⏩ Fraqueza

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Gustavo saiu do banheiro com uma toalha enrolada em seu corpo e seus olhos fitaram com desprezo mais uma mulher deitada em sua cama. Ele não aguentava mais nenhuma delas. Aquelas mulheres traziam para sua vida apenas um prazer passageiro, que no outro dia era esquecido assim como sua face refletida no espelho. Inutéis! Era um bando de inúteis!

Ele abaixou a cabeça e sua mente lhe trouxe a recordação de Selena em seus braços na sua sala, quando a mesma teve o desentendimento com Berilo. Parecia tudo tão certo. Não havia impedimentos. E, de repente, uma centena de empecilhos se lançou entre os dois. Aquele Deus, aquela religião, Danilo e todos os outros que faziam de tudo para tirá-la de suas mãos. Não! Ele era Gustavo Devin e sempre tinha as coisas que queria. Olhou para a mulher dormindo a sua frente, mais uma de suas conquistas. Era sempre assim: conquistas! Ele sabia conquistar. Era especialista nisso. Inferno!

A mulher de olhos pretos, cabelos longos e lisos se acordou e virou-se para ele com um sorriso malicioso. Ele não manifestou nenhuma expressão para com a ousadia oferecida logo tão cedo. Apenas balançou a cabeça e seguiu em direção a seu closet a fim de vestir-se para trabalhar. Era hora de vê-la novamente depois de alguns dias afastado. Ele precisava daquele tempo para colocar sua cabeça no lugar, mas agora as coisas já tinham ido longe demais. E o mesmo não iria se dar por vencido naquela batalha. Assim que voltou ao quarto a mulher ainda estava envolta em seus lençóis e não fazia menção de querer ir embora.

– Quando voltar não quero mais vê-la aqui – disse sem ao menos olhá-la.

– Tem certeza? – a voz arrastada dela mostrava suas outras intenções. – Eu poderia...

– Você não poderia. Ninguém poderia.

– Por que, benzinho? – ela indagou com um sorriso barato no rosto, que fazia as covinhas do seu rosto se destacarem.

– Porque você não é ela. E nunca poderá ser. – As palavras voaram de sua boca.

– Eu não estaria tão certo disso – a mulher disparou.

– Para você chegar perto do que ela é – ele virou-se para a jovem –, precisaria nascer de novo.

– Ah, sim – a mulher gargalhou. – Ela é uma santa!

– Chega perto – Gustavo assegurou pegando sua pasta em cima do sofá.

– Então, não se iluda com isso. – Ela sorriu com deboche. – É melhor aproveitar o que tem em suas mãos.

– Por que diz isso? – Ele estreitou o olhar para a mulher que, ao perceber a nuvem escura que o cobrira no momento, engoliu em seco.

– Porque se ela é uma santa nunca se envolveria com um homem tão...

– Tão...? – Ele em passos lentos se aproximou da jovem.

– Devasso e libertino! – Completou.

Ela pôde contemplar o bufar de ira de Gustavo. Ele a fuzilou com um olhar mortal, fazendo a mesma apertar os lençóis com seus dedos, sentindo a sua própria unha perfurar sua pele.

– Eu vou mostrar pra você o que é um homem libertino. – Ele com um sorrisinho a segurou pelo braço, levando-a gemer pela dor de ter sua pele esmagada com o aperto brutal das mãos do homem.

A jovem foi arrastada com o lençol enrolada no corpo pelo apartamento.

– Me solta! Está me machucando! – Ela pedia o batendo contra o peito, fazendo-o apenas rir com as tapas que não lhe causavam nenhuma agonia. Chegaram à porta e ele abriu. – Se eu sou um libertino, você também é. Aproveite e mostre isso ao mundo! – A jogou para o lado de fora.

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