Selena Cadori, após anos de estudos, consegue seu primeiro emprego. Ela recebe um aviso solene de como se portar naquele local, mas as lutas em seu coração logo começam: Incredulidade; Paixão e Dilemas. Sentimentos que outrora lhe eram desconhecido...
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O crepitar do fogo fazia Selena relembrar de alguns momentos de sua infância quando passava feriados na fazenda de seus avós, a sensação acolhedora se apoderava dela naqueles breves instantes enquanto apreciava uma bela canção que era entoada por algumas das meninas ali. Ester se posicionou ao lado dela e abraçou o próprio corpo, sinalizando como a temperatura havia caído e o frio dominava.
As duas jovens haviam se entendido muito bem durante o dia, e pareciam ter achado mais coisas em comum do que imaginavam. Bethany ficou satisfeita por saber que o Senhor havia providenciado uma companhia para Selena, assim ela podia executar suas funções sem receio de ter abandonado à amiga na conferência.
– Ei, Ester! – uma voz aguda chamou a jovem e ela virou-se para ver quem era. – Sabemos que você é uma excelente cantora, porque não nos abençoa um pouco, hein? – Uma menina de cabelos encaracolados pediu com gentileza. No entanto, Ester se perguntou de onde aquelas pessoas estranhas a conheciam.
– Canta, Ester! Quero ver seu talento em ação – Selena deu um empurrãozinho na nova colega e a jovem riu.
– Eu não sei tocar violão muito bem – declarou a musicista sentindo-se encabulada com a pressão colocada sobre seu suposto dom.
– Se preocupa, não – replicou a menina de outrora. – A gente toca e você canta, tudo bem?
Ester assentiu e os primeiros dedilhados nas cordas foram dados, trazendo consigo uma profunda melancolia em Selena. A voz de Ester parecia saborear cada letra da canção, interpretando de forma tão vívida aquela rica música.
"Para nós Ele é da vida o melhor
Nosso mover e existir paraíso aqui
Só a ele entregar o princípio e o fim
Do universo o Rei, do mundo a Luz"*
Ao escutar aquele refrão moveu uma profunda sensibilidade em Selena, ao se lembrar de tudo que vivera há apenas alguns dias atrás. Suas lágrimas desciam copiosas em seu rosto, e apesar de querer, não conseguia conter tamanhas emoções.
Ester observou com atenção as reações da colega e com carinho mostrou suas condolências para com a situação que para ela lhe era desconhecidas. Ao finalizar a canção, ambas se recolheram aos dormitórios. Selena se encontrava calada até certo momento.
– Você está bem, Selena? Parece tão triste. – Observou Ester enquanto tirava de suas malas o seu pijama.
– Não é nada, é que... – Ela fez uma pausa e massageou a garganta. Havia muitos sentimentos engasgados ali. – A letra daquela música falou muito comigo.
– Ah! Entendo bem dessa sensação – contou a moça e sorriu um pouco.
As duas ficaram em silêncio. Selena deitou-se em sua cama por alguns instantes e ficou olhando para o teto enquanto Ester fora trocar de roupa. Quando sua colega de quarto retornou, Selena percebeu no curto trajeto dela do banheiro para a cama, seu manquejar.
