⏩ O Real Motivo

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Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não podem entende-las, porque elas se discernem espiritualmente.
(1Co 2: 14).

Selena sentia o desespero tomando conta de seu corpo a cada curva que o carro fazia em alta velocidade. Ela segurava firmemente o cinto de segurança com a intenção de se proteger de um possível acidente.

– Gustavo, vai mais devagar! – pediu, suplicando.

Porém, o pedido fora ignorado pelo homem que conduzia o veículo. Selena nunca o tinha visto com um olhar tão frio. Sua mente parecia maquinar diversas coisas e ela tinha medo de saber quais seriam. No início parecia uma pessoa tão tranquila, mas naquele momento se demonstrava totalmente diferente.

– Se a sua intenção é nos matar, não será preciso. – Ele finalmente se virou, dando atenção a menina. – Porque eu me lanço desse carro agora, se você não diminuir essa velocidade! – Selena declarou entre os dentes.

Aqueles olhos verdes não brilhavam mais, era como se uma nuvem enegrecida tivesse se apossado deles. Selena sentiu um arrepio temeroso percorrer suas entranhas. Mas Gustavo, enfim, desacelerou e a respiração ofegante da jovem foi amenizando.

– Quando estava com ele não teve medo, não é? – a pergunta dele foi lançada num tom severo de voz.

– Ele quem? – ela indagou.

– Não se faça de desentendida – Gustavo bateu no volante, enraivecido. – Danilo, aquele miserável!

Selena arregalou os olhos por ouvir tamanha ofensa contra o homem tão gentil que conhecera. Não entendia a grande ira de Devin para com Danilo.

– Não o ofenda desta maneira! – protestou ela contra a hostilidade de Gustavo.

Ele a mirou com grande aborrecimento, piorando até o sentimento.

– Agora vai defendê-lo – soltou uma risada sarcástica. – Era só o que faltava.

Selena ficou calada.

O carro entrou numa rua pouco movimentada ao lado de uma praça. Enfim, aquele saculejo parou a fazendo inclinar-se para frente e apertar o peito, soltando uma grande lufada de ar.

Gustavo ficou parado ao lado dela, parecia esperar a mesma se recompor.

– O que você quer, Gustavo? – ela perguntou, voltando-se novamente à posição ereta no banco do carona.

– Primeiro, que você se recupere.

Ela semicerrou os olhos na direção dele, querendo de certa forma dar-lhe um soco bem no meio daquele rosto simétrico, talvez assim colocasse um pouco de juízo em sua cabeça.

– Não acredito que deseja meu bem depois de quase me matar – proferiu com ironia.

Um músculo do maxilar dele saltou.

– Eu não queria te causar prejuízo, estava com raiva. – Olhou firmemente para ela. – Já falei que não consigo te ver com outra pessoa.

– Já expliquei que não temos nada, Gustavo.

Ele fechou olhos, irritado por causa daquela infeliz lembrança que Selena sempre trazia.

– Mas o que você quer, realmente? – a jovem indagou mais uma vez.

– Antes, devemos ir até aquele lugar. – Ele apontou para um pequeno quiosque rústico.

Gustavo foi rápido em descer do carro e abrir a porta para ela. A jovem desceu e não cedeu em segurar a sua mão. Não podia ficar alimentando contatos físicos, as coisas poderiam ficar mais confusas do que já estavam.

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