A Série Stay With Me: In Love (Livro 2)

Capítulo 53 - Você ainda me ama. Eu sei disto.

Adam

A viagem até West Toros High pareceu durar uma eternidade para Adam Craig. Ele dirigia a Ferrari da família, mas o carro nem parecia ser dele. Porque fora Selena quem escolhera a música que escutaram na rádio, determinara que as janelas permanecessem fechadas (para que o vento não estragasse os seus cachinhos dourados) e até ordenou para que diminuísse a velocidade quando entraram na rodovia principal.

— Muitas pessoas te atacaram na escola, dizendo o quão felizes estavam por ter sobrevivido. Então, suponho que eu ainda não tenha tido a chance de falar o quão feliz estou por você também... Cê sabe, né, benzinho? Em relação ao lance do tornado e tudo mais. — Disse Selena, chamando-o outra vez pelo o antigo apelido. Agindo como se tivessem reatado o namoro. — A sua mãe e eu ficamos preocupadas quando você não chegou a tempo ao abrigo.

Adam pôde ver pela expressão de Selena que ela não estava apenas sendo gentil e educada, mas genuinamente sincera.

— É, foi tenso. — Comentou Adam, friamente.

— Por que você não chegou a tempo? — Indagou Selena, mirando a janela. Observando as árvores passarem.

— Porque eu não cheguei. — Devolveu Adam, amargamente. As mãos manuseando o volante.

— Estava com outra? — Continuou ela, insistindo no interrogatório. Quando a Ferrari ultrapassou um Chevrolet Bolt.

— Onde você quer chegar com essa conversa, Selena? — Respondeu ele, secamente. A pergunta atrevida havia o pego de surpresa. Desde quando tinha de dar satisfações a ela? Não estavam mais juntos.

— Aonde você quer chegar com essa atitude? — Retrucou ela, apertando a mochila que repousava em seu colo, em cima da minissaia jeans.

— Atitude?

— Exatamente. Agindo rudemente com a minha mãe e eu, no jantar, ontem.

— Se me lembro bem, foram vocês duas que me atacaram com frases de duplo sentido.

— Se EU me lembro bem, foi você quem me traiu. Mereceu cada palavra irônica de ontem à noite. — Falou Selena, engolindo o choro. — Você merecia muito mais.

Adam mal conteve o desapontamento, enquanto olhava a estrada. Ele sabia que merecia coisa muito pior. Nenhuma mulher merecia ser traída em vida, ou em morte.

— Eu ainda amo você, Adam. E você ainda me ama. Eu sei disto. No fundo você me deseja. — Respondeu Selena, com a voz rouca, desamarrotando o cardigan cor de rosa. Os olhos azuis claros lacrimejando horrores.

Adam suspirou, inspirando e expirando paciência:

— Se por acaso agi de forma equivocada, e te dei, de alguma forma, esperanças... Peço-lhe desculpas, mas não tenho intenções de..., manter o que tivemos.

— Não precisa dizer mais nada. Ela está enfeitiçando você. Já entendi tudo.

O corpo de Adam enrijeceu-se. Do dedinho do pé até o último fio de cabelo loiro.

— Quem é ela? — Perguntou Adam, acelerando o carro. Nervoso. Curioso. Do que Selena estava falando?

— Oras, já me fez corna. Não me trate como idiota também.

Com a mão direita ainda ao volante, Adam passou a esquerda nos olhos, dispersando o sono e cansaço matinal. Aquela conversa era muito para lidar àquela hora da manhã.

— De quem você está falando?

— LENA GELLAR! — Berrou Selena. A voz dominando o interior do carro.

— O que?

Ao ouvir tal nome, Adam quase batera a Ferrari no carro de trás — dando uma brecada repentina. Como o nome de Lena foi parar na conversa?

— Você está maluc...

— Você não chegou a tempo ao abrigo porque passara a noite com ela. Por isso vocês estavam juntos no hipermercado Pare & Compre.

— Lena e eu?

— Já chega. Pare de me tratar como uma tola. Todos já estão comentando sobre a estranha e você... Juntos.

— Quem são todos?

— A escola inteira, idiota! — Informou Selena. — Me trocar por Margot DiLaurentis tudo bem. Mas por que Lena? É humilhação demais. Convenhamos que isto é de acabar com a autoestima de qualquer garota.

Adam ficou em choque. Estivera este tempo todo evitando Lena para distanciar murmurinhos e boatos sobre os dois. Mas obviamente de nada adiantara. Aparentemente, Lena e ele eram o assunto da vez. Mas como? Ele havia feito tudo certo, não?

— Mas... Eu... Lena...?

— O seu showzinho no campo de futebol acabou mostrando tudo para todos. — Explicou Selena. — É sério que humilhou o Henry Young só porque ele fez uma piadinha com a estranha..., na fila de ingressos do baile?

— O nome dela é Lena Gellar. E ela não é estranha.

— Não interessa, Adam. Pouco importa! E talvez ela tenha merecido todas as provocações de Henry.

— Ninguém merece ser tratado daquela forma.

— Você costumava tratar as pessoas desta mesma forma, ou não se lembra do verão passado quando perseguiu o pobre coitado do Eddie Chimas e o jogou na piscina?

— Este não é o ponto, e muito menos a questão. — Respondeu Adam, tentando esquecer suas perversidades praticadas contra os colegas de escola. — Lena só estava tentando comprar um ingresso para o baile e a afugentaram... Sem mais nem menos...

Selena riu. Comportando-se como uma típica garota malvada de Birmingham.

— Ela se acha inteligente demais para nós. Ela não merece estar no baile. E afinal, com quem Lena Gellar iria? Quem a chamaria?

— Eu. Eu convidaria Lena Gellar. — Respondeu Adam. Não acreditando no que havia acabado de dizer.

Selena pareceu se engasgar com a própria risada, abrindo a boca com o choque. E então, ela arregalou os olhos. Incrédula.

— E eu? Com quem EU vou?

— Com Henry Young, já que se preocupa tanto com ele.

— Mas Henry já é o par da Elisa Shermous.

— Não esquenta, benzinho. Fiquei sabendo que ele gosta de tratar duas ao mesmo tempo.

— Parece que todos os homens gostam disso, né, Adam? — Respondeu ela. E quando, finalmente, chegaram ao estacionamento da West Toros High, Selena abriu a porta, saltou do carro e correu pelo estacionamento (em direção à biblioteca).

Adam pensou em detê-la. Confortá-la. Chamá-la para conversar como duas pessoas civilizadas. Mas também queria muito a distância dela. O relacionamento dos dois nunca foi perfeito. Ela o manipulara quando bem entendia, e o controlou através de joguinhos. Isso não justifica a traição, mas Selena não era uma garota agradável. E ele começara a ver que talvez ela nunca fosse ser.