Capítulo 25

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- Entrou de penetra?

Escuto sua fala e vejo seu sorriso falso para que ninguém visse o quão raivoso ele deve estar como todas as vezes em que me vê.

- Convidada, e vocês? Invadiram? - Falo irônica.

Minha relação com meus pais nunca foi a das melhores, nem mesmo quando eu era pequena. Eles esperavam uma menininha manipulável ou um menino que seguisse seus caminhos.

Mas como nem tudo são rosas eu apareci. Com o jeito petulante e questionador de sempre. Na adolescência já aprontava todas até por que não tinha ninguém que se importasse comigo.

Pra eles se me dessem uma mesada gorda e eu não colocasse o nome deles na lama estava ótimo. Assim que entrei na faculdade me jogaram em um apartamento no centro da cidade.

Se eu reclamei? Nem um pouco. Eles fingiam que não tinham filha e eu fingia que não tinha pais. Até o momento que minha gravidez apareceu.

O pai de Sam não era o tipo de cara certinho. Ele e seu irmão mais velho Jacey são muito diferentes, sempre foram. Assim que joguei a notícia em cima dele o infeliz jogou a bomba pra cima de mim e eu que me virasse sozinha.

Chorando voltei pra casa dos meus pais. E o que eles fizeram? A mesma coisa. Disseram que não passava de uma puta e rodada. E isso foi o de mais bonito que escutei nesse dia.

Meu apartamento foi tirado de mim e minha sorte é que tinha dinheiro que eles me davam guardado. Passei a morar em uma república próxima a universidade durante os últimos poucos meses e me afastei de todas as amizades que na hora que a gravidez surgiu só sabiam julgar.

- Deve ter vindo com algum rico. Está dando o golpe em algum velho. - O homem que se diz meu pai fala.

- Não sou vocês.

- Claro que não. - Negou com a cabeça. - Não sei onde errei com você.

- Em lugar nenhum. Só não aceita que eu não sou como você queria.

Ele já está irritado, mais do que o normal. Provavelmente por eu o confrontar em frente a outras pessoas.

Nesse momento Samuel aparece. Eu não quero que eles o conheçam. Sam parece entender que eu não estou bem e segura minha mão ficando próximo a minha perna.

- É ele? - Minha dita mãe indaga.

- Sim e nem ousem falar besteira pro meu filho. - Disse entre dentes.

- Algum problema aqui?

Sinto seu perfume que poderia se passar anos e eu ainda reconheceria e sua mão pousa em minha cintura. Queria mandá-lo ir se foder por estar encostando em mim, mas nesse momento ele está me ajudando a sair dessa situação que ele já presenciou.

- Dave. - Samuel fala animado e corre pra ele que abaixa o pegando no colo.

- Eai garotão. - Diz sorrindo e quem olhar de fora nos vê como uma família feliz.

- Então o golpe é nele? - Ela ri ironicamente. - Escolheu bem menina, mas rapaz, foge enquanto dá tempo.

- Já deu, é melhor fecharem a boca e eu também não falo nada.

- Petulante como sempre.

- Aprendi com o melhor. - Nesse momento nossa raiva está a ponto de transparecer entre os convidados.

- Algum problema aqui?

- Marco. - O homem fala sorrindo falsamente. - Nenhum.

- Na verdade pai, todos os problemas. Vocês já podem se retirar da nossa festa.

- Mas..

- Obedeçam meu filho e se retirem, não queremos criar caso. - Marco diz todo diplomático.

Os dois estão furiosos. Ela sai marchado e bate o ombro em mim já ele para bem perto e fala.

- Você ainda vai se arrepender, ou esqueceu com quem está falando.

- Você que esqueceu, ou quer que eu abro a boca? - Sou petulante mesmo. Nem a pau que vou abaixar a cabeça pra ele.

Os dois saem irados e Samuel desce do colo de David e vem me abraçar ao me ver segurar o choro.

- Ta tudo bem mamãe? - Pergunta com os olhinhos azuis em mim.

- Ta sim pequeno. A mamãe está ótima. Agora vai brincar com a Aurora e fica perto do tio Jacey ou do tio Lucca. - Ele assente e sai a sua procura.

- Obrigada. - Digo depois de uns segundos em que respirei fundo e sem olhar pra ele.

- O que eles estavam fazendo aqui? - Dave questiona.

- Conhecido de negócios pela firma dele. - Dá de ombros, até por que isso é normal. - Acha que ele vai fazer algo contra vocês? - Marco pergunta e eu nego.

- Amanhã ele volta a não lembrar que eu existo. - Digo fingindo um sorriso forçado.

Jacey chega com os olhos arregalados junto com Benjamin, Lucca e as crianças, mas atrás deles vejo um conhecido.

- Srta. Hunter. - Diz afobado.

- Quanto tempo Jhon.

- Temos um problema. - Meu corpo gela. Será que eles vão tentar fazer alguma coisa mesmo?

- Que problema? - Pergunto baixo.

- Seus pais saíram e sofreram um acidente a menos de um quilômetro daqui.

- Como assim Jhon? Que porra você estava fazendo que não estava dirigindo aquele carro? Trabalha nisso desde que eu me entendo por gente. - Esbravejo.

- Desculpa senhorita. Ele pegou a chave e saiu antes que eu pudesse fazer algo. Sabe como ele é. - Diz abaixando a cabeça.

Respiro fundo, ele não tem culpa, passo as mãos pelos cabelos vendo as crianças com os olhos arregalados e os outros homens com semblantes distintos.

- Onde?

- Já estão os tirando e levando para o hospital.

- Ótimo. - Fecho os olhos com força e depois encaro Jacey que concorda de leve com a cabeça.

- Me leve até eles.

- Sim srta. Hunter.

- Então crianças, que tal sairmos para tomar sorvete e depois levo vocês pra casa?

Aurora olha automaticamente pro seu pai que a puxa para conversar baixinho e faço o mesmo com Samuel.

- Escuta, você vai ficar com tio Ben só por hoje.

- Por que mamãe?

- A mamãe precisa resolver uma coisa mas é rápido. Quando acordar amanhã você vai me ver, combinado?

- Não quero. - Nega com a cabeça e abaixo no mesmo momento em que ele me abraça.

- Você vai passar a noite com tio Ben e a Aurora, mamãe precisa resolver uma coisa de adulto e você já é grandinho, sabe que a mamãe não vai desaparecer. - Ele concorda com um acenar. - Amanhã você dorme com a mamãe.

- Promettere? - Pergunta me entendendo o dedinho.

- Promettere. - Pego seu dedinho com o meu e ele sorri correndo pro Benjamin.

Querido Chefe - Série Poderosos e Irresistíveis 1Onde histórias criam vida. Descubra agora