera.

Anahí – Espera, e Herrera? Ele não vai? – Perguntei, logo após apoiei as mãos na cintura.

Jensen – Não, ele precisa ficar pra tentar recolher alguma prova, digitais, algo do tipo... – Respondeu enquanto caminhava em direção ao portão de embarque. – Porque, algum problema? – Franziu a sobrancelha.

Anahí – Não, nenhum...digo, era só curiosidade. – O acompanhei.

Emma ergueu uma sobrancelha e eu conhecia aquele gesto, certamente ela estranhou o meu repentino interesse. E aquilo iria me render uma maratona de perguntas. Deus me ajude, eu só estava curiosa.


-

Olá amorinhos!

Estou muito feliz com a interação de todos vocês, amando os comentários, inclusive comentem o que estão achando, é muito importante receber esse feedback.
Como agradecimento, hoje vou postar uma sequência de três capítulos, espero que gostem do desenrolar da história tanto quanto eu.

Um beijo 😘 !

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora