Epílogo 2.0

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Pra quem já se sentiu no que chamam de fundo do poço e sozinha hoje me considero uma pessoa abençoada.

Quem descobre uma família assim, do nada. Só eu. Como minhas amigas falam, parece mais uma novela mexicana cheia de reviravoltas.

Olho meus filhos e sobrinhos correndo pelo jardim, vejo meus primos incluindo seus cônjuges sorrindo e também sorrio.

Sinto os braços do meu marido ao meu redor que continua musculoso mesmo depois dos quarenta e diz que se esforça por gostar de me ver com tesão quando vejo seus músculos.

Eu sou feliz.

A Itália se tornou nossa segunda casa, hoje estamos na casa de Matteo e Bella em Milão. Saber que tinha uma família e minha adaptação a isso foi mais fácil do que pensei.

Matteo e Luna me acolheram junto com todos seus amigos que também os vêem como família, e gosto disso, de saber que eles tem o que eu também tenho e sei como é bom isso, esse apoio e pessoas que estarão ali por você.

Mas se você pensa que tudo é, e sempre fomos muito feliz está enganada. Muitas coisas aconteceram a nossa volta, literalmente muitas, umas felizes, outras desesperadoras que me deixavam com o coração na mão.

Se também pensa que meu casamento foi lindo e maravilhoso por todos esses anos estão enganados. Eu e Dave mesmo sendo um casal que se apoia e tudo mais passamos uma bendita crise a uns cinco anos atrás.

Foi uma confusão que no final embolou com coisas que estavamos guardando pra si e vou admitir que foi difícil, que tiveram noites de choro, brigas e discussões e no final acabei mal e de cama pelo emocional e recebi um Dave choroso do meu lado.

Vimos que todo stress que estávamos passando nas empresas e com um filho adolescente, outro menor, que pegamos tudo e jogamos em cima de uma coisa sem significado que nem sabemos como se iniciou.

No final rendeu uma segunda lua de mel e muitas e muitas conversas para recuperamos das brigas.

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- Sto andando adesso. - Escuto a voz de Sam vinda de perto da saída do nosso apartamento em Roma.

Meu pequeno Samuel hoje já é um rapaz cheio de músculos, o menino nunca parou quieto. Depois de muitas coisas que aconteceram ao nosso redor e com nossos amigos eu e Dave decidimos que colocariamos todos os nossos filhos e nós também em aulas de defesa pessoal assim que possível.

O problema - ou não - é que ele pegou gosto na coisa, mas sabe que pode ter cinquenta anos que se souber que entrou no meio de briga que não seja por um gigantesco motivo eu chutaria sua bunda.

- Vai aonde? - Questiono me aproximando.

Sam já tem seus dezessete anos e pra minha sorte continua sendo o melhor amigo da mamãe e me conta tudo, mas sempre dou espaço que ele se abra e não fico no seu pé.

Foi difícil entender que ele cresceu e vou mentir se falar que não chorei escondido quando ele me contou que perdeu a merda da sua virgindade.

Ali eu vi que meu menino tinha crescido e entrei em uma preocupação tremenda em que ele fosse arrumar alguém, sair de casa e esquecesse de mim.

Mas não durou muito por que meu filho me conhece, e quando apareci com o rosto vermelho ele me encheu a paciência até contar e depois de rir prometeu que sempre será meu menino contando que eu nunca o chamasse de bebê na frente de ninguém.

Finji que prometi isso e ele fingiu que acreditou.

- Aurora quer fazer compras e me levar de burro de carga. - Bufa e revira os olhos em seguida enquanto eu seguro o riso.

- Como é que vocês se apresentam? - Questiono curiosa.

- Melhores amigos e noventa por cento das vezes primos.

Desde que se conheceram os dois nunca mais se desgrudaram, mesmo com a distância. Eu até pensei que seria uma coisa de romance no futuro mas isso nunca aconteceu.

Eles estão mais para confidentes, parecidos comigo e com Jacey. Não tem nenhum laço sanguíneo mas desde sempre é como se tivessem e sabem tudo da vida um do outro, ele até se esforça pra engolir os namoradinhos dela e vice e versa, porém já vi vários alertas que dão um no outro relacionado a pessoas que saem.

- Leva seu irmão? - Peço já tendo planos.

- Conheço essa cara, eca. - Resmunga e faz uma careta enquanto eu dou de ombros. - Benitto. - Grita e logo o mais novo apareceu.

Benitto é extremamente parecido com David em muitos aspectos, mas ao menos tem meu nariz e boca pra falar que não saiu cuspido o pai.

Vou te contar, eu faço filho bonito viu. Suas futuras mulheres ou homens me agradecerão.

Meu mais novo é mais na dele e menos falante que o irmão, e muito, extremamente protetor com todas que chega a enjoar, mas é só dar aquele sorrisinho encantador que as mulheres a nossa volta se derretem pela criança.

Enquanto Samuel é mais tranquilo, é o cara dos esportes e gosta da fama, Benitto é mais de ler, gosta de computadores, o claro nerd bonito, mas mesmo sendo diferentes isso nunca atrapalhou na relação dos dois.

Depois de minutos Sam acaba saindo com Benitto, Antonella e Vicenzo que vieram conosco. Ella tem quase a sua idade e de Aurora o que as fez se tornarem boas amigas, já Vin tem seus quatorze e meu caçula doze, mas sua altura mascara isso.

- No que tanto pensa? - Escuto sua pergunta em meu ouvido quando seus braços circulam meu corpo.

- Quero te levar a um lugar.

- Outro restaurante que gosta daqui? - Sou amante da comida italiana.

- Não. - Rio. - Vem comigo.

O levei a Lungotevere Castello que liga a Piazza di Ponte Sant'Angelo à Piazza dei Tribuna, depois seguimos por um agradável caminho pelas sombras das árvores, onde encontramos várias barracas e Dave estava com a expressão confusa que me divertia.

O puxei para um banco próximo aonde um senhor fazia pinturas e o vento fresco batia contra meu corpo que estava aconchegado em seu braço.

- Quando nos separamos vinha sempre que dava aqui. Foi um lugar tranquilo de certo modo que encontrei pra pensar e tentar ver quem eu queria ser mesmo estando perdida. - Sinto seu aperto aumentar. - Aqui eu me permitia lembrar dos momentos bons que tivemos. - Admito.

- Não sei como me perdoou por fazer tanta burrada. - Suspira e eu dou uma risadinha.

- Nem eu sei, mas valeu apena, mesmo tendo problemas.

- Nosso tempo separado foi necessário de um jeito ou de outro, mesmo eu não tendo gostado, depois você pisou em mim bonito. - Rimos. - Mas conseguimos ficar juntos, tive medo de Samuel não me aceitar como pai, seu humor louco durante a gravidez quase me enlouqueceu, nossa crise nos ajudou a superar tudo juntos. Acho que tudo nos deixou mais forte e ainda nos deixa como pessoas e como um casal, posso te afirmar que tudo me faz te amar mais, mesmo em meio a sua loucura.

David Connor mudou minha vida, meus planos e meu coração, e concordo no que ele disse, tudo nos deixa mais fortes.

Hoje nada nos separa, mesmo com discussões nós ainda sim somos melhores juntos, aprendemos a cada passo do caminho e espero continuar pra sempre com nossas conversas, conselhos, brigas, sexos de reconciliação, tudo que me faz amar Dave.

Querido Chefe - Série Poderosos e Irresistíveis 1Onde histórias criam vida. Descubra agora