Capítulo 29

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Não falava, não lembrava como respirar, não conseguia me mover.

David Connor é o homem que conheço que ficava mais lindo dentro de um smoking em conjunto com os cabelos bem alinhados e a barba bem aparada desenhando sua mandíbula.

Não podia ter ficado feio durante esse tempo que estive fora? Era pedir muito? Pelo contrário, o homem está com o corpo melhor ainda.

- Boa noite. - Respondi seca e beberiquei a taça de champanhe que peguei de um dos garçons que passavam por ali.

- Está mais linda do que nunca. - Sussurrou e mesmo assim não o olhei. - E claro, não poderia deixar de dar os parabéns pela sociedade srta. Hunter.

- Obrigada. - Murmurei e o encarei.

Seus olhos azuis estavam fixos em mim como se nada ao redor existisse.

- Podemos conversar? - Questionou com um fio de esperança.

- O que eu poderia querer conversar com você? - Indago divertidamente e o vejo engolir em seco.

- O passado.

- Exato, passado fica no passado.

- Por favor. - O David Connor que eu conheço não implora, jamais. O que está acontecendo aqui?

- Mia bella. - Fillipo me salva da conversa passando seu braço em minha cintura. - Meraviglioso come sempre. Hai visto la quantità di uomo gatto? (Maravilhosa como sempre. Já viu a quantidade de homem gato?)

- Sí angelo. - Deixo um beijo em sua bochecha sob olhares. - Fillipo este é David Connor, parceiro de negócios. David este é Fillipo Fontana, veio da Itália para trabalhar conosco.

- É um prazer Sr. Connor. - Fillipo estendeu a mão em cumprimento totalmente sério.

O que me surpreendeu foi ver David se segurar pra não dar nenhum ataque em cima de Fillipo. Antes ele sentia ciúmes mas nada desse tipo, o olhar dele é de quem está querendo comer o anjo ao meu lado vivo.

- É um prazer. - Não sorri mas não o desagradou e o cumprimentou secamente. - Espero que goste da cidade.

- Com toda certeza irei gostar. - Respondeu em tom malicioso e eu segurei o riso. - Onde está Sam?

- Não veio, Aurora ficou com a babá e aproveitei pra deixá-lo com ela.

- Aposto que ele gostou. - Sorrimos.

- É claro, nem fale daqueles dois.

- Lucca precisa se preocupar no futuro mia bella.

- Pare de falar besteiras, eles são só crianças mio angelo. - Ele revira os olhos como se não importasse e escutamos o pigarrear alto e me virei para encara-lo.

- Eu vou .. socializar. - Deu uma desculpa esfarrapada ao ver o clima estranho e me deixou ali.

Os olhos de David não me deixaram por nenhum segundo mesmo quando esnobava sua encarada.

- Seu amigo é .. bem .. legal. - Segurei o riso com todas minhas forças mordendo o lábio inferior.

Ele não queria falar isso, tenho total certeza. Poderia ser a maior cadela agora e insinuar algo a mais com Fillipo mas não vejo necessidade de fazer isso.

- É sim, e muito competente. Por isso o trouxe da Itália.

- Entendo. - Murmura. - Tenho certeza que será um sucesso.

- Sim. - Respondi simplesmente.

- Soube que virará CEO.

Como ele descobriu isso? Não acredito que o traíra do Lucca anda conversando com ele. Filho da mãe.

- Como soube? - Indago o fitando de cenho franzido e ele sorri como se fosse a coisa mais normal estarmos conversando.

- Tenho minhas fontes. - Dá de ombros.

- Sei .. um italiano alto, loiro e malhado.

- A parte do malhado não sei, mas
... - Dá de ombros novamente.

Cazzo.

Vou matar esse loiro de uma figa que sai falando sobre minha vida assim. Um gatão italiano a menos na sociedade, infelizmente. Merda, agora ele é meu sócio, não posso matar meu sócio. Mas posso chantagea-lo depois certo? Sim, certo, posso sim.

- Vai aceitar conversar comigo?

- Sobre o passado? - Solto debochada. - Não preciso Connor. - Ele suspira e passa as mãos no cabelo nervoso naquele ato sexy do caralho que lembrei pelo último ano todo.

- Saimos pra conversar somente uma vez. Deixa eu colocar toda a história a limpo. Me escuta pelo menos, em nome do que vivemos. - Bufo e reviro os olhos.

- Do que vivemos e você destruiu. - Digo irritada e ele me olha como se lamentasse.

- Por favor Hayley, uma única conversa.

Sua voz é quase uma súplica. Nossos olhos estão em uma batalha frenética sem nenhum dos dois desviar a momento algum.

Eu posso fazer isso? Ter uma conversa? A mágoa ainda está aqui, mas eu sou uma mãe forte e uma mulher adulta e madura, consigo fazer qualquer coisa. Certo?

Mentalmente isso até funciona mas não sei se fisicamente também vai funcionar do mesmo jeito.

Acho que o escutar não me fará esquecer absolutamente nada, porém pode ser a hora de acabar com toda essa história de uma vez e colocar um ponto final.

Solto um suspiro audível passando as mãos pelas mechas do meu cabelo que então propositalmente jogadas de lado. Eu posso fazer isso.

- Ok.

- Ok? - Pergunta sem acreditar.

- Uma conversa Connor, somente para te escutar.

O sorriso que ele abriu poderia iluminar meio mundo nesse exato momento e me fez lembrar a primeira vez ainda dentro de um elevador que esse mesmo sorriso foi dirigido a mim.

- Uma conversa, juro que não vai se arrepender.

- Assim espero. - Murmuro.

- Almoço amanhã, naquele restaurante perto da empresa. - Abro a boca para discutir mas ele não permite. - Um almoço e conversamos, só te peço isso.

- Ok David. - Suspiro. - Agora tenho mais pessoas para dar atenção. - Descarto sua companhia e isso não o abala.

- Até amanhã Hayley.

Não respondo, somente dou as costas e volto a rodar pelo local trocando sorrisos e conversas sem deixar seu olhar sobre mim me afetar.

- Dança comigo? - Pede sem ligar pra nada mas estendo minha mão aceitando e sou levada ao centro do salão onde toca uma música lenta.

- Você é muito fingido. - Ele solta uma gargalhada. - Qual a necessidade de abrir a boca?

- Nenhuma. - Dá de ombros. - Mas ele me chamou para conversar após aquela reunião. Esclarecer muitas coisas e .. pediu desculpas.

- Como? - Indago chocada.

- O que ouviu. Também fiquei surpreso.

- Por isso começou a abrir a boca? - Me seguro para não falar alto. - Cazzo Lucca, você me viu sofrendo e afogando as mágoas por ele.

- Também te vi se transformar em uma pessoa mais forte e agora dona da porra toda. - Rio mesmo estando irritada com meu amigo. - Hayley, eu queria muito te amar como mulher e que você me amasse como um homem, você é incrível e seriamos um casal e tanto. Mas nosso amor depois de tudo virou quase a mesma coisa que sinto por Adam. - Ele faz uma careta. - E você carino, não deixou de ama-lo e nem ele deixou de ama-la.

- Lucca ..

- Não estou falando para perdoar suas atitudes babacas, esquecer tudo e voltar de braços abertos pra ele. Mas escuta .. toma seu tempo, e se permita Hayley. Mesmo que demore, se permita ser feliz.

Querido Chefe - Série Poderosos e Irresistíveis 1Onde histórias criam vida. Descubra agora