⏩ Tempero

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Selena visualizou no relógio que faltava apenas uma hora para o culto. Ela havia posto um vestido azul e uma jaqueta por cima. O frio estava acentuado aquela noite. Mas de um jeito que não sabia descrever, sentia seu coração aquecido. De alguma forma, vivenciava uma sensação de proteção e segurança. Ela fechou os olhos e fez uma breve oração:

Obrigada, Senhor, por estes momentos. Pela vida de cada um aqui desta casa. Que o Senhor continue abençoando esta família e abençoe o Danilo ricamente, por tudo de bom que ele tem feito. Em Cristo, amém!

Ao chegar à sala, encontrou Danilo sentado, encostado no braço do sofá com um livro em mãos. Ele estava simples com sua calça jeans e uma blusa polo de cor escura, sua concentração lhe dava uma aparência de serenidade. Selena não conseguiu chamá-lo. Simplesmente estagnou diante da contemplação daquele homem a sua frente. Tão belo! E não somente pela sua beleza física, mas por sua postura, qualidades admiráveis e aquela áurea de paz que parecia repousar sobre ele. Ela suspirou!

– Vamos, crianças! Senão chegaremos atrasados! – O grito de Melinda para os filhos a fez dar um pulo e piscar umas dez vezes consecutivamente.

– Está bonita, Selena! – a loira elogiou a menina com um largo sorriso.

– Obrigada! – Selena sorriu de escanteio e entrelaçou os dedos com timidez.

O olhar de Danilo repousou sobre ela, o que a fez corar um pouco.

– Selena, você pode ir levando as crianças para o carro? – pediu João, enquanto ia à cozinha fazer algo.

Ela assentiu e segurou nas mãos dos pequenos. Ao sair de dentro da casa, sentiu um vento gélido passear em sua pele, fazendo-a estremecer. Sabia que não ia suportar prosseguir a caminhada até ao carro estacionado debaixo de uma mangueira.

– Você deveria ter posto uma calça. Esta noite não é muito propícia para vestidos – a voz de Danilo ressoou em seus ouvidos.

– Tem razão, mas agora já está tarde para eu trocar de roupa – ela disse, umedecendo os lábios por senti-los rachando com aquele tempo.

– Nada disso! Dê-me as crianças e vá se vestir. Não quer voltar pra casa doente, não é? – Ele semicerrou os olhos para ela, levando o sorriso daquele rosto angelical transformar-se em uma careta, de quem não aceitava ser contrariado.

Após algum tempo, Selena voltou devidamente agasalhada para suportar o clima tão frio. Chegando ao lado de fora, percebeu estar apenas Danilo e  Débora lhe esperando.

– Onde está o pessoal? – indagou com a sobrancelha erguida em curiosidade.

– João precisava ir mais cedo para igreja, e Melinda ficará com as crianças. Então... – Ele olhou para Débora ao seu lado, que riu pela expressão do rosto de Danilo. – Só sobrou nós três. 

– Ah, sim – ela disse já seguindo para acomodar a menininha na cadeirinha.

***

A pequena congregação era muito aconchegante e os irmãos aparentavam ser bem hospitaleiros para com os visitantes. Selena ouviu muito bem o sermão e ao fim só conseguia pedir de Deus mais forças e fé para sua jornada cristã. Não era fácil, ela sabia. Contudo, cria na mão poderosa do Senhor sobre ela, a guardando durante todos aqueles anos. Suportando-a mesmo diante de tantas crises. Em meio aos seus dilemas o Senhor lutava lado a lado com ela.

Uma lágrima desceu de seus olhos por compreender o quanto era amada por Cristo. Ele podia tê-la deixado cair nas suas tentações, mas a ajudou. Podia não ter intervido na sua crise de fé, contudo se revelou. O Senhor poderia não a ter livrado daquele galho que rompeu sobre sua cabeça, entretanto Ele o fez, tendo a sua misericórdia brilhado mesmo quando ela não tinha nada para o oferecer. Ele sempre esteve ali a auxiliando firmar os passos. Conservando-a no caminho. Oh, sim! O Deus de Israel tem sido fiel a sua palavra: “Ele não deixará que teus pés vacilem; não pestaneja Aquele que te guarda. (...) O Senhor te guardará de todo o mal, Ele protegerá a tua vida (...)”.*

FIELOnde histórias criam vida. Descubra agora