Já faz duas semanas que tô morando na rua, e sem ver minha família.Até agora não tive problemas por morar na rua. Tipo brigas ou confusões.
Tem um ou outro morador que vem encher o saco da gente, ainda mais quando eles tomam alguma coisa ou usam. Se é que vocês me entendem.
Eles não conseguem dormir ai não deixam você dormir também.
A parte mais complicada é passar dias e dias sem comer, sem tomar água, sem trocar de roupa, sem tomar banho.
Estou me sentindo um lixo. Literalmente.
A saudade da minha mãe e de Sofia estava tão grande que eu comecei a andar, e quando percebi estava agora em frente à minha casa. Pra ser mas exata, estava do outro lado da rua atrás de uma árvore.
Não sei exatamente o horário mas, acho que está próximo do horário da minha mãe chegar com Sofia do colégio.
Tô com muita saudade daquela pequena. Saudade de nossas conversas, das nossas brincadeiras, saudade de tudo.
Só quem tem uma irmã ou um irmão que se dão bem sabe o que eu tô falando.
Vejo um senhor se aproximando, ele está com umas sacolas na mão, ele deve ter ido no mercado fazer umas comprinhas.
Ele vem se aproximando de mim, caminhando lentamente.
Resolvi perguntar as horas para ele, mais no momento que ele percebe minha presença ele se assuta.
Também né. Imagina aí você caminhando de boa na rua e aparece uma moça toda suja, com as roupas rasgadas e cabelo todo desarrumado.
Você iria se assustar né? Claro que iria!.
Como percebi isso nele, fui como eu sempre faço. Chego na educação e com calma.
-Senhor. Por favor, o senhor poderia me informar as horas?.
Ele fica apreensivo. Deve estar com medo de eu roubar o relógio, celular e dinheiro dele.
Ele olha para os lados, com medo de que eu esteja ali somente pra servir de isca para os outros bandidos assaltarem ele.
Mais ele vê que não tem nada disso, então olha no meu rosto e deve ter visto na minha fisionomia que não faço mau pra ninguém.
-Não se preocupa. Eu não sou bandida, eu não vou roubar o senhor!
-Claro mocinha - ele sorri - Desculpa te julgar assim, mais esse bairro é perigoso.
-Sim, eu sei muito bem. Até duas semanas atrás eu morava ali - aponto pra casa da minha mãe - Mais aconteceu uma coisa nesse tempo aí, que me fez estar onde estou agora.
-Eu sinto muito. - diz ele sentido com minha pequena história de vida.
Ele erguer o relógio do braço até próximo do rosto para verificar as horas.
-Bom.... deixe-me ver aqui. Agora são 5:25 da tarde. - diz abaixando o braço.
-Muito obrigado senhor. Eu agradeço!
-Imagina. Você deve estar com fome né.
-O senhor não faz ideia. Mais tenho que me acostumar com isso né.
Ele coloca a mão dentro de uma sacola verde com o nome do mercado e tira de la um pacote de bolacha. Ele pega a bolacha e coloca em outra sacola desta vez branca. Da um nó e me entrega.
-Toma. Pode pegar, uma mocinha linda que nem você precisa se alimentar.
-Não precisa senhor. - recuso o alimento.
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Por Entre As Esquinas [CONCLUÍDO]
Fiksi PenggemarInício 28/01/2020. *-* Finalizado 12/05/2020. *-* História de minha autoria -- Camila uma adolescente que vê sua vida mudar depois de um plano besta que acaba não dando muito certo. Expulsa de casa, ela tem que se virar nas ruas de Miami, com os per...