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Assistimos um filme e meio durante a madrugada, mandei mensagem pra Kwan dizendo que o Jimin havia acordado e depois de um tempo o Guinho finalmente chegou, ele disse que tinha ido na casa do Jimin buscar roupas pra ele e pra mim também.
Agora já eram cinco da tarde e estávamos apenas eu e Jimin no quarto esperando a doutora vir nos informar de que já podíamos ir embora.

— você quer fazer alguma coisa hoje? – pergunto e vou até ele, que está sentado na maca.

— ainda não sei, a gente vai decidindo – sorri e levanta – tô me sentindo um idoso – diz todo encurvado.

— que idosinho fofo – seguro seu rosto entre minhas mãos e chacoalho levemente. Enquanto eu fazia isso, ouvi a porta abrir e a doutora entrar – boa tarde, doutora - sorrio.

— boa tarde – ela sorri de volta. Ela abraçava a sua prancheta e vinha até nós – e então, como você está se sentindo?

— um idoso – Jimin responde, brincando – só uma dor de ficar tanto tempo deitado, só preciso andar um pouco.

— caminhar é uma boa coisa pra se fazer daqui em diante – diz enquanto ainda ri da brincadeirinha do Jimin – eu vim avisar vocês de que está tudo certo e vocês já estão liberados.

— finalmente – Jimin responde erguendo seus braços – meu bem, então eu vou trocar de roupa e a gente sai, okay? – assinto e o vejo caminhar até o banheiro que tinha no quarto.

— e então, como você está em relação a tudo isso? – ela vem até mim enquanto pergunta isso.

— eu não estou pronto nem pra pensar na possibilidade de perder ele – digo e respiro fundo – eu nem ao menos tive coragem de contar pra ele – eu estava quase sussurrando.

— eu sei que você vai achar o momento certo pra contar – ela toca meu braço com um olhar meigo – eu até contaria, mas ele merece saber por uma pessoa que ele realmente ama – assinto de leve – olha, eu sei o sentimento de perder uma pessoa amada e não é fácil, definitivamente não é fácil, mas o que eu te recomendo é... – eu a olho e presto atenção em suas palavras – faz dos dias deles, daqui em diante, serem a melhor experiência da vida dele. Saiam e vão explorar o mundo... O que um paciente meu sempre dizia pra mim era que devíamos aproveitar a vida como se fossemos uma criança, com curiosidade e animação – ela olha pras mãos e depois pra mim dê novo – precisamos amadurecer e colocar um pouco da essência infantil de lado, mas nunca devemos esquece-la – ela sorria sem mostrar os dentes, um sorriso gentil e cativante.

— obrigado, doutora – respondo e sorrio – esse paciente deve ser uma pessoa incrível.

— ele era – responde e eu arregalo meus olhos levemente – era o meu marido – ela olha novamente para a mão e agora eu acompanho o seu olhar, ela passava os dedos por um anel em seu dedo. Sorrio ao perceber isso – enfim, aproveita e conte quando você achar que está preparado.

— okay, até mais – digo e aceno enquanto a vejo ir na direção da porta.

— até – ela para na porta e acena – quando passarem na recepção, lembrem de pedir os papeis pra recepcionista – diz e fecha a porta.

Sento na beira da maca e fico esperando o Jimin sair do banheiro.
Aish, como eu conto uma coisa dessa pra ele? Acho que a gente devia listar diversas coisas para fazermos, por mais clichê que seja, e em algum desses momentos eu conto pra ele. Sinto uma lágrima quente descer pela minha bochecha e imediatamente fecho meus olhos. Como que eu faço isso? Aish, aish, aish.
Minha atenção é voltada a porta após ouvir o som dela abrindo e vejo o Jiminnie saindo por ela, e ele estava lindo como sempre.

— vamos? – pergunta e vem até mim rápido – o que houve? – ele passa a ponta do polegar no canto dos meus olhos.

— ah nada, lembrei de uma cena da princesa e o sapo – respondo e passo a mão pelo meu rosto – ah, vamos – pego a bolsa que o Guinho tinha trazido e o vejo com um olhar desconfiado, mas um sorriso toma conta de seu rosto logo depois.

— bobo – diz e começamos a sair do quarto.

Passamos na recepção e pegamos alguns papéis com os medicamentos que deveríamos comprar pro Jiminnie junto com um papel com algumas coisas escritas, que eram sugestões de atividades da doutora.
Quando saímos de verdade do hospital, fomos até o carro e fomos comprar os remédios e mais algumas coisas, e fomos para casa. Ao chegarmos, pusemos as coisas em cima do balcão e fomos sentar no sofá da sala.

— eu tô pensando seriamente em dar uma pausa no YouTube e viajar um pouco... – início a conversa e o puxo para mim e o abraço – o que acha?

— acho uma ótima ideia – ele se aconchega em mim – podíamos chamar os meninos também e fazer uma super viagem

— super concordo – dou um beijo no topo de sua cabeça e o abraço ainda mais forte.

Aish, se eu conseguisse eu te segurava ao meu lado pra sempre, meu amor...

youtube × jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora