⏩ Firme Convicção

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O dia estava exalando as suas cores, a natureza nunca tinha sido tão bela, a alegria percorria cada veia de Selena. Ó Deus bendito! Que visita seus filhos os fazendo avançar. Nada naquele dia a faria desanimar.

Ao chegar à empresa se serviu e seguiu até sua mesa solitária. Enquanto comia sua torrada ela avistou o Sr. Berilo – com ousadia – vindo em sua direção. A jovem abriu o seu melhor sorriso para recebê-lo. O homem não entendendo aquela expressão dela sorriu também.

– Como vai Srta. Selena? Pelo seu sorriso muito bem. – Berilo colocou a bandeja com o desjejum em cima da mesa. 

– Com toda certeza, senhor. Hoje é um dia maravilhoso – Ela respondeu, mordendo sua torrada com geleia de modo satisfeito.

– Posso saber por quê? – ele indagou se sentando à frente dela.

– Porque Deus é bom e somente isso importa. – Deu de ombros e tomou um gole de seu suco de acerola.

O sorriso do homem se esvaiu do rosto.

– Deus? – indagou com espanto. Ele tinha certeza que Selena não voltaria mais para aquelas crendices.

– Sim, Sr. Berilo – ela afirmou sorrindo e o mirou com firmeza.

– Mas... – Berilo balançou a cabeça não entendendo nada daquilo. “O que será que havia acontecido?” – indagava-se ele.

– Antes do senhor continuar – ela levantou a mão – me permita esclarecer algumas de suas dúvidas. Na verdade, não irei responder todas. Mas certamente a que me fez calar. – Selena suspirou. – Quero crer que o Senhor Deus possa iluminar sua mente – disse na intenção de que o homem diante de si pudesse ser convencido, assim como ela foi.

– Não acho que terá respostas adequadas ou mesmo convincentes para mim – ele rebateu com altivez.

–Essa obra de convencê-lo cabe ao Espirito Santo e não a mim – ela declarou, fazendo-o estreitar os olhos curiosos sobre aquelas palavras. – Sr. Berilo, você mesmo me perguntou e hoje posso respondê-lo, mas se não quiser... – Ela fez menção de se retirar.

– Ora! Por favor, eu faço questão de ouvir sua explicação – O homem lhe dedicou um sorriso zombeteiro.

– Pois bem... – Selena sentou de novo, apoiou a mão na mesa e começou calmamente. – Deus não se deixa ser visto ou fazer uma imagem de escultura porque o meio que Ele determinou para ser visto é através da fé. Os seus argumentos tão bem elaborados, segundo a bíblia são tolos e sem nenhum entendimento, pois como diz as escrituras: “Deus não se deixou ser conhecido pela sabedoria humana”. As suas filosofias vãs, para nada servem.

Berilo estreitou os olhos para a jovem ao ouvir aquilo e indagou: – Se esse Deus é real, por que não vemos o agir dele?

Selena fixou em seus olhos com tamanha ousadia, fazendo até que o homem se sentisse constrangido.

– Sr. Berilo, o senhor sabe que Deus existe, pois o poder dele tem sido visto claramente por todos os homens através de sua criação, como diz Paulo em Romanos no capítulo 1, verso 2. O que acontece é que o senhor se recusa a crer, assim como os fariseus no tempo de Jesus. Quando eles viram os sinais até mesmo falavam entre si sobre eles, mas resolveram ser contra estes. – Ela mordeu mais um pouco de sua torrada.

– Selena, eu... – O homem se sentiu dissuadido e quis contra argumentar.

– Deixe-me terminar. – Ela mostrou a palma da mão para ele. – Por muitos dias, tenho ouvido as suas falas. Agora me escute! – A voz dela soou até um pouco rude e a mesma pediu graças a Deus para controlar os ânimos e exortá-lo em amor e continuou: – O senhor crê sim na existência de Deus, porém o seu sentimento para com Ele é de ódio, Sr. Berilo. Ódio porque Deus não faz as coisas conforme o seu entendimento acha que é certo; ódio porque a maior parte das coisas que gosta de fazer a bíblia condena como pecado; ódio porque ele diz que o senhor é um pecador necessitado de salvação; ódio por ele não mudar por causa de seus falhos argumentos; ódio porque ele não respondeu um pedido seu talvez para ser usado a fim de satisfazer seus desejos egoístas e tantas mais coisas. – A respiração dela estava ofegante ao fim da fala.

O semblante do homem mudou, pois as palavras de Selena cravaram bem fundo em seu coração. O seu ego foi mexido e aquilo era desconfortante demais.

– Eu tenho que ir. – Ele levantou-se às pressas e partiu.

Selena comoveu-se ao ver o pesar no rosto de Berilo. Cumpriam-se as escrituras quando a mesma diz que a sã doutrina é como comichões nos ouvidos daqueles que não querem saber da verdade.

***

Gustavo olhava a rua através da janela de vidro do seu escritório na cobertura e viu Selena passar com Pilar. A jovem era tão meiga, nunca conheceu uma menina tão madura mentalmente quanto ela. As demais mulheres que conheceu eram secas e fúteis. Selena era diferente, possuía algo mais, ou seja, conteúdo. Fazia tempo que ele não se sentia tão à vontade com alguém como se sentiu com ela. Não sabia direito quais eram os sentimentos que ela despertava nele, mas era bons. No entanto, ela havia rejeitado o convite dele, mas não iria desistir tão fácil assim. Não mesmo. Teve uma ideia.

– Sra. Ezenete, solicite a presença da Srta. Cadori na minha sala assim que ela voltar – ordenou através do interfone.

– Sim, senhor – a secretária respondeu do outro lado da linha.

Passou-se uma hora quando a porta se abriu e ele avistou a jovem de cabelos ondulados e mãos entrelaçadas parada na mesma.

– Pode entrar – chamou com um sorriso largo ao vê-la de pé diante dele.

A menina se aproximou.

– O senhor me chamou? – ela perguntou séria.

– Sim, eu gostaria de convidá-la novamente para festa de nossa empresa – repetiu o seu convite rejeitado de dias atrás, contudo continuou: – Mas não veja isso apenas como um convite para me acompanhar, mas sim como uma oportunidade de estabelecer novos contatos para futuras promoções na sua área.

Selena ao ouvir aquilo ficou desconfiada, mas também empolgada. 

Devin ao perceber como ela havia sido mexida com aquilo, declarou: – Vamos, Selena! Não perca essa oportunidade, não é todo dia que algo assim aparece.

– Eu não sei – ela mordeu o lábio inferior e olhou para o lado. – Irá terminar tarde e eu moro longe.

– Isso não é problema. – Ele foi em sua direção. – Eu poderia buscá-la e deixá-la em casa, não há perigo algum. – Segurou as mãos dela e a mesma se agitou por dentro.

– Não quero lhe dá esse trabalho. – Ela tentou desvencilhar suas mãos, mas ele as apertou ainda mais.

– Não é trabalho algum. Aceite logo!

Selena respirou fundo e disse: – Tudo bem!

Devin deu um grande sorriso e beijou o dorso das mãos da jovem, deixando-a vermelha como pimenta por causa daquele contato tão íntimo. 

– Era só isso? – perguntou aflita para sair dali.

– Por enquanto somente isso. – Ele a olhou e sorriu.

Enfim, havia conseguido! 

***
Quem será que nos aguarda nessa festa, hein?

Bye pessoal, até semana que vem.

E para todos os que estão lendo meu muito obrigada. Que o Senhor os abençoe ricamente!

FIELOnde histórias criam vida. Descubra agora