Sabe aquela sensação em que o mundo abre embaixo dos seus pés, e você começa a cair em queda livre, sem ajuda, sem uma única chance de sobreviver? Foi exatamente o que senti quando Anahí desapareceu. Fiquei incontáveis dez minutos a esperando no carro, quando um sentimento angustiante me tomou subitamente e saí do carro atrás dela. Ninguém no elevador, ninguém nos corredores, ninguém no apartamento. Bipei os outros e ninguém a encontrava. Meu ar faltou e esmurrei a parede até que me machucasse, derrotado, revoltado, inconformado e principalmente desesperado. Não foi fácil convencer Jensen para que me desse o endereço e o telefone do irmão, eu não tinha certeza, e em meu intimo não queria confirmar as minhas suspeitas, mas algo relutava em minha cabeça para que procurasse vestígios de Jared.
Tive que suportar uma Emma colapsando de nervoso e em um choro inconsolável a minha frente. Ouvir de Jensen o quanto havíamos sido incompetentes e irresponsáveis, minha equipe e eu. Em outra situação aquilo seria motivo para uma briga ainda maior, mas as imagens dela pairavam em minha mente sem cessar um minuto se quer, e a ideia que ela estava em perigo me corroía de tal forma a qual eu nunca mais pensei que poderia voltar a sentir.
Os dias foram passando e eu não conseguia fazer outra coisa que não fosse procurá-la, eu reviraria o mundo se fosse preciso. Fechar os olhos era o mesmo que um puro e amargo castigo, eu via os olhos dela, aquele azul que eu tanto adorava, me encarando com total mágoa, como se me culpasse por aquilo, e eu sabia que a culpa era minha, mais uma vez. Falhei. Eu ainda conseguia sentir o sabor dos lábios dela sobre os meus, e aquilo era suficiente para que meus olhos encharcassem em angustia, o medo de perdê-la me sufocava. Não comia, não dormia, eu só queria ela de volta em meus braços.
Jensen por fim cedeu, nos acompanhou até o apartamento do irmão, e o que encontramos lá foi o suficiente para que confirmássemos, o autor da carta era Jared. No local, várias fotos espalhadas em porta retratos, em uma espécie de altar. Imagens da Anahí adolescente, algumas em momentos descontraídos, e uma em especial, com ela segurando Lolla, o que comprovava que ele a observava sempre. Vi Jensen cair em um choro copioso, desnorteado, tanto pelo sumiço dela quanto pelo fato de ser o irmão dele o cara que tanto procurávamos.
A partir dali todo o processo foi o mais tático e profissional possível. Rastreamos o celular de Jared, para conseguir a exata localização, mas não era tão fácil assim. Era uma faca de dois gumes, invadir o local a colocaria em risco, nós não sabíamos o quanto Jared havia se preparado, a única coisa que eu sabia era que a tiraria dele o mais rápido possível, e em segurança.
Infelizmente não foi bem o que aconteceu, chegamos ao local, um galpão cerca de cinquenta quilômetros da cidade, em uma área de terra isolada, protegida por cercas elétricas e alguns cães de guarda. Dopar os animais levou tempo, e cercar a área com precisão e cuidado também. Quando enfim a equipe conseguiu desativar as travas eletrônicas do portão, ouvimos o barulho de um tiro. Arfei em desespero e corri o mais rápido que consegui, Joseph me acompanhou e os policiais invadiram. O cheiro de fumaça inflou em minhas narinas, e arrombei a porta, para só então avistar, mesmo que de longe, ela. Caída no chão, entre a cortina negra que se formava no lugar, uma dor profunda dilacerou meu peito quando me aproximei e toquei no seu rosto gelado, foi a pior imagem que vi na vida. Anahí deitada sobre uma poça de sangue, do próprio sangue, o azul dilatado, entre as piscadas longas que ela dava entre gemidos, a real e própria imagem do meu maior medo, vi a vida dela escorrer entre os meus dedos que agora pressionavam o ferimento, à espera da ambulância. Eu queria colocá-la nos braços e tirá-la dali, mas não tinha dimensão de onde a bala havia atingido, e movê-la sem o devido cuidado poderia causar danos irreversíveis.
As lágrimas brotavam dos meus olhos com velocidade, assim como meu peito palpitava descompassadamente. Aquela não era de longe a mulher que eu estava acostumava a ver, a pele pálida, visivelmente mais magra, os lábios ressecados e as veias saltadas denunciavam a desidratação. Mas sim, aquela era a mulher que eu aprendi a amar depois de tentar odiar. Um filme passou em minha cabeça, e o remorso me corroía por não ter me dado conta disso antes, só podia ser amor. Eu não queria outra pessoa na vida que não fosse a Anahí, aquela bagunça que fazia com os meus sentidos me reorganizou inteiro, para me entregar totalmente, de corpo e alma, somente para ela, para admitir que eu sou incontestavelmente dela.
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All Of Me
FanfictionEu espero que você aproveite os raios solares que adentram sua janela entre as cortinas. Aproveite para me agradecer, eu lhe dei mais um dia para se arrepender. Eu espero que você aproveite o som da sua voz enquanto canta para seus milhares de fãs...