Capítulo 72 - Irmãos guerra

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Lena

Sentados dentro da Ferrari, estacionada do lado de fora da casa de Lena, o casal tornado trocava carícias.

Lena estava no colo de Adam e beijos do garoto eram depositados em seu pescoço.

Embora tudo estivesse incrível, ela encerrou a sessão de namoro, relutantemente, e escorregou para o banco do carona. Ao lado de Adam.

— Precisamos conversar sobre hoje. Não acha? — Perguntou Lena, de volta às roupas de cinderela.

Após a entrevista, Abigail lavara e passara o vestido cor de rosa claro, além de secar as sapatilhas brancas. Fazendo com que Lena pudesse devolver o vestuário de Selena, e voltasse para a casa usando o seu próprio.

— Não acho. — Adam pegou a mão de Lena, para puxá-la. — Vem cá, vem!

Conseguindo desvencilhar-se dele, Lena cruzou os braços. Encarando-o.

— Eu não acho que você brigou com o seu irmão só porque ele me deu uma cantada. — Disse Lena, cuidadosamente. Atenta, e temorosa, ao pisar no campo minado chamado: família do namorado.

— Foi um dos motivos. — Respondeu Adam, de forma breve e direta. As mãos agora apertando o volante (embora o carro estivesse parado).

— E qual o motivo principal? — Prosseguiu Lena, preocupada. A voz transmitindo calma e genuíno interesse.

— Quer mesmo entrar nessa? — Indagou Adam, sério.

— É, claro. — Disse ela, animada. Exalando empatia e amor. — Eu me preocupo com você. — As mãos de Lena alisaram o braço esquerdo de Adam. Incentivando-o a falar. — Ah, qual é. Me conta! — Instigou ela, pacientemente. Ele parando de ficar sério e achando graça. — Adam, eu te salvei hoje na entrevista. Uma mão lava a outra. — Acrescentou ela, tentando fazer cócegas em Adam, que pegou as mãos dela e prendeu-as carinhosamente. Puxando-a para mais perto de si. Rindo da situação. — Me contaaa!

— É complicado.

— Não, não é. Você quem está tornando as coisas complicadas. — Protestou Lena, sem soar grosseira. Com um sorriso simpático no rosto. — Pode se abrir comigo. Sempre.

Adam encarou-a, inclinou-se sob o banco e beijou-a suavemente. Até distanciar-se dela, acomodar-se outra vez no banco do motorista, encarar um ponto à sua frente e começar a falar:

— Há uns dois anos, meu irmão fez uma festa escondida. Quando minha mãe viajou para Nova York, a negócios. — Disse ele, olhando para o lado, para frente, para todo o lugar menos para Lena. Sentindo-se incomodado não pela namorada, mas pelas lembranças. — A festa aconteceu no celeiro, na ala sul da fazenda. — Continuou ele, passando a mão direita nos cabelos. — Os equipamentos de som que ele arrumou estavam zoados. Eu até comentei com ele, tentei avisá-lo, mas não me deu ouvidos. Mais tarde, naquela noite, os equipamentos deram curto circuito. Provocando um incêndio. — Adam parecia estar com raiva do momento que recordava, pois uma veia saltava em sua testa. — Eu tinha voltado para casa quando não consegui fazê-lo desistir da festa. Eu estava dormindo quando tudo aconteceu..., quando o fogo consumiu parte da propriedade. Acordei com o cheiro de fumaça, liguei para os bombeiros, e em seguida fui tentar ajudar de alguma forma. Carregando as pessoas para fora do lugar. Pegando alguns baldes de água no poço, na ala norte da fazenda. — Falou ele. Agora Lena percebendo que, sim, ele estava com raiva. — O pior foi que o fogo se alastrou para a plantação sul, atrás do celeiro. Fazendo com que perdêssemos 6 mil hectares de milho. Hoje nem dá para perceber, não há mais vestígios do incêndio na ala sul, porque já conseguimos recuperar todo o espaço perdido para o fogo. — Explicou ele. — Eu tentei cessar o fogo e, na tentativa de ajudar, acabei inalando muita fumaça e apaguei. — Os olhos verde-esmeralda de Adam estavam atordoados. Assustando Lena. — O meu irmão fugiu, deixou que os bombeiros me encontrassem cheio de fuligem. E no final de tudo, minha mãe pensou que fora eu quem dera a festa. E até hoje ela pensa isto. Não importa o que eu diga. — A voz de Adam transparecia pesar, raiva e tristeza. — Até hoje Daniel não desmente a história. E até hoje eu sou o culpado por tudo.

