⏩ Preparação

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"Dentro de duas semanas teremos uma reunião geral, sua presença é solicitada. A empresa pagará suas passagens e hospedagem. Aguardo sua confirmação o mais breve possível".

Danilo leu aquela mensagem informal do seu diretor acerca da reunião sobre os planos e metas da empresa para o ano posterior. Era bem provável que eles iriam lhe propor de assumir um dos cargos na filial de outro Estado. Ele ficou pensativo diante da tela do computador sobre o que fazer, era mais provável enviar alguém que o representasse. Precisava resolver seus problemas.

– Sr. Kanaski? – Luana, a secretária, o chamou.

– Sim? – Ele levantou o olhar para a jovem.

– Chegou o convite. – Colocou o envelope branco envolto por um laço prateado em cima da mesa.

Danilo fitou a carta e suspirou. Agradeceu com um movimento de cabeça e a jovem secretária saiu do escritório. Céus! Ele desejava não ir àquela festa. Mas seu padrinho receberia o prémio pela empresa e, por mais que quisesse, não podia deixar de comparecer. O homem era como um pai. Respirou fundo e dedicou-se ao trabalho.

***

– Selena, venha aqui! – A voz de Laura ecoou por toda a casa e ascendeu nos tímpanos da filha, que limpava seu armário naquela tarde.

A jovem se ergueu de sua posição agachada, limpou as mãos na própria bermudinha e se encaminhou em direção a mãe. Após um mês e meio de recuperação, a mulher já começava a assumir pequenas responsabilidades novamente. Ficar parada era quase a morte para Laura Cadori.

– O que deseja? – a filha perguntou.

– Quero que ligue para seu amigo, Danilo – disse seu desejo. – Vou preparar um jantar e desejo que ele participe com a gente. Eu percebi como ele ficou mal depois da morte da Sra. Gracinda.

– E a senhora quer consolá-lo com comida? – Laura esticou os lábios em um sorrisinho maroto.

– Comida é sempre bem-vinda. Mas, é porque eu realmente gosto dele. Não posso esquecer de como nos ajudou, e mais ainda ajudou você.

– Danilo é um bom amigo mesmo – assegurou pensativa.

Selena desde a conversa com Ester não tirava de sua mente a possibilidade do amigo gostar dela. No fundo, ela gostaria de ter a certeza. Mas, sinceramente, ainda não conseguia identificar seus próprios sentimentos em relação a ele. A sombra de Gustavo, infelizmente, ainda pairava sobre sua cabeça. Ela desde quando saiu da empresa não teve mais notícia dele, e isso era bom. Porém, queria que dentro de si aquele ciclo, enfim, terminasse. Sua mente e coração tinham por missão fazê-la ainda imaginar alguma possibilidade. Talvez devesse ser os resquícios da paixão querendo falar alto.

– Vai avisá-lo, Selena? – Laura perguntou, trazendo a filha de volta a realidade.

– Sim – respondeu, balançando a cabeça. – Mamãe, posso fazer uma pergunta? – Ela sentou-se no sofá ao lado de sua genitora.

– Claro! O que seria?

– Quando um sentimento não quer passar, por mais que a gente ore e lute contra ele, será então que é a vontade de Deus? Pois se não é, por que Ele não tira de vez? – indagou até mesmo confusa com as palavras, não sabendo se a mãe entenderia a raiz de sua questão.

– Você está querendo dizer que se Deus não faz cessar o sentimento, deve ser por que tem propósito com eles?

Selena assentiu.

– Minha filha, se seus sentimentos são incompatíveis com as escrituras, mesmo que eles não passem, o seu dever é continuar lutando contra eles. – Ela acariciou o cabelo da jovem e continuou com seu conselho: – O ser humano sempre vai travar muitas lutas com suas emoções e desejos. A sociedade que a gente vive tende a achar que se eles não cessam, então é a verdade. Porém, nós, cristãos, não seguimos sentimentos, e sim Cristo, pelas escrituras. – Sra. Laura pensou um pouco sobre a questão. – Eu sei que você ainda gosta daquele jovem, e, talvez, esteja pensando que é pra ser já que a paixão não morre de vez. Então sua mente cria a esperança até mesmo de salvação, mas aprenda uma coisa: Deus não salvará ninguém para satisfazer nossos desejos. Porque ele sabe que a motivação não é certa. A gente, no fundo, não quer a salvação da alma, mas para que possamos praticar nosso querer sem medo. A motivação é egoísta e pecaminosa.

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