⏩ Ações de Graça

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Selena fechava os botões de seu vestido em frente ao espelho ainda vendo as marcas em sua face de uma noite inteira de agonia e lamurio. Seu pai a buscou depois da discussão com Gustavo. No momento, ao ver seu sofrimento nada perguntou, mas certamente chegaria o dia em que deveria dar uma explicação ao seu genitor.

O relógio marcava as 17:50, logo Danilo chegaria. Quis desistir de sair, queria apenas poder passar a vida toda dentro daquele quarto escuro, com o fantasma da solidão como seu companheiro, pelo menos não sofreria. Mas sabia que não podia fazer aquilo. Era seu dever ser forte pela família, no entanto, a cada novo amanhecer era como se suas forças se esvaísse pelo ralo. O barulho da buzina a fez balançar a cabeça para se livrar daqueles pensamentos. Pegou sua bolsa e se encaminhou até a porta, no decorrer do trajeto seu pai a interceptou e perguntou:

– Aonde vai, Selena?

– Irei a um culto com um amigo – declarou, mordendo o lábio inferior.

– Que amigo é esse? – Sr. Renato estreitou os olhos para a filha, a levando a temer sobre sua permissão.

Quando Selena iria responder a companhia tocou.

– Deixa que eu atendo. – Sr. Cadori se dirigiu até a porta e encarou um rapaz bem afeiçoado. – O que deseja, rapaz?

– Vim buscar Selena.

– Assim sem mais nem menos? – O pai perguntou não gostando nada daquele assunto.

– Não, senhor – o homem respondeu. – Por isso estou aqui, para me apresentar.

– Se apresente, então. – Sr. Renato franziu o cenho e cruzou os braços frente ao peito.

– Meu nome é Danilo Kanaski, senhor. – Ele estendeu a mão para o pai de Selena. – Trabalho na mesma empresa que sua filha e somente a convidei para me acompanhar ao culto na minha antiga igreja. Será um momento muito bom.

Renato olhou a filha de soslaio e a mesma apenas abaixou a cabeça.

– Por que você acha que devo confiar em suas palavras? – inquiriu o Sr. Cadori com as linhas de expressão acentuadas na testa.

– Porque o senhor é homem e cuida da sua família, sabe muito bem reconhecer os lobos quando se aproximam da sua porta. Como dizem as escrituras: “De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e furtar dali os seus bens, sem que primeiro o amarre”. – Danilo o olhou com firmeza. – Certamente, eu não me poria diante do chefe da casa se quisesse prejudicá-la.

Selena ficou boquiaberta com a resposta de seu amigo ao pai.

– É corajoso e sábio, Danilo! – Sr. Renato assentiu. – Tem minha permissão. – E retribuiu o aperto de mão do jovem.

Danilo consentiu.

– Pode ir, Selena, mas não chegue tarde. – Beijou o topo da cabeça da filha. – Proteja-a, Danilo.

– Com a minha vida, senhor – ele respondeu com total segurança e senso de responsabilidade.

– Boa noite, papai. – Selena se despediu e caminhou para o lado do amigo.

Danilo abriu a porta para ela entrar e a jovem percebeu ter alguém ali dentro.

– Sra. Gracinda! – Selena sorriu ao ver a idosa toda arrumada os esperando.

– Olá, minha filha. Danilo me chamou para acompanhá-los.

– Que ideia excelente! – Selena disse, terminando de pôr o cinto de segurança. – Sua companhia é sempre um prazer.

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