Uau, pensou Lena. Ela se lembrava deste episódio. Todos em Birmingham comentaram a respeito. O evento fora tão catastrófico que isto só ajudara a alavancar a imagem de Adam como garoto mau. Ele até ganhara apelidos que carrega até hoje, como: problemático, leviano, irresponsável.

Lena agora descobria sobre os bastidores, e se enfurecia com tanta injustiça. Daniel sempre fora visto com bons olhos por todos. Enquanto, na verdade, ele quem era o bad-boy. A ovelha negra. O lobo em pele de cordeiro.

— Eu me lembro do incêndio. — Admitiu Lena. — As pessoas foram más com você naquela época.

— O problema não é esse. Dane-se as pessoas. O problema é o futuro. Ele vai herdar metade dos negócios da família. Ele não sabe cuidar de si mesmo, e não saberá tratar com honra as origens da família.

— Você precisa acreditar que ele vai mudar. E que vocês, juntos, vão administrar tudo numa boa.

— Ele nunca irá mudar, Lena. — E depois de minutos, Adam voltou a encará-la. Os olhos cabisbaixos. — Antes fosse só o celeiro. Mas ele me provoca, implica comigo sempre que pode... Não temos um relacionamento bom. Ele me lembra tanto...

— O seu pai?

— Tudo bem. Fui eu quem trai a minha ex-namorada. Mas as atitudes de mesquinhez, as mentiras, o sumiço... Não são do meu feitio. São de Daniel. Mas ainda assim, todos cismam em implicar comigo.

Lena envolveu o rosto de Adam com as mãos, e então disse:

— Eu te vejo do jeitinho que é.

— E isso é o suficiente para mim, pode apostar. Mas ainda assim...

— Você quer mais notoriedade.

— Isso.

Lena sorriu, a sua gentileza embalando Adam.

— Eu estou com medo, Lena. — Comentou ele, após alguns segundos olhando-a. Admirando-a. — Eu sei que pode parecer feio um garoto expressar tal sentimento vergonhoso, mas é a verdade. Estou com medo.

— Por quê?

— Toda vez que Daniel volta à cidade, ele apronta uma. — Disse Adam, compartilhando a preocupação. Soltando as mãos do volante e segurando-as de Lena. — Agora que tenho você, a melhor coisa que me aconteceu em tempos, tenho medo que ele estrague tudo. Que tente algo.

— Ele não tem o poder para isso. As únicas pessoas que podem estragar nosso relacionamento somos nós mesmos e ponto. — Falou Lena, apertando as mãos de Adam. Carinhosamente. Consolando-o. — E sobre você estar com medo, não é vergonha alguma. É compreensível e até um mérito. Mostra que é humano.

Os dois se encararam por um momento. Até prosseguirem com a conversa:

— Você não vai me perder. Apenas se quiser isto. É o que quer? — Perguntou ela.

— Não. — Respondeu ele. Firme e apaixonado.

Então Adam a puxou, fazendo com que Lena sentasse outra vez em seu colo, beijando-a profundamente. Desesperadamente. O fôlego se esvaindo.

Eles ficaram ali, sob a brisa do ar condicionado, por um bom tempo. Até que as luzes da casa de Lena ficassem piscando. Acendendo e desligando, repetidas vezes. Era a sua mãe. Desgostosa e infeliz. Pedindo a filha, em um sinal lúdico, que entrasse logo.

— A sua mãe não gosta de mim. — Comentou Adam, pondo fim ao beijo. A cabeça ainda próxima a de Lena.

— Não liga, não. Não é pessoal. — Disse ela, dando mais um selinho em Adam, antes que deslizasse para o banco do carona e abrisse a porta do carro. A fim de sair dele. — Ela também não gosta de mim. E olha que sou a filha dela.

A  Série Stay With Me: In Love (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora