Capítulo 85 - Disputada

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Lena

— O que está fazendo com ele, Lena? — Perguntou Adam, levantando do banquinho. O buquê de rosas ainda em mãos.

— Nada, só saímos para... — Disse Lena, iniciando a explicação.

— Mergulhar um pouco. — Interrompeu-a Daniel, entrando na conversa. Estufando o peito. Querendo marcar território e amedrontar o irmão mais novo.

— Mergulhar um pouco? — Indagou Adam a Lena, furioso. Uma veia saltando de sua testa.

— É, apenas isto. — Defendeu-se Lena. A pele cor de giz enrugada. Denunciando a tarde que tivera no rio.

— Apenas isto? — Perguntou Daniel a ela, magoado.

— O que mais seria? — Retrucou-o Lena.

— Não sei. — Disse Daniel, ironicamente. Uma pontada atingindo o seu coração. — Um encontro, talvez.

— Um encontro? — Perguntou Adam, descendo os degraus da varanda e aproximando-se do irmão e da amada.

— Não foi um encontro. — Respondeu Lena, fitando Adam carinhosamente. Tentando amenizar a situação.

— Não foi um encontro? — Questionou-a Daniel, querendo respostas. — Como assim? E as risadas? Os abraços na água...

— Abraços na água? — Perguntou Adam, encarando-a. Interrompendo o irmão.

— Não foram abraços. Quer dizer..., foram abraços. Mas não do tipo que está imaginando, Adam! — Defendeu-se Lena. A situação ficando cada vez pior.

— Eram abraços calorosos, sim. — Protestou Daniel. — Eles significaram algo para nós.

— O quê? — Esbravejou Adam.

— Daniel, pare de dizer essas coisas! — Pediu Lena, chorosa. — Não provoque o seu irmão.

— Você tentou me salvar. Se arriscou por mim. — Continuou Daniel. Tentando convencê-la de que tinham um lance mágico e romântico.

— Tentou salvá-lo? — Encarou-a Adam. Estupefato.

— Tentei. Pensei que ele estivesse se afogando. — Explicou Lena. — O que eu deveria fazer?

— Deixasse-o morrer! — Gritou Adam. Alguns vizinhos acendendo as luzes de suas casas, indo para a janela e assistindo toda a cena do triângulo amoroso.

— Adam! Que feio! Não podia deixá-lo morrer. — Repreendeu-o Lena. — E afinal, fora só uma pegadinha dele.

— Uma pegadinha? — Adam explodiu por completo. — Fingiu estar se afogando para tirar proveito dela? Da minha namorada? — Perguntou Adam, encarando o irmão. O buquê de rosas agora caindo de suas mãos.

— Quer dizer..., ex-namorada. — Provocou-o Daniel.

E mais uma vez, os irmãos guerra desceram para a porrada.

— MEU DEUS! PAREM COM ISTO JÁ! — Berrou Lena, vendo-os se atracarem em cima do gramado da velha propriedade. — PAREM! PAREM! POR FAVOR! PAREM!

— Eu vou chamar a polícia. — Falou o Sr. Bruksview. Um dos vizinhos, na janela.

— Não, Sr. Bruksview! Por favor! Não é necessário! — Implorou Lena. — PAREM JÁ VOCÊS DOIS COM ISTO! — Gritou, voltando a sua atenção aos dois irmãos de olhos verde-esmeralda e cabelos amarelados como o sol.

Adam acertava Daniel em cheio.

— Eu vou te matar, seu desgraçado. — Rosnou Daniel, conseguindo dar a volta por cima e espancando o irmão mais novo. Revidando os socos.

A mãe, muito menos o padrasto, saíram para ver o que estava acontecendo.

Naquele momento seria ela por ela mesma. Que novidade!

Lena imediatamente pegou a mangueira, que estava enrolada no cantinho da varanda, a plugou à torneira do quintal, e molhou-os com a água fria. Cessando a briga.

— Que droga! — Levantou Adam, resmungando. Todo ensopado.

— Na melhor parte da briga. — Esbravejou Daniel. Também todo ensopado.

— Vocês me obrigaram a isto. — Disse Lena, com a mangueira nas mãos. — Vão para a casa! — Pediu ela.

— Eu vou. E nunca mais volto aqui. — Protestou Adam. — Sabe o que vim fazer? — Perguntou ele a Lena. Daniel ao fundo, apenas ouvindo. Encostado na cerquinha que delimitava a propriedade. — Vim implorar pelo seu perdão. Me humilhar e dizer que recusei a proposta do The New York Times. Recusei porque prefiro a nós do que qualquer fama ou passagem para a faculdade.

— Adam... — Lena tentou falar algo, comovida.

— Não. — Impediu-a Adam. — Não precisa dizer nada. — Pediu ele. — Já vi que foi um erro ter vindo até aqui.

— Adam! — Chamou-o Lena. O ex-namorado indo para o carro, estacionado na esquina da rua. Escondido atrás de uma enorme árvore. — Adam! — Chamou-o outra vez, mas nada. Nenhuma resposta. Ele ignorava-a por completo. Como se ela não existisse.

— Estou aqui, Lena. — Falou Daniel. Perto do cercadinho da casa. — Você não precisa mais dele. — Disse ele, encarando-a com ternura e insegurança. — Você tem a mim.

— Daniel... Por favor, vá para a casa! — Lena se aproximou dele e o beijou na bochecha. — Obrigada por hoje. — Agradeceu ela. A mão acariciando o rosto do rapaz. — Mas não confunda as coisas.

Quando se encontrou sozinha, Lena pegou o buquê de rosas no chão e entrou para dentro de casa. Chorando. Triste. Inconsolável.

***

O restante da semana fora tranquilo. Sem Adam. Sem Daniel. E felizmente Lena havia completado o ensino médio. Passado com louvor. As melhores notas da turma.

Apesar de tudo, ela não deu as caras na formatura. Não fazia sentido ir. Não tinha amigos, e a sua família, quer dizer, a sua mãe, nem estaria lá para aplaudi-la. Era perda de tempo.

Faltavam dois meses pra se mudar para Cambridge. Faltava pouco para se livrar de todos de Birmingham. Para o sofrimento e o bullying chegar ao fim, de fato.

A faculdade seria diferente. Óbvio, teria inimigos também. Mas conheceria pessoas legais. Com os mesmos ideais e objetivos que os dela. Talvez até encontrasse um novo amor.

Tudo podia acontecer.

Mas no fundo, ela sentia falta dele. De Adam.

O seu primeiro e intenso amor.

Inesquecível.

Insubstituível. 

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