Após sobreviverem ao tornado, Lena Gellar e Adam Craig encontram-se perdidamente apaixonados um pelo o outro. No entanto, Lena vê o relacionamento ruir quando precisa voltar a rotina escolar -, e alguns de seus colegas de sala começam a conspirar co...
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Capítulo 30: Encharcados
Adam Craig
A água veio como um jato forte. Com o impacto, algumas prateleiras vieram ao chão. Seções inteiras sendo destruídas devido ao mini tsunami. Sacos de arroz, livros, frascos de perfume — tudo, absolutamente tudo — vindo ao chão. Adam jogou-se em cima de Lena, protegendo a garota de qualquer item (afiado ou não) que pudesse atingi-la. Cobrindo os olhos da menina — distanciando-a da destruição.
Charlie, o tubarão, havia descansado no canto — não tão longe deles. O animal parecia maior do que quando estava no aquário. Agora em terra firme, o corpo hidrodinâmico da fera aquática se debatia no chão, respingando algumas gotas em Adam — como se quisesse dizer: "Me ajude, ô seu otário. Está esperando o quê?". Mas Adam nada pôde fazer, a não ser assistir aos últimos sinais de vida do animal.
Ainda em cima de Lena, como um escudo humano, Adam pôde escutar o bater de dentes da garota. As roupas dos dois estavam ensopadas, provocando um absurdo frio. Aquele fora um dos momentos mais íntimos dos dois. Corpos colados, compartilhando da mesma respiração. Quando visualizou que não corriam mais perigo, Adam levantou-se — ajudando Lena a fazer o mesmo —, quebrando o encantamento.
O chão estava escorregadio. O piso de mogno tornara-se um misto de água e itens estilhaçados. Que prejuízo!
— Você está bem? — Perguntou Adam, envolvendo o rosto de Lena com as mãos. Ao fundo, atrás de Adam, a garota pôde ver o corpo de Charlie esparramado no chão. Morto.
— Nãããããão! — Berrou ela, tendo um ataque de nervos. Os olhos despejando um rio de lágrimas. — Não. Não. Nãããããão! O meu único amigo!
— Ei, Lena. Ei! Ele não é o seu único amigo. Eu sou seu amigo também. — Confessou Adam. Consolando-a. — E eu sinto muito por Charlie. — Lamentou-se Adam, envolvendo-a num abraço. Um abraço ensopado. — Precisamos continuar. — Instigou Adam. Mais janelas se despedaçando ao longe.
Quando já estavam aptos a continuar, outro dos enormes aquários — que ia do chão ao teto — desabou. Mais um mini tsunami os derrubando novamente.
Adam percebeu que teria de se acostumar com o chão, pois um leve pensamento mostrara que iria cair muito ainda. Infelizmente.
No Pare & Compre, existiam seis grandes aquários. E, um por um, eles foram cedendo. Estrelas do mar, polvos e peixes habitando a terra. Estrelas do mar, polvos e peixes morrendo.
A água vinha como pequenas ondas que distanciavam Adam e Lena do destino deles. O destino de chegar ao porão. Adam tentava levantar, mas não conseguia. Com o braço esticado, ele tentou pegar a mão de Lena, mas ela estava a baixo e longe dele — a água levando-a direto para a porta de entrada e saída (lugar do qual fugiam desesperadamente). Lena estava inconsciente, os olhos abrindo e fechando devagar. Quase como se ela estivesse se entregando para a morte.
Adam pôde vê-la tentando agarrar-se em alguma prateleira, sem sucesso. Em outro tempo, ele tentaria fazer o mesmo. Tentaria agarrar-se a algo, para não ser levado pela a enxurrada. Mas agora havia ela. Havia Lena. Então, Adam deixou-se ser levado pela água; numa tentativa de chegar próximo a garota e agarrá-la pela mão. Salvando-a. Mas não fora bem isto que aconteceu.
Uma enorme prateleira de utensílios de cozinha caíra. Tudo o que estava organizada nela vindo ao chão. Quando uma panela de inox atingiu a cabeça de Adam, o rapaz não conseguiu mais manter os olhos abertos. E enquanto adormecia, sendo levado pela a enxurrada, duas coisas passaram por sua cabeça. 1) Ele não conseguira salvar Lena. 2) Caso viesse a morrer, queria que seus últimos pensamentos fossem sobre ela. Nas brigas. Na patinação. Na banheira. Nos olhos caramelados que o fitaram com raiva diversas vezes.
Adam ignorou a destruição do Pare & Compre. Das coisas caindo e janelas se estilhaçando. E apenas quando conseguiu concentrar os seus pensamentos em Lena, que ele cedera a escuridão — fechando os olhos para todo o sempre. Ou quase isto.
Deixando a água levá-lo para só Jesus-sabe-onde.
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