⏩ Partida

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Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (...) tempo de afastar-se e de abraçar; (...) tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
(Eclesiastes 3.1-8)


Bethany estava saindo do apartamento da avó com uma caixa em mãos, carregando os últimos utensílios da senhora para entregar a doação. Ela avistou Danilo trancando a porta do apartamento dele com uma mala ao seu lado. As sobrancelhas dela se ergueram ao ver que o jovem parecia de partida.

– Danilo, bom dia! – Era bem cedo quando os dois se encontraram.

– Bom dia, Bethany. – Ele a cumprimentou com um sorriso. – Está pesado isso aí? – averiguou o tamanho da caixa que a moça carregava. – Posso carregar pra você – ofereceu ajuda.

– Ah, não! Não é preciso. Está bem leve, posso carregar sozinha. – Ela mirou para a mala preta dele e indagou: – Está indo viajar?

– Não, eu estou me mudando.

Os olhos de Bethany se arregalaram e a boca ficou entreaberta, expressando o impacto causado pela notícia. Como assim ele iria se mudar?!

– Se mudar pra onde? Por quê? Como? – as perguntas foram feitas sem pausas.

– Eu preciso assumir meu novo posto numa filial – Danilo respondeu e começou a caminhar até o elevador, com a neta da Sra. Gracinda ao lado.

– Mas, por que você vai tão depressa? – inquiriu quase dando um grito.

Bethany não queria ser invasiva, todavia não estava conseguindo conter o choque da informação.

– Eu preciso fazer isso. – Eles entraram no elevador. – Meu trabalho me chama.

A menina de cabelos castanhos cerrou os lábios para não especular mais, contudo sua mente não parava de perguntar os motivos daquela atitude inesperada do vizinho.

– Selena sabe que você vai embora? – indagou ao rapaz.

Danilo prendeu os lábios, não respondeu no mesmo instante.

– Ela não sabe – ele soltou a frase num fôlego só, então as portas se abriram e ambos saíram do espaço confinado em silêncio.

Bethany o acompanhou até o estacionamento, por alguns momentos apenas fazia suposições em sua mente. Ele abriu o porta-malas do seu carro, lançou a bagagem lá dentro e antes que viesse a fechar, a voz da jovem o questionou:

– Você a ama, não é? – ele virou-se para a menina, que obtinha uma expressão de incredulidade no rosto. – Eu sei que a ama, Danilo. Ela precisa de ajuda. Não se afaste.

Ele não respondeu a pergunta, apenas tocou no ombro da moça e declarou:

– O verdadeiro amor não busca seus próprios interesses, mas do próximo. – Bethany se emocionou com as palavras ditas com sinceridade. Ela soube que aquilo não devia estar sendo fácil para o rapaz. – E eu, neste momento, não sou o auxílio que ela precisa, mas você pode ser. – Danilo sorriu e mirou o horizonte atrás da menina. – Você pode me fazer um favor?

Ela assentiu.

– Daqui a três meses entregue esta carta pra ela. – Estendeu um envelope branco que tirou do bolso da calça. – Só depois de três meses, não se esqueça.

Bethany segurou o envelope e após avaliar o pacote, guardou na bolsa.

– Ela vai ligar pra você – a colega argumentou. – Vai querer saber pra onde você foi.

FIELOnde histórias criam vida. Descubra agora