Fazenda 2

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ANASTASIA POV

Eu me lembro do alvoroço que todos faziam quando chegava visita aqui na Fazenda. Eram raras as vezes que isso acontecia, mas para um vilarejo tão pequeno quanto o Vale do Forte, esse acontecimento era como se fosse uma festa, um fato inédito. E eu não vou nem mencionar a expectativa que as pobres moças criavam achando que iam conhecer o príncipe encantado que as levaria embora. E olha que eu só me lembro de três momentos de euforia como esse! O primeiro foi quando os pais de Erika e Felipa vieram para cá com as filhas pequenas, o segundo foi quando meus padrinhos adotaram uma criança (eu) e anos depois quando Erika e Felipa, já adultas, voltaram pra cá.

Mas dessa vez será surpreendentemente diferente para essa gente. A  minha chegada à fazenda com toda essa comitiva, vai causar muito mais que um grande burburinho entre os peões da fazenda e todos do vilarejo do forte. Quando esse povo descobrir que eu sou aquela pobre menina sem perspetivas que eles viram crescer aqui, e que não só voltou mudada, mas também como a dona dessa imensa fazenda, eles vão ficar de cara no chão! Literalmente!

Após ajudar minha madrinha a acomodar todo mundo em seus devidos aposentos, eu finalmente fui ver meu padrinho. Ele e minha madrinha decidiram ficar em um dos quartos do andar de baixo, primeiro pela fácil locomoção do meu padrinho para fazer os procedimentos médicos e depois, pela consciência de que mesmo agora eu sendo dona dessa fazenda, eles ainda continuam empregados. Não tiro a razão deles de pensar assim. Eu mesma me senti assim varias e varias vezes até entrar na minha cabeça que meu mundo agora é outro. Espero que eles também entendam isso um dia, eles são minha unica família e eu quero dividir tudo com eles também!

- Onde está o homem mais valente do Vale do forte?! - eu pergunto ao abrir a porta de mancinho e ver que meu padrinho estava acordado na cama.

- Aninha, filha! - ele diz alegre abrindo os braços para mim que corro até ele

- Padrinho! - eu o abraço com lagrimas nos olhos

- Ei? Não chore, filha! - ele me abraça - Veja? - ele pede pra eu olhar para ele - Eu estou bem! Foi só um susto.

- Não foi não padrinho!. Minha madrinha me contou tudo, o senhor podia ter morrido naquele acidente! Não quero nem imaginar... - eu volto a abraça-lo.

- Deus foi misericordioso comigo, filha. Olha eu aqui?! - ele sorri

- Sim. Eu agradeço a ele todo dia por isso! - digo enxugando as lágrimas e fitando bem fundo os olhos cansados do seu Agenor. Meu padrinho sempre foi um homem esforçado e muito trabalhador. Suas mãos calejadas e sua expressão cansada não me deixa mentir. Cuidar dessa fazenda é uma tarefa que poucos saberiam fazer e ele aos 61 anos de idade faz esse trabalho como ninguém.

- Padrinho? - eu seguro a mão dele - Eu trouxe umas amigas comigo e entre elas está uma médica, uma traumatologista muito reconhecida que vai ajudar no seu tratamento. Ela virá vê-lo embreve para examinar o senhor e dar o parecer dela. Não que eu não confie no medico do povoado, mas uma segunda opinião é sempre bem-vinda ainda mais se for pra ajudar!

- Ah, filha! Não carecia de se preocupar com esse velho!

- Esse velho é mais que um pai para mim! O que eu fizer pelo senhor não será nem metade do que o senhor e minha madrinha ja fizeram por mim. Agora eu quero que o senhor me conte exatamente o que aconteceu, padrinho.

- Bom, pra falar a verdade nem eu sei direito o que aconteceu! - ele começa -A fazenda aqui do lado decretou falencia a alguns dias e os peões de lá estão desesperados porque vão ficar sem trabalho e muitos deles tem mulher e filhos. Eu mesmo dei trabalho e abrigo pra metade desses peões, mas não pude fazer o mesmo com o restante deles. Eu não sabia se a patroinha ia aceitar e tambem nós ja temos muitos empregados aqui!

Finalmente CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora