Dois meses se passaram desde aquela difícil despedida que tive que enfrentar, dois meses que não fito os olhos do meu inesquecível guarda-costas, e nossos encontros se resumem a horas no telefone, troca de mensagens, e a imensa saudade que me corrói todos os dias.
Quando consegui sair daquele aeroporto, após longos minutos observando o avião partir até sumir do meu alcance visual, tive que auxiliar Jensen em todo o processo do velório e sepultamento do irmão. Confesso que não consegui chegar perto do caixão, me acomodei um pouco distante do lugar, apenas para oferecer minhas condolências aquela família que por muitos anos também foi minha. Eu já conhecia o processo do luto, e pude compreender meu amigo da melhor forma possível, mesmo sabendo que nunca estamos preparados para perder alguém, mesmo que essa pessoa tenha em vida cometido atitudes contestáveis, infames, os laços de sangue são impossíveis de serem quebrados.
Durante esse tempo, Emma e eu nos dedicamos inteiramente a Jensen, para mostrá-lo que a nossa amizade era forte o suficiente para atravessarmos juntos qualquer dificuldade. Quando enfim notamos que ele melhorara, pude voltar para a rotina de shows que estavam em stand-by desde quando havia decidido ir para Boston. Então retornei para os palcos, como uma forma de espairecer e tentar amenizar aquela saudade que estava me sufocando. Veja bem, Alfonso e eu nos falávamos todos os dias, mas a investigação tomava quase 100% do seu tempo, e eu me sentia meio de escanteio na nova vida que ele construía, talvez por esse motivo ainda não tenha ido de uma vez ao seu encontro, sabendo que agora a carreira dele deveria ser prioridade.
Eu bem aceitaria isso, pelo bem dele... pelo direito que Alfonso tinha em correr atrás dos seus sonhos, do trabalho que ele gostava e tanto sentia falta. Mas preciso confessar que é difícil pensar dessa forma, quando me encontro dentro do banheiro do camarim, após vomitar dezenas de vezes apenas aquele dia, e sem forças o suficiente para esboçar alguma reação com aquele "positivo" que agora tenho em mãos, mãos essas que não param um segundo se quer de tremular. O medo percorre meu corpo em súbito, e eu levo a mão direita até a testa contendo o suor frio que me toma naquele instante, sim eu estou grávida, e esse positivo acaba de confirmar todas as suspeitas daquelas últimas semanas, em que a náusea, enjoos e quedas de pressão me fizeram companhia.
Eu que nunca imaginei ter minha própria família, nem se quer cogitei tempo algum em ser mãe, agora estava dentro daquele ambiente, buscando forças para levantar e enfrentar o show que viria pela frente, sabendo que daquela vez eu não estaria sozinha. Minha respiração ficou descompassada, como eu contaria aquilo a Alfonso sem que ele abandonasse tudo e viesse ao meu encontro? Eu não podia fazer isso, mas ao mesmo tempo a responsabilidade de gerar um ser, fruto de tantas vezes que nos amamos sem receios, e sem nos preocupar com as consequências daquilo, me assustava de tal forma, que me perguntei diversas vezes se eu conseguiria, se seria uma boa mãe para aquela criança e se nós conseguiríamos ser bons juntos.
Sai do banheiro, ainda nauseada, tateando a parede em busca de equilíbrio. Avistei meu celular sobre o sofá e disquei para o celular dele. Chamou uma, duas, três vezes...até cair na caixa de mensagem, ele deveria estar trabalhando. Eu precisava dividir aquela notícia com alguém, e tinha que ser ele o primeiro a saber. Tentei mais uma vez, depois de algum tempo ele enfim atendeu.
Alfonso – Amor... desculpe a demora, estava em reunião. – Se adiantou, falando com o tom de voz baixo.
Anahí – Desculpe você, não quis atrapalhar... eu só... – Emendei tentando controlar o nervosismo.
Alfonso – Não diga isso, você não atrapalha...tudo bem por aí?
Anahí – Não sei. – Respondi sucinta.
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All Of Me
FanfictionEu espero que você aproveite os raios solares que adentram sua janela entre as cortinas. Aproveite para me agradecer, eu lhe dei mais um dia para se arrepender. Eu espero que você aproveite o som da sua voz enquanto canta para seus milhares de fãs...