Debt - Livro 3

Capítulo 76

Larissa narrando:
Após fechar a porta do quarto, me sento na cama e sinto as lágrimas virem com tudo. Eu sempre quis que ele se declarasse para mim, que dissesse tudo o que ia dentro dele e que passava na mente dele, mas nesse momento ouvir tudo aquilo me deixa ainda pior.
Eu queria ter a capacidade de odiá-lo, porque eu devia. Ele matou a minha mãe e isso não tem perdão nem volta possível apesar de tudo o que vivemos, um simples ato muda tudo.
Chorei durante alguns minutos, a dor ia passando um pouco a cada dia, mas parecia que cada vez que eu me lembrava ela voltava com tudo e agora vê-lo tão vulnerável na minha frente, falando que me ama e que sente a minha falta acaba com toda a barreira que eu construí.
Eu também o amo, mas não consigo mais ficar com ele, não consigo ignorar o fato de que ele matou uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Acordo dos meus pensamentos com batidas na minha porta então seco o meu rosto com as mãos e me levanto indo até à porta.
Lari: Naira? ─ arregalo os olhos ao vê-la.
Naira: Oi Lari, como está?
Lari: Indo e você?
Naira: Estou bem. ─ dou espaço para a mesma entrar ─ Me desculpa incomodar.
Lari: Não tem problemas. Algum problema?
Naira: Não. Quer dizer, na verdade eu queria conversar um pouco com você. ─ assinto e nos sentamos nas cadeiras da mesa que está na varanda.
Lari: Pode falar.
Naira: Primeiro quero dizer que sinto muito por tudo. ─ balanço a cabeça assentindo ─ Acredito que não seja fácil para você, mas eu vim aqui como mãe.
Lari: Imaginei, prossiga.
Naira: O João começou nessa vida muito cedo, Leonardo o ensinou desde os doze anos a aprender a lutar e a manusear armas. Eu nunca apoiei, como é óbvio, mas eu tinha noção de quanta gente queria a nossa família morta e sabia que o João teria que nos proteger um dia quando eu e o meu marido não pudessemos mais fazê-lo. ─ assinto ─ Aos catorze anos, Leonardo contou para o João sobre a chave do cofre afinal ele já estava nos seus últimos dias de vida. Leonardo havia sido baleado num confronto entre a gangue do seu pai e a dele e infelizmente não resistiu.
Lari: Sinto muito.