Debt - Livro 3

Capítulo 64

• 2 dias depois •
João narrando:
É o segundo dia que não durmo à noite. Não é por falta de sono, mas toda a vez que quase adormeço sou atormentado pela lembrança dela me pedindo para ficar longe dela, dizendo para eu não chegar perto, o que me impedia de realmente conseguir adormecer.
Nesses dois dias não saí de casa, não consegui. Não tive coragem de enfrentar a dolorosa verdade, me recusava a aceitar que perdi a única pessoa que foi capaz de me amar do jeito que eu sou e também a única pessoa que amei e amo.
Escuto a campainha tocar e sinto o meu coração acelerar no peito. Pedro abre a porta e escuto passos no corredor.
João: Mãe? ─ me levanto ao vê-la.
Naira: Me disseram que você estava precisando de conforto. ─ baixo a cabeça ─ Vem cá meu filho. ─ vejo que ela ergue os seus braços, abrindo-os.
Em passos lentos me aproximo dela e ela me abraça. A Larissa deve me odiar cada vez mais por ter tirado isso dela.
Sem que me aperceba algumas lágrimas teimaram a descer pelo meu rosto sem que eu as pudesse controlar. Eu nunca me senti tão perdido quanto estou me sentindo esses dias.
Alguns segundos depois minha mãe se afasta.
Naira: O Pedro me falou que você não tem dormido. Vamos para o seu quarto, vou ficar com você. ─ balanço a cabeça confirmando.
Me viro e sigo para o meu quarto, abro a porta. Me jogo na cama e minha mãe se senta ao meu lado enquanto passa os dedos pelos meus cabelos.
Naira: Tenta dormir um pouco, vou ficar aqui com você. ─ fecho os olhos.
Minha mãe ficou me fazendo cafuné durante vários minutos e novamente quando quase adormeci vieram as lembranças me fazendo estremecer e abrir os olhos.
João: Eu não consigo. ─ me sento na cama.
Naira: O que aconteceu?
João: Ela me odeia mãe, ela não me quer perto dela e eu não consigo tirar as imagens dela me mandando ficar longe da cabeça.
Naira: Filho, eu sei que você gosta muito dela.
João: Eu a amo. ─ minha mãe suspira.
Naira: Você precisa cuidar de você, amanhã é um novo dia e daremos um jeito nessa bagunça, mas tenta dormir, você precisa.
João: Toda vez que estou quase adormecendo vem as lembranças.
Naira: Substitui essas lembranças pelos momentos que tiveram, recordar é reviver. ─ suspiro e volto a me deitar.
Minha mãe volta ao cafuné e juro que até escutei ela cantando, mas não consegui prestar atenção. Eu sinto falta dela, daquilo que vivemos então enquanto relembrava os nossos momentos juntos o sono finalmente chegou.