⏩ Carta

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Três meses depois...

Ah, o amor!
Quando germina o broto
Mas tarda a florescer
O coração de quem ama se entristece
Se o amor não vier logo ao amanhecer

Mas o amor conhece seus próprios passos
Ele não vaga sem rumo ou sem direção
Ele vem para ficar até o fim
Mesmo se precisar de um tempo
Tempo para guardar o coração

Pois há tempo  para amadurecer
Tempo para despertar
Tempo há para cada coisa
Como o Senhor fez atestar
Em sua santa e sábia palavra
Onde o ansioso se resguarda
E aprende a em Deus descansar

O amor precisa de tempo
Ele é paciente e a tudo espera
Se verdadeiro, dura por cada era
E quem ama não precisa se perturbar

Amar requer cuidados,
Distâncias e espaços
Requer feridas cicatrizadas
Requer mentiras exterminadas
E egos fora do lar

Amar requer um coração
E um coração já preenchido
Sastisfeito, cheio de Cristo
Que é o autor e verbo amar

E ele, o próprio amor
É quem do amor se encarrega de cuidar
E do tempo pra que o broto, logo após germinar
Em sua própria estação,
Floresça, então
E faça lar

Pois o amor é precioso
A espera, também
O caminho para o que se vale é duro
Mas no fim das contas, nos faz bem.

Selena ouvia a recitação do poema pela voz da senhora Verônica. Tanto ela quanto a irmã estavam frequentando as reuniões para as jovens e sua vida fora transformada. Ela passava horas conversando com aquela mulher que tinha tanto a ensinar, e que lhe confortou nos momentos de profunda dor. As palavras recitadas lhe traziam recordações e até mesmo confirmação sobre o porquê Danilo partira. Ainda podia se lembrar das noites em claro que passou chorando, sufocando o grito de angústia no travesseiro. Nunca em toda sua vida pensou que sofreria tanto pela ausência de alguém.

No primeiro mês, ela sentia uma raiva absurda por ter sido deixada sem explicações. Mas a graça se manifestou em sua vida – em meio aquele vendaval – quando a jovem recebeu um convite de Ester para viajar à pequena cidade de Nova Canãa. Seus dias ali foram aproveitados com momentos acolhedores e companhia de bons amigos que conhecera; recebendo conselhos amorosos sobre a sabedoria do Senhor. Ela, ao retornar, sentiu paz para aceitar a vontade soberana de Cristo em sua vida.

Ao regressar, foi quando passou participou assiduamente das reuniões de moças. Aquele tempo fora período de conhecimento sobre Deus e si mesma. Oh, céus! Como amadureceu com aquelas meninas, aprendendo a cada semana sobre as funções de uma mulher, de uma futura esposa; reconheceu seu coração tão desejoso por autoafirmação e valorização, e como deveria correr aos pés da cruz para suprir todas essas necessidades, buscando só em Cristo alegria perene. Ela estava crescendo. Após tantas lutas internas, o Senhor a levara aos pastos verdejantes para restaurar sua alma, mente e coração.

– Este é o nosso último encontro do ano – a declaração da Sra. Verônica interrompeu suas divagações. – Eu acredito que aprendemos muito nesses meses que passaram, e creio que o ano novo será bem melhor! – As meninas assentiram sorridentes. – E hoje não só é nossa confraternização final, mas também a despedida da nossa irmã Thais – apontou para a jovem que participava desde o início do grupo –, pois esta querida se casará, e passará a frequentar outra reunião. – As jovens fizeram um som de tristeza por perder uma integrante do grupo. Elas haviam se tornado como uma família. – Deseja dizer algumas palavras? – Sra. Verônica perguntou a noiva.

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