FIEL

⏩ Sem Temor

Selena andava com sua mãe pelas ruas do centro da cidade, no intuito de comprar seu enxoval. Desde o noivado com Danilo, a vida da jovem virou-se de cabeça para baixo com a correria dos preparativos do casamento. O seu amado noivo não podia esperar muito tempo para a realização da cerimônia, já que seu emprego na outra filial exigia boas horas de trabalho, o que significava que ambos teriam no máximo apenas três meses para se unirem em matrimônio.

– Ele respondeu? – A mãe de Selena perguntou ao ver a filha com os olhos grudados na tela do celular.

– Sim, ele chega no fim de semana. – Selena suspirou pela saudade que comprimia seu peito.

Há duas semanas, Danilo viajara para voltar aos seus serviços, os dois apenas conversavam pelo telefone durante algumas horas pela parte da noite. A saudade e a vontade de estar junto a ele constantemente era esmagadora. Logo no início, se assustou pelo curto período solicitado por seu noivo para preparar a celebração do casamento, mas ao ver como ansiava estar perto dele, naquele instante desejava casar no outro dia. Não aguentava mais esperar.

– A saudade está dominando, não é? – a mãe indagou retoricamente.

– Eu estou a ponto de explodir, mas preciso me conter. – Selena inspirou e soltou o ar.

– Se contenha, porque em breve você poderá usufruir de todas as dádivas que o casamento proporciona a um casal. – A filha sentiu as bochechas corarem.

– Eu tenho medo – Selena expôs seu temor a sua genitora.

– Medo do quê?

A menina escondeu o rosto entre as duas mãos, querendo fugir daquele assunto. Mas, a verdade era que ela precisava desabafar sobre alguns tormentos que dominavam seus pensamentos.

– E se eu não for suficiente para ele? – A mãe semicerrou o olhar para a jovem não a compreendendo. – Quero dizer, Danilo teve um tempo de sua vida em que não foi cristão, com certeza se relacionou com outras meninas. Tenho medo dele me comparar com alguma de suas antigas namoradas.

– Como você sabe disso?

– Eu perguntei na semana passada sobre a vida degenerada dele. Tudo bem, eu deveria ter sido mais cautelosa, contudo não consegui evitar a curiosidade. Pedi para que ele fosse sincero – respondeu com o coração acelerado, relembrando do momento constrangedor que a conversa causou.

– E ele respondeu sem mais nem menos? – Laura inquiriu com o cenho franzido.

– Na verdade, ele não queria falar do passado. Disse que o importante era a obra de Cristo na sua vida, mas como sou teimosa insisti sobre a verdade. – Selena suspirou e soltou uma lufada de ar. – Então me contou que havia se relacionado com outras mulheres antes da conversão. Foi duro ouvir aquilo.

– Quem procura acha, minha filha. Se nem Deus recorda o passado dele, você vai querer fazer esse papel?

Selena abaixou a cabeça envergonhada pela situação em que se meteu. Certamente, desde a revelação sobre o passado de seu noivo, muitas suposições ruins queriam dominar sua mente.

– E agora fico me comparando com uma mulher que nunca vi. Que raiva de mim! – Selena bateu na própria testa a fim de extravasar a raiva consigo mesma.

– Você tem duas opções: Confiar na graça do Senhor na vida do seu futuro marido, ou permitir que as setas malignas criem raízes na sua cabeça. – Laura a abraçou de lado. – Esqueça o passado, filha. Sempre haverá motivos para nos deixar infeliz. Cabe a nós decidir se iremos desfrutar das bênçãos de Deus, ou permitiremos que o pecado dos nossos corações as transforme em algo ruim.