5° Capítulo - Wanna Play?

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Eu nem sei explicar como foi aquele show. Estava lotado, definitivamente mais do que eu pudesse esperar, as vozes dos fãs quando eu virava o microfone para eles, a vibração que vinha de dentro todas as vezes que eu fechava os olhos para escutar os gritos e todo o amor que eles transmitiam. Todo show era uma sensação nova, inexplicável e como eu já disse, anestesiante. Em cima de palcos como aquele que eu deixava de lado toda e qualquer preocupação e podia ser eu mesma. Tia Ângela dizia que eu havia nascido pra isso, eu podia fechar os olhos e vê-la, senti-la bem à minha frente repetindo que a música era mesmo algo que me fazia reluzir, e hoje, eu vejo que tudo o que ela dizia era verdade.

Foi, definitivamente, uma noite mágica. E nada melhor do que ir beber logo depois para comemorar, você não concorda? Já fazia parte da rotina, depois de um show magnífico como aquele, sair para comemorar, eu merecia, no fim das contas, mas parece que hoje, especialmente hoje, não era bem um dos meus dias de sorte.

Jensen – Eu já disse que não, Anahí. Não é não, puta que pariu, entenda! – Andava de um lado ao outro, comigo em seu encalço.

Sim, Jensen recusava o meu pedido. Dá pra acreditar? Eu só queria UMA noite, uma apenas em que ele voltasse a fazer todas as minhas vontades. (Não que acontecesse sempre, é claro, mas ultimamente ele estava irredutível!) E eu bem sabia o porquê...

Anahí – É só por algumas horas, Jensen, só preciso beber um pouco, espairecer, o que custa?! – Cruzei os braços, parada na frente dele.

Ok, estávamos todos ainda no meu camarim. Leia todos, incluindo: Jensen, Emma, o guarda-costas e eu. E nenhum, nem mesmo Emma, estava aceitando aquela minha ideia de sair para comemorar o sucesso que tinha sido à noite. Eu ainda estava com o figurino, insistente como costumava ser, tentava convencer agora a Jensen para ir comigo. Mas, como já visto, ele não estava muito a fim.

Jensen – Amanhã cedo você tem uma bateria de entrevistas com a imprensa local, Anahí, precisa estar bem disposta – tentava, em vão, é claro, me convencer. Dessa vez, falava sério – Outro dia nós podemos sair, mas HOJE não.

Anahí – Emma... – virei-me esperançosa, numa última tentativa.

E as sobrancelhas erguidas da minha melhor amiga não eram nada positivas. Pelo amor de Deus, o que eu fiz para merecer isso? Todos voltados contra mim! Quando foi que eu deixei mesmo de ser a estrela paparicada aqui?!

Emma – Podemos ir no sábado, Ani, antes de voltarmos, mas hoje, não. – Negou, e parecia muito segura do que dizia.

Adiantava continuar insistindo? Não, é claro que não, mas se eles pensam que eu vou dar o braço a torcer, ah, mas estão muito enganados...

Alfonso – Eu acompanho você.

A voz rouca e firme me atingiu em cheio. Eu estava tão possessa que sequer podia lembrar que ele ainda estava ali, nas minhas costas, à minha sombra, com o semblante impassível de sempre. Mas será que eu ouvi direito?

Anahí – O que disse? – Eu juro que não queria, mas acabei rindo, colocando as mãos na cintura logo depois. Rindo de nervoso, literalmente.

Alfonso – Eu acompanho você – reformulou, agora com as sobrancelhas um pouco unidas, encarando-me seriamente.

Ok, eu acho que já posso admitir que meio que... Gosto? É, talvez eu goste mesmo dessa forma que ele olha pra mim. Eu sinto vontade de irritá-lo de alguma forma, sinto-me instigada. Mas naquele instante não. Herrera parecia só querer me ajudar mesmo. E eu não tinha muitas opções, não é?

Jensen – Ótimo, assim ele te faz companhia e ao mesmo tempo, cuida da sua segurança. – Suspirou longamente, pegando uma garrafinha de água. Parecia cansado. Mas eu ainda estava irritada com ele.

All Of MeOnde histórias criam vida. Descubra agora