Danilo lançou a pequena mala de Selena no banco de trás do carro e a esperou se despedir do pai. Sr. Renato o aconselhou devidamente sobre os cuidados com sua filha e, por fim, o ameaçou com a perda de um braço se algo acontecesse. Ele apenas riu, mas levou a sério as palavras do homem.
– Se cuidem! – Despediu-se o pai junto com as netas, do portão.
– Iremos! – falou Selena e entrou no veículo.
Havia se passado uma semana desde o convite de Danilo para irem a serra visitar uma pessoa. Segundo os argumentos do amigo, aquela viagem lhe faria bem. Ela resolveu aceitar depois de uma semana tão conturbada.
Com a cabeça no encosto da cadeira e apenas sentindo o vento batendo em seu rosto, relembrou um dos dias mais dolorosos de sua semana. Ao vivenciar aquilo, sentiu como se seu órgão pulsante houvesse sido atacado por milhares de agulhas. Ainda podia se recordar daquele momento:
– Selena – chamou o Sr. Dário.
– Sim?
– Leve agora essas planilhas para o Sr. Devin – ordenou o homem.
– E – E – Eu... – ela gaguejou sem saber o que dizer, mas procurando com avidez uma boa desculpa para não ir até a sala dele.
– Agora! – Sr. Dário declarou, com um olhar que não aceitava nenhuma recusa.
Ela suspirou com pesar e pegou os documentos com as mãos trêmulas. Saiu da sala a ponto de ter um infarto de tanto nervosismo. Senhor, por favor, me ajuda! Ajude-me! – clamava com fervor, quase gritando. Enquanto seguia rumo ao andar de cima. Ao abrir a porta do elevador soltou um suspiro de alívio.
– Graças a Deus! – Entrou no elevador. – Pilar, leve esses documentos para o Sr. Devin, por favor. Você me deve essa! – exigiu com rudeza.
– Eita! O que aconteceu? – Pilar arqueou a sobrancelha para tal atitude da colega de trabalho.
– Depois explico. Só vai, por favor. – Selena sentia todos os seus nervos se retorcerem dentro de si.
– Tudo bem, me dê os documentos. – A jovem entregou a pasta com os papéis de modo rápido como se estivesse pegando fogo.
O elevador começou a subir e Pilar percebeu a aflição estampada no rosto de Selena, contudo resolveu não perguntar nada. Mas há tempos desconfiava de alguma relação entre a colega e o chefe.
– Vai, eu te espero aqui – disse Selena, saindo daquela caixa de aço e sentando nas cadeiras que ficavam ao lado no corredor.
– Ok! – Pilar assentiu e partiu.
Os quinze minutos de atraso quase enlouqueceram Selena. Pela fé! Por que Pilar demorava tanto? Era somente entregar os documentos, não durava cerca de cinco minutos aquela atividade.
– Meu Deus! Perdeu-se no caminho? – inquiriu Selena quando a amiga, enfim, apareceu.
– Quem me dera – bufou Pilar. – Tive que ficar esperando a boa vontade do Gustavo para me atender.
– Por quê? – Selena não entendeu.
– Parece que tinha uma “convidada”. – Pilar fez aspas com os dedos e a voz demonstrava seu desdém.
A sensação foi como se Selena tivesse sido acertada com uma adaga no meio do peito.
– Quem era essa? – indagou, desviando o olhar e querendo não enunciar sua voz melancólica.
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FIEL
SpiritualSelena Cadori, após anos de estudos, consegue seu primeiro emprego. Ela recebe um aviso solene de como se portar naquele local, mas as lutas em seu coração logo começam: Incredulidade; Paixão e Dilemas. Sentimentos que outrora lhe eram desconhecido...