A Série Stay With Me: In Love (Livro 2)

Capítulo 32 - Descobrindo a verdade

Adam

Pelos cálculos e descrições, Adam deduziu que o corpo de bombeiros chegou pouco tempo depois que ele apagara (devido à pancada da panela inox). A Sra. Craig explicara que, segundo os socorristas no helicóptero, fora possível ver do céu uma enxurrada levando ele e Lena para longe. A enxurrada provocada pelos enormes aquários do Pare & Compre. Eles, de algum jeito, conseguiram passar ilesos por debaixo do galho que vetava a porta de entrada e saída do hipermercado.

Adam e Lena foram resgatados por uma rede presa ao helicóptero. Adam estava perto do poste em frente a marcenaria Jings & Jills. Já Lena, mais a baixo, na rua — de frente a cafeteria Grains and Breads.

Sentada no sofázinho azul, próximo a cama de Adam, Louise Craig desamarrotava o seu casaco de camurça —, enquanto contava ao filho os mínimos detalhes. Adam prestava atenção na mãe, como se fosse uma criança sendo posta para dormir (ouvindo alguma historinha de ninar).

O tornado destruiu bastante coisa enquanto esteve presente em Birmingham. Por sorte, a fazenda dos Craigs estava intacta. Eles poderiam se considerar sortudos. Adam não precisava perguntar para saber que a mãe já devia ter agradecido aos céus — como a boa devota que é. Ele por outro lado acreditava na sorte, não em Deus. Então, não tinha motivos para agradecer a algum ser, espírito ou entidade. Embora sentisse um estranho peso na consciência por tal atitude.

A Sra. Craig usara a palavra 'terrível'  para descrever a passagem que tivera no abrigo — de baixo da igreja metodista Espada & Cruz.

— Estávamos todos amontoados uns nos outros. Foi aterrorizante. — Revelou a Sra. Craig. Levantando do sofá de visitas, e indo em direção a cama do filho. — Foi pior ainda quando você não chegou. Pensei no pior. — Acrescentou ela, apertando a mão de Adam com sua mão magrinha e fria. — O que aconteceu?

O filho deu de ombros e explicou sua versão dos fatos, omitindo a gandaia com as prostitutas — na noite anterior ao tornado. Louise o beijou na bochecha e voltou para o sofá; se acomodando no móvel. 

Tirando da bolsa Marc Jacobs um kit básico de costura, ela continuou a tecer a toalhinha de rosto que começara há dois meses. A cada vez que a agulha manipulava as linhas, enlaçando os fios nos outros, ela fitava o filho — estudando-o. Vendo se estava bem. Analisando cada respirada do garoto estirado na cama. Ela se recusava a deixar o quarto. E depois de um breve silêncio, ela observou se o filho estava acordado ou voltara a dormir. Então prosseguiu com a conversa após ver que ele estava cem por cento acordado:

— O seu irmão está voltando de Michigan. Ele chega daqui a dois dias.

— Opa. — Disse Adam, fingindo felicidade. Se existia alguém pior que seu pai, esse alguém era o seu irmão mais velho. Daniel Wright Craig. — Que maravilha.

— Eu também estou muito feliz. — Concordou a matriarca, maravilhada. Não percebendo a ironia no tom de voz do filho caçula.

Mirando a grande janela, que ocupava toda a parede atrás do sofá, Adam percebeu o quão burro fora. Como ele não tinha sacado isso? Agora ele entendia o porquê do tornado. Era um presságio. Toda a vez que o irmão voltava para casa, algo de ruim acontecia. Só restava aguardar para ver o que seria desta vez.